No planalto do Monte Roraima a sensação é que estávamos em outro mundo. Protegido por falésias de cerca de mil metros de altura num ambiente totalmente diferente das savanas e da floresta tropical que está aos seus pés, o tepui reservara momentos singulares.
Os dias e noites pareciam mais longos. As intempéries ditavam os ciclos de calor, frio, sol, chuva, vento e neblina. Uma paisagem rochosa e escura que aos olhos atentos anunciava o endemismo, principalmente entre repteis, anfíbios e plantas insetívoras.
Apesar do cansaço das caminhadas, o silêncio da noite de lua cheia me fez arriscar fotos noturnas e mergulhar os pensamentos no valor da gratidão e da compaixão. Assim, o mantra da compaixão entoava na mente… Om Mani Padme Hum.
Seis sílabas que ao longo da caminhada ao Vale dos Cristais anunciara os muitos significados da joia do Lótus. Tudo isso envolto numa manhã nublada que se transformou numa longa tarde chuvosa.
Os cristais brancos afloravam do leito rochoso lavado pelas chuvas. Dentro do desfiladeiro a formação indicava significativos depósitos de quartzo. Infelizmente algumas porções quebradas mostravam sinais de depredação.
O significado do mantra se desenhara em cada canto, em cada elemento daquele caminho. Um sentimento de pertencer à mãe-terra que alimenta a alma e a vida. Da mesma forma como a flor de Lótus que aflora da lama sem estar imundo, o nosso interior pode florescer para o sentimento do bem comum, na aceitação das diferenças e mais tolerante.
O cristal é natureza superior, equilíbrio, energia natural para harmonização do corpo e da mente. Como um presente, a invocação ao mantra se revelou como uma joia no caminho dos cristais.