Após pedalar por toda a orla, fomos em direção ao mercado. Acabei parando na praça para descansar e avistei uma ponte com seus transeuntes freneticamente indo de um lado para o outro. O engraçado que todo mundo passava com sua bicicleta. Ninguém a pé. Estranho mundo de uma ponte e seus bikers. No meu ouvido o rock & roll rolava solto. Na minha visão os ciclistas pareciam partituras. Eles lembravam notas de um riff que se repetia naquela agitada ponte. Entre idas e vindas, os ciclistas surgiam como acordes musicais. Algumas vezes pareciam improvisados. Em outros ecoavam com vigor até o clímax da música. Naquele instante pareciam iguais as notas musicais.
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Selva D’água – Serra do Mar
Dias tórridos de calor com temperaturas acima dos trinta graus célsius e umidade cem por cento dentro da selva. A serra do mar encravada numa cordilheira de montanhas, do litoral ao planalto do vale do Paraíba, até os melhores e bem preparados caminhantes serão exauridos pelo desgaste fulminante dentro da selva da serra do mar. Com a roupa molhada de suor, entre um riacho e outro, o único meio para se refrescar era cair dentro d’água e buscar proteção do sol escaldante.
Entre uma clareira e outra a respiração ecoava nas arvores. Na mata densa, na busca pelo canto das aves, o silencio do meio dia era incomodador. Na picada da trilha o vento se escondia no mato. O suor escorria aos olhos. A cada parada, o resgate por um novo folego. A hidratação e respiração era fundamental para se manter a sanidade. Ao ver os amigos, cada um sabia das dificuldades e não podíamos parar por muito tempo. O jeito era continuar a passos lentos, com cuidado, a cada trecho, escorregadio no barro e difícil nas pedras com os troncos e raízes testando nossa atenção.
Na caminhada sem fim, a mata parecia sempre igual, não fazia diferença, o verde mais verde, a cada curva, aclive ou declive, tudo igual. Da selva minava água de todos os cantos, uma verdadeira selva d’água. Belíssimas quedas d’águas se anunciavam para nossa breve alegria. Em respeito a mãe terra, baixamos a cabeça, levantamos o espirito em oração; E caminhamos a passos firme.
O Paraíso é Aqui – Ubatuba
No litoral de Ubatuba são mais de uma centena de praias, e com toda certeza, dezenas delas são espetaculares. Uma delas é a praia do Félix.
A praia do Félix está 17 km ao norte do centro de Ubatuba. A orla da praia é abrigada por muitas arvores chapéu de sol que oferece um sombreado refrescante. As águas são límpidas e a mata é exuberante. Um paraíso da mãe natureza onde a contemplação acontece espontaneamente, mas tem atrativos para todos os gostos.
O mar do lado esquerdo da praia é bom para surf e bodyboard, enquanto que o lado direito tem águas tranquilas, forma uma piscina natural, bom para remar de stand up paddle e mergulho livre. Para aqueles que gostam de caminhada, o lado esquerdo reserva a trilha para a praia das Conchas. O lado direito, pela encosta rochosa, tem o caminho até a praia do Português.
A praia do Lúcio é mais conhecida como praia das Conchas. A trilha começa no final da praia do Félix, lado esquerdo, e termina numa pequena praia de areia coberta por conchas, a esquerda do costão rochoso. Avista-se a praia e ilha Prumirim, e praias do Canto Itaipu, Português e Félix.
A praia do Português é também conhecida como praia Esquecida. Pela costeira do lado direito da praia do Félix, caminha-se sobre as rochas até a praia de águas cristalinas e cercada pela natureza.
É ou não é um paraíso este pedacinho da costa norte de Ubatuba?
Roteiro: Ubatuba / SP
Pernoite no Cedro – Ubatuba
Como caminhar é preciso, também é preciso calibrar a dose do perrengue entre uma trilha e outra.
Desta vez seria uma daquelas trilhas onde as grandes dificuldades foram trocadas pelo prazer de deitar numa rede e ver o tempo passar.
Sabe aquela vadiagem sadia de lazer para descansar o corpo e a mente. É isso mesmo, ter aquele tempo livre para não fazer absolutamente nada.
O nada como estado de inércia física ou intelectual. Não fazer nada, não pensar em nada. Para quem trabalha muito é um excelente relaxante.
É claro que numa caminhada com pernoite, por mais fácil que seja, tem lá suas diversas atividades, como montar acampamento… E quando o local é selvagem, o trabalho aumenta.
