João-velho

É tido como um dos mais belos pica-paus do Brasil. Destaca-se pelo vistoso topete amarelo que dá origem à maior parte dos nomes populares, como cabeça-de-velho, joão-velho, pica-pau-velho, pica-pau-de-cabeça-amarela, pica-pau-cabeça-de-fogo, pica-pau-loiro e ipecuati (tupi).

Nome científico: Celeus flavescens.

Suas asas são pretas e barradas de branco com as partes inferiores pretas. O macho apresenta uma faixa vermelha nas laterais da cabeça, próximo a base do bico. Possui língua longa, preenchida de pontas em forma de escova, apropriada para extrair suco das frutas e o néctar das flores.

Alimenta-se de frutas, insetos, larvas, formigas e cupins. Na região sudeste, em Mata Atlântica, foi confirmado aves tomando o néctar das flores de duas espécies de plantas (Bombacaceae e Marcgraviaceae) do dossel da floresta.

Os pica-paus são polinizadores, pois ao visitarem várias flores das plantas, encostam a cabeça e o pescoço nas anteras e estigmas das flores. São aves benéficas na conservação da natureza, visto que se alimentam de cupins, formigas e outros insetos nocivos à madeira.

Estas aves estão sob ameaça por causa da alteração do seu habitat natural, desmatamentos e queimadas. A espécie depende de arvores altas e ocas para abrigo e construção de seus ninhos. Estão na lista de animais ameaçados de extinção do Ministério do Meio Ambiente.

A Catarse de um Gigante

Em anos cruéis, o gigante acordou sob o azul do firmamento. Ele nunca esteve verdadeiramente adormecido. Agora aparenta estar apático, quase desfalecido.

Foi despertado a trancos e barrancos. Como uma fênix, renasceu das cinzas na consciência. Houve coragem e ousadia. Agora, mais atento, vigilante e resiliente.

A depuração parece lenta, custosa e dolorida. O verdadeiro despertar levará algum tempo. Talvez anos para purificação das entranhas. Uma verdade histórica se consolidará na eternidade.

Os trovadores contarão estórias em cantigas e poesias. Amor e ódio estarão nos refrãos. Em todos os cantos, algum ditado popular será contato, onde as lendas se tornarão crenças.

Atravessará o ciberespaço. Chegará a lugares nunca antes imaginado. Sob a crista do alvorecer, se fará história em terras distantes como em um conto de uma guerra sem fim vencida pelo bem.

Uma Caçadora Nata

Tem destreza no caminhar. No olhar, tem a precisão da caça ligeira. Uma caçadora nata.

De bico longo, reto e pontudo. Aparenta imponência no compasso dos passos. Se destaca na várzea alagada. Essa é de cor alva. Entra na lama e não se suja.

Uma bela ave. Finalmente abocanha um peixinho e sai em revoada com a cabeça retraída junto ao corpo.

Na tradição japonesa a garça simboliza sabedoria e juventude eterna, e quem fizer mil origamis, caminhará na direção da longevidade.

Artistas da Pré-História Brasileira – Parque Nacional da Serra da Capivara

A mais de 10.000 anos atrás nossos ancestrais, caçadores-coletores, habitaram selvas verdes da mata atlântica na região do nordeste brasileiro.

Certamente a fauna era abundante, e assim tinham tempo livre para representar o cotidiano em pinturas rupestres, encontradas em centenas de sítios na Serra da Capivara, ao sul do estado do Piauí.

Nas paredes das tocas, os painéis das pinturas retratam a evidência que ali viviam muitos animais, além das cenas do cotidiano, como a caça, o sexo, o nascimento, a dança e os rituais.

Os seres antropomórficos aparecem em cores e feitio diferente. Em algumas figuras vale a imaginação para tentar entender o que é ou o significado da cena.

As imagens são uma amostra do registro feito nas caminhadas dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara, nas tocas do Pajaú, do Barro, do Baixão da Vaca, das Eminhas e Veadinhos Azuis, do Deitado, da Gameleira, da Saída, do Paraguaio, do Caldeirão e Baixão das Andorinhas.

Esta é a primeira etapa de uma jornada na Serra da Capivara e Serra das Confusões. Em novos posts mostraremos muito mais das inscrições rupestres e também da mega fauna.

A Grande Mãe – Saco do Mamanguá

A admirável mãe se debruçou…

Há séculos em ascensão aos céus, símbolo magno da vida, por vez sequiosa por águas turbulentas, se aproximou do abismo das margens úmidas.

