Artistas da Pré-História Brasileira – Parque Nacional da Serra da Capivara

A mais de 10.000 anos atrás nossos ancestrais, caçadores-coletores, habitaram selvas verdes da mata atlântica na região do nordeste brasileiro.

Certamente a fauna era abundante, e assim tinham tempo livre para representar o cotidiano em pinturas rupestres, encontradas em centenas de sítios na Serra da Capivara, ao sul do estado do Piauí.

Nas paredes das tocas, os painéis das pinturas retratam a evidência que ali viviam muitos animais, além das cenas do cotidiano, como a caça, o sexo, o nascimento, a dança e os rituais.

Os seres antropomórficos aparecem em cores e feitio diferente. Em algumas figuras vale a imaginação para tentar entender o que é ou o significado da cena.

As imagens são uma amostra do registro feito nas caminhadas dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara, nas tocas do Pajaú, do Barro, do Baixão da Vaca, das Eminhas e Veadinhos Azuis, do Deitado, da Gameleira, da Saída, do Paraguaio, do Caldeirão e Baixão das Andorinhas.

Esta é a primeira etapa de uma jornada na Serra da Capivara e Serra das Confusões. Em novos posts mostraremos muito mais das inscrições rupestres e também da mega fauna.

Paisagens do Semiárido – Parque Nacional da Serra da Capivara e das Confusões

Do Tupi, caatinga significa mata branca, ka’a + tinga, visto que a paisagem fica esbranquiçada pela vegetação no período de estiagem e seca extrema.

Todavia nos Parques Nacionais da Serra da Capivara e Serra das Confusões, mesmo na seca, as paisagens do semiárido são divinamente exuberantes e coloridas.

Ao percorrer o circuito Desfiladeiro da Capivara, na boca da Toca do Pajaú, a visão do céu azul em contraste com a terra seca, escondia a beleza que estava por vir.

Nos arredores da Toca do Caboclo da Serra Branca, de antemão pudemos constatar a boniteza dos xique-xique e bromélias abacaxi esparramadas pelo chão rochoso.

Durante o circuito Canoas, Toca do Caldeirão dos Canoas, até onde os olhos podiam espiar, fomos presenteados com uma vastidão de formações inusitadas.

Além disso os desfiladeiros areníticos esculpidos pelas chuvas e ventos realçam as rochas em tons amarelo-alaranjado e cinza-azulado.

No circuito Chapada, adentramos o Baixão das Andorinhas, Toca do Caldeirão do Rodrigues, Toca da Roça do Clóvis e Baixão das Mulheres.

No circuito Boqueirão da Pedra Furada e Sítio do Meio, visitamos os sítios arqueológicos mais importantes, local onde foi encontrado vestígios do homo sapiens e da mega fauna.

São amostras de fogueiras com datação carbono 14 entre 58 a 5 mil anos atrás, e por datação termoluminescência, na base rochosa, entre 100 a 14 mil anos atrás.

Na Toca do Sítio do Meio foi encontrado contas de um colar de grãos, fragmentos de cerâmica e uma machadinha de pedra polida, datados de cerca de 9 mil anos atrás.

Depois fomos caminhar na Serra das Confusões, local mais primitivo e natural, com sítios arqueológicos, grutas, mata e paredões rochosos.

Por Onde Andas? – Litoral Sul de São Paulo

Em terras recortadas por águas, chamado de Lagamar, na porção leste e sul da Ilha Comprida, ao centro e nordeste na Ilha de Cananéia e ao sul na Ilha do Cardoso, do litoral de São Paulo.

Um retorno ao passado…

Estudos indicam que a mais de 2.000 anos povos nativos já habitavam o litoral brasileiro. No início do século XVI, grupos indígenas viviam em aldeias próximas aos rios no litoral de São Paulo.

Cananéia foi importante na história da colonização pois era ponto limítrofe sul do Tratado de Tordesilhas e um dos ramais do caminho Peabiru. Se tornou entreposto comercial e ponto de ocupação estratégico na época. A moeda era escambo e ouro.

Estudos arqueológicos indicam que Peabiru foi um caminho com 3.000 km de extensão, saindo do Peru até Cananéia ou São Vicente. Passava pela Bolívia, Paraguai, Mato Grosso do Sul até litoral sul de São Paulo. Seus construtores podem ter sido os Incas ou nações indígenas Guarani ou Jê.

O nome Cananéia foi dado pelo explorador Américo Vespúcio quando aportou na ilha em 1.502.

A colonização em Cananéia teve início a partir de 1.531 com a expedição de Martins Afonso de Sousa, que também teve como missão combater os corsários franceses.

Cananéia foi construída em cima de assentamentos indígenas da etnia Tupiniquim. O local era ponto limítrofe com a etnia Carijó, que se estendia para o sul.

No início do século XX, com estradas muito precárias, o principal meio de transporte foi a navegação por cabotagem.

Local: Cananéia / SP

Parque Nacional da Serra da Capivara

O Parque Nacional da Serra da Capivara é uma unidade de conservação arqueológica e de proteção integral à natureza, localizado dentro do bioma Caatinga no sudeste do estado do Piauí.