Como para nós tudo isso é pura diversão, partimos da praia da Lagoinha e fizemos acampamento selvagem na praia do Cedro, litoral de Ubatuba.
Com direito a montagem de barraca, rede, fogueira, boa comida e bebida, banho de mar e mergulho apneia. Então esse ócio não foi tanto assim.
O entardecer foi um espetáculo à parte.
Ao retornar, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo que produzimos no acampamento foi trazido conosco para descarte em local apropriado.
Pernoite no Corcovado – Ubatuba
Paramos o carro próximo a um campo de futebol para iniciar a nossa jornada. O GPS marcava cota 15 metros e avistamos o nosso desafio que estava a 1.180 metros de altitude, o Pico do Corcovado em Ubatuba.
Após o campo de futebol seguimos a direita onde atravessamos um regato e na segunda bifurcação à esquerda entramos na mata. Atravessamos dois rios e continuamos na trilha a esquerda. Deste ponto adiante muito transpiração e diversão durante a subida íngreme.
Em uma hora de caminhada chegamos à cachoeirinha, local onde captamos água e ganhamos fôlego. Logo seguimos até o mirante na pedra da Igrejinha, espaço onde temos à primeira vista do litoral e da praia Brava, e também se avista o Corcovado.
De volta à trilha, o angulo da subida aumenta em um terreno repleto de raízes. Com a mochila cargueira nas costas a subida era a passos lentos até atingirmos uma clareira onde encontramos acesso a mais uma queda d’água.
Seguimos subindo e alcançamos mais uma clareira, mas desta vez na crista da serra. A cada passo ganhamos visões do interior da serra e do litoral norte. Neste lugar o caminho percorre uma vegetação com muitas bromélias.
No finalzinho, sobe-se um íngreme barranco usando a vegetação lateral como agarras. Então a crista se prolonga ao lado de um despenhadeiro. Do lado direito está a ponta do Corcovado e a esquerda encontramos o cume e um local protegido do vento para acampamento.
A natureza singular reservou um dia quente onde o sol poente trouxe uma grande sombra do pico aos pés da serra do mar. O calor se esvaiu. Para nossa surpresa a lua cheia acentuou o contorno da serra e ampliou as luzes vindas da cidade de Ubatuba.
Durante a madrugada fria o vento chegou forte e antes do amanhecer saltei para fora da barraca. Mais um esplêndido nascer do sol! Grato por mais um final de semana junto a uma natureza espetacular e aos amigos de fibra.
Ao retornar, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo que produzimos no acampamento foi trazido conosco para descarte em local apropriado.
“Subi o ponto mais alto possível e olhei pro oriente. Raios de luz despontaram atrás das montanhas. O vento ainda doía à pele. Como numa pintura o quadro se encheu de luz vermelho alaranjado que inundou o amanhecer de mais um dia.”
Cachoeira da Água Branca – Ubatuba
Descemos a Rio-Santos em direção à praia da Maranduba, região sul de Ubatuba. Adentrando o Sertão da Quina avistamos, no alto da serra, uma queda de águas brancas, imponente. Nosso destino, Cachoeira da Água Branca.
O rio Maranduba se avoluma captando água de seus afluentes que se soma a centenas de regatos e ribeirões que descem a serra. A trilha começa as margens da cachoeira da Renata e ao longo da caminhada cruza várias vezes o rio Água Branca.
Quanto mais interior, mais bela e selvagem a mata se torna. Em terreno de Mata Atlântica, ao caminhar na crista de um morro se notou o som claro e transparente de dois regatos, um de cada lado, descendo a encosta.
No caminho tivemos a oportunidade de presenciar a força da cachoeira da Queda Brava. Momento de descanso para depois seguir no trecho mais íngreme aonde se chega à base da cachoeira da Água Branca.
Praticamente aos pés da serra e totalmente envolvida pela mata, a cachoeira despenca 300 metros de queda. Para ter uma visão diferenciada, seguimos atravessando o rio e subimos por uma encosta íngreme até chegar ao mirante.
Defronte da imensa queda o vento batia com toda força. O mirante mostrava uma área reduzida que não permitia grandes movimentações. O jeito foi procurar uma parada segura, sentar no chão e apreciar encantado e calmamente aquele momento.
Estupendo!