O grandioso tronco se ramificou em galhos fortes na busca do sol vivo. Apesar da superioridade alcançada, se viu pendida sobre o rio Grande. Agora penetra as rochas e foge das corredeiras. Ela bebe das águas do conhecimento. Ainda perene, segue corpulenta.

Agora em tempos de tempestades tardias, da primavera derradeira, as águas turbulentas buscam novos caminhos para transpor a grande mãe. Os espíritos da floresta espreitam felizes nesta brincadeira das águas.

Então fui descansar em seus braços, debaixo do tronco maior, ao lado das corredeiras mansas. Apenas fluido, fluindo nas corredeiras, feliz. A grande mãe me acolheu em seus braços.

A grande mãe é pura regeneração. Sem medo, ainda se avolumando com ímpeto, galhos vertendo verticalmente, incontáveis folhas morrendo e renascendo a todo instante, cíclica, fértil. A grande árvore da fonte da vida.

De raízes imensas, embrenhadas nas profundezas escuras do subterrâneo da terra. Aquele tronco descomunal, vertido na superfície, os galhos buscam forças para alcançar novamente a luz do céu. Até quando a grande mãe vai resistir à tentação das águas descomunais que chegam na estação iminente?

Logo, do tronco ceifado e inerte da grande mãe, a vida regenera num minúsculo broto verde. A morte e vida se confundem. É o ciclo que se renova!

Filhote Curioso – São José dos Campos

Do alto um salto. Era um sagui com seu filhote nas costas. Ele passa na frente dos outros e se posiciona em um tronco.

Então o filhote pula das costas da mãe e ensaia uma corrida no tronco. Está curioso. De olhar esbugalhado estuda dar um pinote.

Pelo mesmo caminho ele corre de volta. Aparenta medo. Escala as costas da mãe em busca de proteção. Que filhote curioso!

Deu a Louca na Macacada – São José dos Campos

Os Saguis-de-tufo-preto saltam de lado para outro. Aparentam ter personalidade diferente. Começam a sentar em duplas. Ficam à espreita. Tem uns menores, devem ser adolescentes. Até um bebê aparece na costa de um deles.

Eles têm pelagem estriada, uma mancha branca na testa e tufos pretos ao lado das grandes orelhas. A cauda é maior que o corpo e não usam para dependurar-se. Possuem garras afiadas que ajudam a correr e saltar nas árvores.

São muito ágeis. Alguns expressam surpresa. Um deles parece brincar de esconde-esconde. Dois ficam pulando freneticamente de galho em galho. Outro sagui foi olhar dentro de um tronco oco e um sagui se aproxima e quer pegar a comida das mãos do outro.

Sempre atento aos sons da mata. Parecem olhar para o nada, mas certo de estarem vendo algo. O último a chegar sentou no galho, desinteressado ficou observando no alto das árvores. Contei uns nove.

Alguns são atrevidos. Dois descem ao chão para pegar algo e voltam rápido. O bebê não tira os olhos de mim. Que folia! Então, de supetão todos olham para baixo numa só direção. Notam um perigo e começam a emitir um som de alerta, alto e agudo.

É sinal de perigo. Frenesi na área. Saltam para mais alto nas árvores. Mãos na cabeça. Braços abertos. Deu a louca na macacada. Era uma cobra que passa lentamente sem dar a mínima. Começam a se acalmar. A vocalização aquieta-se.

Um deles perfura um tronco com os dentes, na busca de seiva. Aparentam estar bem nutridos pois a mata ciliar é rica de sementes, flores, frutos e insetos. Sem contar que também se alimentam de filhotes de aves e pequenos lagartos.

Por fim começam a ir embora. Sumiram rapidamente na mata.

Me Leva Beija-Flor – Parque Nacional da Serra da Bocaina

” Me leva Beija-Flor, me leva para onde você for.”

Ave Fantástica

Encontrada nas três Américas. É conhecida por uma diversidade de nomes como Colibri, Cuitelo, Guanambi, pica-flor, chupa-flor, chupa-mel, beija-flor entre outros. Em inglês, “hummingbird”, onde “humming” significa zumbido, do bater das asas.

