Caminhar é Preciso

Caminhar é uma das atividades mais simples e acessíveis para a saúde física e mental. O simples ato de se movimentar, acelera o ritmo cardíaco, aumenta o fluxo sanguíneo e fortalece o coração, prevenindo doenças cardiovasculares entre outras.

Seja no quarteirão, numa praça, parques públicos, ou ainda, em trilhas na natureza. No caso de caminhar na natureza, para sua segurança, é preciso algum conhecimento, preparação e apoio de profissionais do turismo ecológico ou de aventura.  

Segundo pesquisas recentes, para os benefícios a saúde é indicado uma caminhada diária de no mínimo 3.000 metros, que é em torno de 4.000 passos. Embora, quanto mais se anda maiores serão os benefícios para a saúde e bem-estar.

Incluir exercícios físicos no estilo de vida, pode ser fácil para alguns, mas em geral é um desafio para muitos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a atividade física insuficiente é a 4ª causa de morte mais frequente no mundo.

Com a prática regular, os benefícios físicos e mentais são inúmeros, como manter um peso saudável, controle do metabolismo, tonificação dos músculos, fortalecimento dos ossos, melhora do humor, redução do estresse e da ansiedade.

Além disso, se o caminhar for ao ar livre em meio à natureza, é um excelente relaxante e revigorante para a mente, dissolvendo os pensamentos que corroem os ânimos e a vontade de viver.  

É uma escolha inteligente para manutenção da saúde, bem-estar e uma jornada em direção ao autoconhecimento. Por isso que eu sempre digo que caminhar é preciso.

“A cada passo na natureza, encontramos o equilíbrio para nossa saúde física e a serenidade para nossa saúde mental.”

Serra do Ibitiraquire

Na língua tupi significa Serra Verde. Localizada entre Antonina e Campina Grande do Sul, no Paraná. Esta região concentra dezenas de montanhas, as mais altas da região sul do Brasil, em um dos berços do montanhismo brasileiro.

O acampamento selvagem é necessário, no entanto a recompensa a cada pernoite é um nascer e pôr do sol espetacular. Em cada cume, a perspectiva que se tem é de uma visão singular das montanhas adjacentes.

As lindas paisagens da mata atlântica ao longo de cada jornada são reforçadas com um visual 360º da serra do mar e do litoral paranaense, com destaque ao anoitecer para o realce das luzes noturnas de Antonina e Paranaguá.

Simplesmente de perder o folego ao caminhar na crista das montanhas e vales profundos, em desníveis acentuados, terrenos de pedra, raízes e barro, trilhas abertas e outras mais fechadas, e trechos expostos com vias ferrata e cordas. 

O clima é outro fator determinante para o sucesso do empreendimento, devendo ser analisado previamente. É fundamental um bom planejamento e logística, sem falar do preparo físico, seja com mochila cargueira ou de ataque.

Apresentaremos em novos posts as trilhas até o cume dos picos Caratuva, Itapiroca e Paraná.

Travessia em Montanha

” A travessia de uma montanha revela tanto a força dos nossos passos quanto a grandeza dos nossos sonhos. “

A travessia em montanha é uma jornada desafiadora e inspiradora que pode nos levar ao limite físico e mental. É uma experiência que nos permite conectar com a natureza de uma forma profunda e nos desafia a superar obstáculos e medos.

Quando começamos a trilhar o caminho, somos recebidos pela imponência das montanhas que se elevam diante de nós. A grandiosidade da paisagem nos lembra de nossa pequenez diante da natureza e desperta um sentimento de humildade. A cada passo, sentimos a energia da montanha nos impulsionando para seguir em frente.

A travessia em montanha exige preparo físico e resistência. É necessário enfrentar trilhas íngremes, terreno acidentado e condições climáticas adversas. Mas é exatamente nesses desafios que encontramos força e determinação. Cada subida e descida nos ensina a persistir, a encontrar equilíbrio mesmo nas situações mais difíceis.

Além dos desafios físicos, a travessia em montanha também nos proporciona momentos de introspecção e autoconhecimento. Durante as horas de caminhada, temos a oportunidade de refletir sobre nossas vidas, nossas escolhas e objetivos. A montanha nos convida a deixar para trás o cotidiano e encontrar clareza em meio à natureza.

A medida que alcançamos o topo da montanha, somos recompensados com uma vista panorâmica de tirar o fôlego. A sensação de conquista e admiração diante da beleza natural ao nosso redor é indescritível. No momento em que atingimos o pico, contemplando o horizonte, sentimos nosso coração em conexão com o mundo.

A travessia em montanha também nos ensina sobre trabalho em equipe e solidariedade. Muitas vezes, realizamos a jornada com amigos de aventura, compartilhando momentos de alegria, dificuldade e superação. Nos momentos em que enfrentamos obstáculos maiores, encontramos apoio uns nos outros, fortalecendo a confiança mútua.

No final da travessia, quando voltamos para casa, carregamos conosco as lembranças, aprendizados e transformações que ocorreram durante essa jornada. A experiência de atravessar uma montanha nos torna mais resilientes e gratos. Aprendemos que podemos superar desafios, nos reconectar com a natureza e descobrir nossa força interior.