Graças ao trabalho da arqueóloga Niéde Guidon, o parque foi criado em 1979 para proteger mais de 700 sítios arqueológicos catalogados, representando a maior concentração de sítios pré-históricos do continente americano.

Foi reconhecido pela UNESCO como “Patrimônio Cultural da Humanidade” em 1991.

Estas populações pré-históricas deixaram aproximadamente 30.000 figuras coloridas, a maior quantidade de pinturas rupestres do mundo.

Os vestígios arqueológicos, de pedra lascada e resquício de fogueira, foram datados pela técnica do carbono 14 e termoluminescência, indicando que a região da Serra da Capivara foi povoada a 100.000 anos atrás – local Boqueirão da Pedra Furada.

São evidencias que colocam a chegada do homo sapiens na América do Sul pela via do oceano Atlântico, a partir do litoral norte do Brasil até o interior, através dos grandes rios.

Um parque nacional ímpar, onde temos a oportunidade de aprender sobre como viviam os nossos ancestrais e a mega fauna pré-histórica.

Local: São Raimundo Nonato / PI

Toca do Conflito – Parque Nacional da Serra da Capivara

O Parque Nacional da Serra da Capivara preserva centenas de sítios arqueológicos onde foram encontrados vestígios dos habitantes da pré-história que povoaram a América do Sul.

Nos paredões rochosos foram catalogados milhares de pinturas e gravuras rupestres de cenas do cotidiano, rituais dos antigos habitantes e animais que viviam na região.

Na Serra Branca, por exemplo, foi encontrada uma pintura rupestre que retrata uma cena de conflito ou guerra, e assim denominada Toca do Conflito.

Caminhar em Terras Primitivas – Parque Nacional da Serra das Confusões

“ Quem procura aventura, encontra sacrifício. Ambos precisam da medida certa da coragem. ”

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Caminhar na Serra das Confusões

É antes de tudo trilhar por terras primitivas da pré-história brasileira. É esconder do sol impiedoso e buscar as nuvens que chegam trazendo chuva, alagando o solo mirrado onde os cactos florescem e arbustos espinhentos se tornam novamente verdes. E assim o Marmeleiro resistente a seca usa suas raízes para buscar água nos caldeirões. O Umbuzeiro, uma dádiva do sertão, têm fruto que alimenta, copa larga que carrega sombra e aconchego; E raiz que armazena água. Do outro lado a vida selvagem fervilha na caatinga. Do alto, o Carcará espreita os Andorinhões que aos milhares voam em tropa, dando rasantes, para ao entardecer, entrar na toca. Na terra, o Soin sobe nos arbustos e o Macaco-prego curioso como é, desce a copa da árvore para nos ver. Nos costões rochosos o Mocó posa para foto. Enquanto que a Cutia, o tatu Peba e o Veado catingueiro param tranquilamente para beber água no poção da chuva. E por onde andam as onças? Certamente vamos aguardar o anoitecer para tentar avistá-las.

Um Bode no Caminho – Parque Nacional Serra da Capivara

” É por isso que eu digo: faça sempre o seu melhor. “

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Tudo pronto para mais um desafio! Planejado nos detalhes com atividades dia-a-dia, check list de equipamentos revisado, contatos dos locais estabelecidos e negociados, atrativos naturais e culturais pesquisados, trilhas identificadas, duração e distancias confirmadas e equipe pronta.

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Então surge o inesperado…. Um bode atravessa nosso caminho. Diante do contratempo e somente danos materiais, foi preciso ir além para superar os erros e os medos.

A força superior se manifesta. As possíveis soluções estão tão próximas de nós quando mantido a calma, a confiança e a fé.

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” Ter a certeza que vai dar certo, manter a alegria e amor no coração, nos momentos difíceis, para garantir ‘a prova dos noves’ na matemática da vida. “

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O que vem do alto ajuda, mas nossa cooperação é essencial. Como temos o livre-arbítrio, a escolha é nossa. É necessário vontade, persistência e paciência.

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No final nos superamos para conhecer os Parques Nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões no semiárido da caatinga, interior do estado do Piauí.

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A vida é assim, os bodes estão soltos por aí.

Novos relatos em breve!

Quando Eu Cheguei Lá

” Quando eu cheguei lá era tudo floresta. A caatinga veio depois. Você tinha caatinga arbórea no planalto. Na planície era tudo floresta pau d´arco e aroeira. O rio Piauí corria, a cidade de São Raimundo tinha uns dez lagos cheios de garça e pássaros. Eu tenho foto de tudo isso… Na Serra da Capivara só tinha um pequeno povoado com cerca de cento e poucas famílias. Eles iam lá fazer roça, não moravam ali. Na Serra das Confusões não tinha ninguém. Era completamente vazio, era tudo mata atlântica. “

Arqueóloga Niède Guidon

Artigo ‘Muito além da pesquisa com Niède Guidon e Anne-Marie’ – Associação O Eco