Logo no primeiro aclive, um mar imenso, azul e misterioso. Atentei a batida das ondas na encosta. Sim, na travessia do canal, água calma como uma lagoa e na costeira sul-leste da ilha, impera grandes ondas, fortes correntes marítimas e muitos naufrágios.
Do Borrifos, a caminhada em estradinha de terra se transforma em trilha de pedras e terra batida, alternando planos e desníveis, longe da encosta, agraciado pela sombra da mata e refrescante água doce nas cachoeiras da Lage, Areado e Saquinho.
Após algumas horas, a trilha sai da mata, se acolhe próximo a encosta no estonteante mirante do Bonete. Ali bem escondida, a comunidade caiçara do Bonete vive tranquilamente, onde se proseia com os caiçaras as histórias, lendas e mistérios da ilha.
No segundo dia, após bom descanso e café da manhã reforçado, seguimos na travessia subindo o mirante da Barra para nos despedirmos do Bonete. Olhando para o lado sul da ilha, uma extraordinária vista da Ponta do Boi.
De volta a trilha, em pouco tempo alcançamos a praia das Enchovas. Admirável praia, deserta, por toda extensão literalmente revestida em pedras, até tocar o mar no canto oposto, onde as pedras se agigantam em belas formações para mar adentro.
Atravessamos um refrescante riacho para seguir, na margem oposta, a trilha em direção à praia de Indaiauba. Outra pausa, deste ponto a travessia se afasta da costa, segue picada na mata, atravessa charcos, entre aclives e declives dentro do jângal atlântico.
Após horas de travessia, pausa rápida na praia Vermelha e seguimos para praia Mansa e depois até o destino final, a praia de Castelhanos. Era tarde de sábado e rolava aquele futebol na areia da praia. Ficamos por ali mesmo apreciando aquele entardecer.
No dia seguinte exploramos a enseada de Castelhanos, do mirante do Coração ao mirante, cachoeira e praia do Gato. Inclusive na praia do Gato, debaixo das pedras, pudemos temer as águas agitadas e perigosas das marés e ondas fortes.
No último dia, subimos a estradinha de terra em direção a balsa para voltar ao continente. Nos despedimos da comunidade caiçara de Castelhanos. Naquela manhã o mar estava bem calmo e a praia deserta, encoberta por um misterioso nevoeiro.
Em cada acampamento, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo produzido foi trazido conosco e descartado em local apropriado.