A travessia em montanha é uma metáfora poderosa para a vida. Ela nos lembra que, embora o caminho possa ser difícil e repleto de obstáculos, se mantivermos a determinação e a vontade de avançar, seremos capazes de alcançar grandes alturas e descobrir um mundo de possibilidades além dos limites que impomos a nós mesmos.

Travessia Marins Itaguaré – Serra da Mantiqueira

A Travessia Marins Itaguaré é uma das clássicas caminhadas do montanhismo brasileiro. Este trekking percorre uma parte da Serra da Mantiqueira, entre São Paulo e Minas Gerais, tendo como pontos culminantes o Pico dos Marins (2.420 m), Pico Marinzinho (2.432 m), Pedra Redonda (2.304 m) e Pico do Itaguaré (2.308 m). Uma travessia de 20 km em 3 dias, considerando ataque aos picos do Marins e Itaguaré.

É uma travessia técnica, em terreno rochoso, muita subidas e descidas, com mochila cargueira, água extra devido à restrição de pontos de captação de água, acampamento selvagem, possibilidade de neblina dificultando a navegação. Trekking com trecho de trilhas pouco visíveis, escalaminhada, passagem de buraco e uso de corda. Estar fisicamente bem preparado e contratar guia ou agência especializada são essenciais.

Na linha de cume desta travessia, é fantástico a vista dos vales e picos.

Da estrada já avistamos o contorno da serra, com o Marins a esquerda e o Itaguaré do outro lado. Subindo pelo bairro dos Marins, vemos os detalhes das montanhas escarpadas.

No alto dos Marins, temos um cenário amplo da travessia, com visão do Marinzinho, Pedra Redonda, Itaguaré e Serra Fina / Pedra da Mina.

No Pico Marinzinho, olhando para trás, a esquerda vemos o Marins, e olhando a frente, a continuação da travessia, com a Pedra Redonda começando aparecer em destaque.

Na lomba da Pedra Redonda, antes de descer para o acampamento, o Itaguaré foi iluminado pelo entardecer enquanto que o Vale do Paraíba ficou as margens da sombra da Mantiqueira.

No Pico do Itaguaré, entre nuvens passageiras, aguardando o pôr do sol, vimos o que ficou para trás, o Marins a esquerda, no centro a Pedra Redonda e a direita o Marinzinho.

Depois aguardamos a chegada de mais um espetacular pôr do sol.

Uma aventura em perfeito respeito a montanha. Este desafio exige bom planejamento e logística. Sugiro estar com bom preparo físico, formar um grupo pequeno, com espírito de equipe e focado no objetivo de cada dia. Não recomendo esta travessia se for o primeiro trekking ou o primeiro contato com a montanha.

Turbine seus Sentidos

” Na natureza, somos mais vistos pelos bichos do que na realidade conseguimos vê-los.”

Os seres humanos dispõem de cinco sentidos (audição, olfato, paladar, tato, visão) e um sexto sentido chamado intuição. Quanto aos animais, nem todos têm igualmente apurado e desenvolvido estes sentidos, estando adaptados às necessidades que enfrentam no meio onde vivem. Por outro lado, alguns desenvolveram super sentidos.

Por exemplo, ao menor barulho na mata, um bando de Saguis-de-tufo-preto veio nos ver. Chegaram rápido saltando de galho em galho e pelos troncos. Mataram a curiosidade e foram embora. A boa surpresa foi avistar um adulto com seu filhote nas costas.

Neste caso, a corujinha-buraqueira chamou atenção pelos grandes olhos amarelos, prontos para enxergar em condições de baixa luminosidade e cem vezes mais que o ser humano. Além de uma ótima audição para localizar a presa apenas com este sentido.

” Pior que não avistar uma onça camuflada na mata, é não perceber a presença de uma serpente antes dela sentir a sua.”

Nesta situação, ela estava bem camuflada no caminho. A vimos ao mesmo tempo que ouvimos o som do seu chocalho. Era uma cascavel que agitou sua cauda com guizo, que é um aviso sonoro aos predadores, advertindo que estava pronta para se defender ou atacar.

Portanto, não importa em qual meio ambiente você esteja, turbine seus sentidos na potência máxima, porque os macaquinhos peraltas, as corujas bisbilhoteiras e as cobras peçonhentas estão soltas por aí.

Trilha Molhada – Serra dos Poncianos

Ela brota nas rochas como um filete de água cristalina. Desce a mata, e logo encontra a primeira queda, uns três metros de altura, uma ducha perfeita. Conhecida como cachoeira Imponente.

Ao redor, a selva densa se projeta em grandes e altas árvores. Em uma delas, é possível atravessar por dentro do tronco. Com sorte, avista-se os muriquis se dependurando por entre as árvores.

Mas chegar na origem, na nascente, não é fácil. É preciso superar os desníveis, as pedras, as águas e o jângal. A vantagem é poder voltar, com todo cuidado, se refrescando em alguns poços.