Trilha do Saco das Bananas – Ubatuba
O município de Ubatuba nos presenteia com lindas paisagens, praias e cachoeiras. Além, é lógico, da riquíssima fauna e flora em uma das regiões de Mata Atlântica mais preservada do litoral norte.
Ao sul de Ubatuba, a praia da Caçandoca esconde um lugar tranquilo onde, no passado, foi uma antiga fazenda agropecuária. Na vizinhança encontramos uma pequena praia procurada por mergulhadores e pescadores, a praia da Caçandoquinha.
No início da trilha se avista a orla das praias da Maranduba, Lagoinha, Bonete e Bonete Grande, além das ilhas da Maranduba e do Pontal, e Mar Virado. Ao fundo, no alto da serra do mar, o pico do Corcovado. Um santuário quase selvagem!
O caminhante deverá superar morros, praias, matas, sem contar o calor e alta umidade. A parada na praia do Saco das Bananas é providencial para um merecido descanso e aquele refrescante banho de mar.
Do alto do morro avistamos a praia Brava do Frade. Um local onde a Mata Atlântica invade a orla estreita e isolada por ondas perfeitas. Ótima para a prática do surf, mas pouco procurada devido ao acesso somente através de trilhas ou barco.
No final da trilha a última parada na praia da Lagoa. Esconde ruínas, de um antigo esconderijo dos traficantes de escravos, que ainda resistem ao tempo. Em seu canto esquerdo, existe uma lagoa de águas calmas que por vezes se junta ao mar agitado. Um local especial!
Para os mais resistentes a caminhada continua por uma estradinha de terra que acessa a praia da Ponta Aguda e da Figueira, ambas possuem uma linda vista da ilha do Tamanduá e Ilhabela.
O entardecer na praia da Tabatinga finaliza um longo dia de aventura em total contato com a natureza.
Local: Ubatuba / SP
Novos Olhos
Trilha das Sete Fontes – Ubatuba
Um lugar especial para se caminhar sem pressa, apreciando a mata e o mar…
Esta trilha revela um tesouro natural da Mata Atlântica em água transparente de um oceano calmo de cor verde azulada. Ponto de encontro para os que sabem apreciar a natureza!
Para desfrutar de perto este paraíso, a caminhada tem início no Saco da Ribeira, em direção à praia da Ribeira. Do píer do Saco da Ribeira saem as embarcações para o Parque Estadual da Ilha Anchieta.
Na praia do Flamengo vale a pena uma parada para banho de mar. Local de praia tranquila que propicia um bom mergulho livre.
De volta à trilha, a subida do morro esconde um paraíso perdido entre muitas estórias do nome do lugar. Segundo contam os antigos caiçaras, há muito tempo atrás à beira mar, havia apenas uma fonte, porém ao longo do ano ela se dividia e aparecia em sete lugares diferentes na praia. Hoje em dia não há vestígios das sete fontes, por outro lado, deixa a certeza que o lugar ainda esconde um pedacinho do paraíso.
A praia das Sete Fontes abriga famílias caiçaras que além da conversa de quem vive da sabedoria do vento e do tempo, também oferecem um bom peixe preparado na hora.
Local: Ubatuba / SP
Trilha das Sete Praias – Ubatuba
No verão descemos a serra em direção as trilhas no litoral norte de São Paulo. Lugar de praias preservadas, algumas desertas.
Iniciamos na praia da Lagoinha caminhando em poucos minutos até a praia do Perez. Atravessamos a praia do Bonetinho, passando por uma pequena vila de pescadores, em direção à praia do Bonete.
Entre morros escondidos na mata, chegamos num mirante que revela a Enseada do Mar Virado. A praia do Cedro é um espetáculo à parte. Com sorte avistamos golfinhos ou tartarugas nadando próximo a praia. Parada obrigatória para banho de mar. A praia Deserta pode ser vista no costão rochoso da praia do Cedro.
Na etapa final seguimos até a Ponta da Fortaleza, local onde a força da natureza pode ser observada pela magnífica vista do mar oceânico e pela imponência das ondas batendo no costão rochoso. O final aguarda a praia da Fortaleza para um descanso merecido.
A caminhada é feita na mata atlântica, alternando trechos de areia, rocha e trilha na zona costeira com trechos de subida e descida de morros.
Local: Ubatuba / SP

































