Tão Pequeno

Parece frágil mas tem uma força fantástica. Sua estrutura esquelética muscular permite voo extremante rápido e ágil. Única ave que consegue ficar parada no ar ou voar em marcha a ré. O batimento das asas pode chegar a 200 vezes por segundo dependendo da direção do voo e condições do clima. O ritmo cardíaco é cerca de 1.200 batidas por minuto. Por isso o beija-flor precisa se alimentar em média 5 a 8 vezes por hora.

Especialista no Meio em que Vive

Todas as cerca de 325 espécies, tem um bico adaptado para se alimentar conforme o meio ambiente em que vive. Por outro lado, tem uma característica comum que é a língua bifurcada e comprida para extrair o néctar das flores (são polinizadores) sendo que algumas espécies comem moscas e formigas. Sua visão é muito aprimorada, além de identificar cores podem detectá-las no espectro ultravioleta.

Beleza Notável

De plumagem brilhante e colorida. A coloração é causada por fatores como nível de luz, umidade e principalmente pela iridescência na disposição das penas que é um fenômeno óptico que faz certos tipos de superfícies refletirem as cores do arco-íris.

Mensageiro dos Deuses

O beija-flor é conhecido como um mensageiro dos deuses e tem na mitologia grega a deusa Íris na personificação do arco-íris e mensageira dos deuses para os seres humanos. Esta ave também simboliza alegria, cura, delicadeza e energia. Um ser mágico que para os nativos da América representam força e harmonia. Para os nativos Hopis, dos EUA, personificam um herói que salva a humanidade da fome visto que o Guanambi intervém na germinação das plantas. Ao passo que os nativos da Colômbia, os Tukanos, atribuem ao Colibri a virilidade porque copulam com as flores.

Floresta Nacional – Passa Quatro

No Brasil, floresta nacional é uma das categorias de áreas protegidas de uso sustentável estabelecidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, para promover pesquisa científica e uso sustentável dos recursos florestais.

A Floresta Nacional de Passa Quatro abriga uma área para recreação ao ar livre, com lago, cachoeira, rio, fonte de água mineral, viveiro de mudas, criação de trutas, jardins e área administrativa. A visitação é gratuita.

Esta unidade de conservação foi criada oficialmente em 1968, e controlada pelo IBAMA até 2007. Atualmente é administrada pelo ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Área remanescente da Mata Atlântica, integra o Corredor Ecológico da Serra da Mantiqueira, abrangendo 3,3 milhões de m², de florestas de araucárias, eucaliptos e pinus plantadas, araucárias nativas e matas, numa altitude entre 900 a 1.400 metros.

A boa infraestrutura facilita a visitação pública para desfrutar dos atrativos. Na caminhada vale a pena visitar a cachoeira do Iporã, ou apenas passear próximo ao lago, relaxar ao som da natureza ou fazer um piquenique.

Local: Passa Quatro / MG

Parque Nascentes do Tietê – Salesópolis

Nos primórdios era chamado de Anhembi e no século XVIII foi batizado Tietê. Agraciado com um nome tupi que significa “água verdadeira”.

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O rio Tietê facilitou a entrada dos Bandeirantes para o interior do país. Um rio que ajudou a desenvolver o estado de São Paulo através da construção de barragens, eletrificação, abastecimento de água e hidrovia.

Com a rápida expansão urbana e industrialização, o trecho metropolitano de São Paulo foi duramente atingido pelo esgoto doméstico e poluição industrial.

Em 1992 iniciou-se um programa de despoluição, denominado Projeto Tietê. A mancha de poluição do rio tem se reduzido a mais de 20 anos, mas muito ainda há para ser feito.

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O Parque Nascentes do Tietê foi criado em 1996 com a missão de preservar suas nascentes, flora e fauna do seu entorno, e promover educação ambiental através de visitas monitoradas.

Para um passeio na mata pode-se caminhar nas trilhas da Araucária, da Pedra e do Bosque, com extensão de 162, 266 e 1.142 metros respectivamente.

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O rio Tietê tem suas nascentes localizadas na Serra do Mar, a 1.127 metros de altitude, no município de Salesópolis.

A cerca de 20 km distante do oceano, o rio segue em sentido contrário para o interior do estado de São Paulo. Atravessa 62 municípios, de sudoeste a noroeste, em 1.136 km até sua foz em Itapura, no rio Paraná.

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As nascentes estão dentro de uma floresta secundaria, a poucos metros da entrada do parque. A água brota nas rochas em três pontos diferentes, formando um laguinho povoado por minúsculas aranhas d’água e guarus.

Local: Salesópolis – SP