Praticamente uma trilha molhada. O desnível é menor em alguns trechos, mas a descida é constante e cansativa. Quando chegamos na cachoeira das Couves (foto acima), ela se projeta quinze metros abaixo.

Logo alcançamos uma cascata (foto acima) que não sei se tem nome. Em seguida, voltamos na trilha pela margem esquerda do rio. A partir deste trecho, do lado direito, aflora um imenso maciço rochoso.

Ao chegar na ponte de madeira, atravessamos novamente para o outro lado. Agora o rochoso está a esquerda. Nesse trecho saímos da mata passando por uma propriedade particular, o qual recebemos autorização de acesso.

Este pequeno rio é o Santo Antônio, que incansavelmente continua descendo a serra, até passar próximo a sede da APA São Francisco Xavier, para depois se encontrar com o rio do Peixe.

É uma trilha molhada, bate-volta, de meio dia de caminhada até a cachoeira das Couves. Se for até a cachoeira Imponente e nascente, será necessário o dia todo.

Além do Horizonte – Farol da Juatinga

Numa tarde nublada de mar virado, chegamos na comunidade e farol Ponta da Juatinga. Montamos acampamento. Preparamos café da tarde, e depois o rancho, antes da chuva noturna.

Passamos uma noite sem ventania. Amanheceu ensolarado e praticamente sem nuvens.

Examinamos a costa escarpada na tentativa de observar algum trecho da travessia sentido Cairuçu – Laranjeiras. De volta ao farol, constatamos um oceano imenso, com o sol nascendo bem ali no horizonte.

Com acampamento desmontado, descemos na comunidade para esperar o resgate, o Rei Davi. Tivemos tempo para prosear com os meninos no cais e pescadores que estavam preparando a rede de pesca.

Uma bela manhã de domingo. Diferente do dia anterior, o mar estava novamente uma calmaria, parecia uma grande lagoa durante o trajeto até Parati Mirim.

P.S.: ver post 1 e post 2.

Além do Horizonte – Pico do Miranda

Vejo na mata fechada uma terra elevada. Assim, pela manhã seguimos a trilha em subida constante. Na vertente ascendente as árvores se agigantaram.

Após muita subida, alcançamos uma grande pedra. Na trilha a esquerda subimos uma rampa mais íngreme, chegando numa crista rochosa, o Pico do Miranda.

Observe que a praia Pouso da Cajaíba está escondida na reentrância. Subindo o rochoso mais a frente, a direita descortinamos a belíssima Enseada da Cajaíba.

Ao olhar para trás, aparentemente distante, bem ao fundo, quase não notado, a península da Ponta da Juatinga, nosso próximo destino.

Completando este giro panorâmico, do lado esquerdo avistamos a praia Martim de Sá, de onde partimos pela manhã.  

Após uma hora no pico, descemos sem parada até a praia, desmontamos acampamento e partimos para a comunidade e farol Ponta da Juatinga

P.S.: ver post 1 e continua no post 3.

Além do Horizonte – Martim de Sá

Vejo terras além do horizonte, mas é preciso se aventurar em mar aberto. Então, embarcamos no Rei Davi para chegar em terras distantes.

Entre nuvens e céu azul, o Saco do Mamanguá ficou para trás, e fomos além. Logo chegamos em águas tranquilas. Estava uma calmaria naquele canto da enseada.

Aportamos no Pouso da Cajaíba. Ao som de um blues mental, tomei café sem pressa. Ajustamos os equipamentos para então iniciar a subida do morro.

No meio do morro, um mirante. Paramos para contemplar aquela imensidão azul, envolto numa densa mata verde. 

Ao som de “The Thrill is Gone”, toquei na areia do outro lado. Admirei o mesmo mar, mas estava diferente. A emoção não se foi, haha, apenas sorri.

Novamente me senti em casa ao retornar no camping do Maneco.

Montamos abrigo e fomos explorar o riacho da Boca da Cachoeira que desagua no canto escondido da praia Martim de Sá.

P.S.: continua no post 2.

Terra Escondida

Me aventurei numa terra escondida, desconhecida, ainda sem nome. A primeira vez que a vi, examinei com atenção. Além de um rochoso, as pedras na encosta da montanha confirmaram os mirantes naturais.

A mesma terra escondida que quando criança imaginava uma grande parede, contínua, sombreada e distante. Logo depois fui aprender que era uma grande cadeia montanhosa, chamada de Mantiqueira.

Significa “serra que chora”, nome dado pelos indígenas, graças as nascentes que descem pelas encostas da serra organizando riachos e afluente rios, até formar o rio Paraíba do Sul no Vale do Paraíba.

Nesta parte de terra escondida da serra, não a vi chorar. Seus minadouros estão bem abaixo na vastidão da sua extensão. Pousei ao lado de um rochoso, enviesado para o sul de minas, abrigado da ventania que vem do vale.

Em terra escondida não se engane, mesmo os mais experientes desbravadores, são fustigados pelo jângal, que arrebata sua energia e pensamentos. Limpa sua mente de tal forma que até fica desorientado.