Travessia Marins Itaguaré – Serra da Mantiqueira

A Travessia Marins Itaguaré é uma das clássicas caminhadas do montanhismo brasileiro. Este trekking percorre uma parte da Serra da Mantiqueira, entre São Paulo e Minas Gerais, tendo como pontos culminantes o Pico dos Marins (2.420 m), Pico Marinzinho (2.432 m), Pedra Redonda (2.304 m) e Pico do Itaguaré (2.308 m). Uma travessia de 20 km em 3 dias, considerando ataque aos picos do Marins e Itaguaré.

É uma travessia técnica, em terreno rochoso, muita subidas e descidas, com mochila cargueira, água extra devido à restrição de pontos de captação de água, acampamento selvagem, possibilidade de neblina dificultando a navegação. Trekking com trecho de trilhas pouco visíveis, escalaminhada, passagem de buraco e uso de corda. Estar fisicamente bem preparado e contratar guia ou agência especializada são essenciais.

Na linha de cume desta travessia, é fantástico a vista dos vales e picos.

Da estrada já avistamos o contorno da serra, com o Marins a esquerda e o Itaguaré do outro lado. Subindo pelo bairro dos Marins, vemos os detalhes das montanhas escarpadas.

No alto dos Marins, temos um cenário amplo da travessia, com visão do Marinzinho, Pedra Redonda, Itaguaré e Serra Fina / Pedra da Mina.

No Pico Marinzinho, olhando para trás, a esquerda vemos o Marins, e olhando a frente, a continuação da travessia, com a Pedra Redonda começando aparecer em destaque.

Na lomba da Pedra Redonda, antes de descer para o acampamento, o Itaguaré foi iluminado pelo entardecer enquanto que o Vale do Paraíba ficou as margens da sombra da Mantiqueira.

No Pico do Itaguaré, entre nuvens passageiras, aguardando o pôr do sol, vimos o que ficou para trás, o Marins a esquerda, no centro a Pedra Redonda e a direita o Marinzinho.

Depois aguardamos a chegada de mais um espetacular pôr do sol.

Uma aventura em perfeito respeito a montanha. Este desafio exige bom planejamento e logística. Sugiro estar com bom preparo físico, formar um grupo pequeno, com espírito de equipe e focado no objetivo de cada dia. Não recomendo esta travessia se for o primeiro trekking ou o primeiro contato com a montanha.

Noite Eterna

Quando a noite parece eterna?

Quando se planejou meia boca, deixou de lado um roteiro e fez descaso para as questões logísticas, ou ainda, acampou no improviso, sem os equipamentos mínimos necessários para uma boa noite de descanso.

Quando a natureza, na sua grandiosidade, chegou avassaladora, dizendo que quem manda no pedaço é ela, trazendo tempestades e condições climáticas extremas, e os equipamentos não foram apropriados para garantir segurança e mínimo conforto.

Quando alguém do grupo não se preparou fisicamente para o desafio, dificultando a jornada de todos, ou participou de um grupo sem liderança e sem objetivos comuns para a boa convivência, com integrantes sem o verdadeiro espírito trilheiro e de montanhista.

Quando apesar de tudo arrumado, imprevistos ocorreram, e daí fomos desafiados no limite de nossas forças físicas e mentais; e fomos resilientes para superar os conflitos. Houve a necessidade de reajustar a rota ou simplesmente encurtar o caminho.

Mas sob outra perspectiva, foi em noites eternas que se vislumbrou as estrelas por uma eternidade. A beleza disso tudo foi a esperança que se renovou após cada pernoite, onde ao amanhecer, fomos presenteados com um dia radiante.

Por isso, na finitude dessa jornada, a consciência seguirá na eternidade. O jeito é aproveitar o máximo, da melhor forma possível, mesmo quando surgirem noites eternas, e corajosamente seguir em frente. Caminhar é preciso!

Nuvens Brincante – Serra Marins-Itaguaré

Quem nunca brincou de esconde-esconde…

Na montanha, quando chegam as nuvens, como crianças, brincam com os montanhistas. Logo, escondem as serras por um instante e os picos por dias sem fim.

Em determinadas estações do ano ou locais mostram que são tormentas chegando. Por hora, causam preocupação e não é hora de brincadeiras.

Mas o bom mesmo, é vê-las passando, se misturando e dissipando num movimento frenético. Como criança, as nuvens brincam, correm pelos ares e revelam a beleza das montanhas.

Monumento Natural Mantiqueira Paulista – Pico dos Marins e do Itaguaré

Caminhantes nas montanhas da Mantiqueira, com frequência, falam sobre a importância da criação de uma unidade de conservação na localidade entre o Pico dos Marins e Pico do Itaguaré.

Então, em junho de 2020, foi publicado no diário oficial a resolução SIMA-33 sobre os procedimentos para criação do Monumento Natural Mantiqueira Paulista, nos municípios de Cruzeiro e Piquete, São Paulo.

A estória é mais ou menos assim…

Tudo começou em 2015 quando a Secretaria do Meio Ambiente criou o Grupo de Trabalho Mantiqueira para desenvolver estudos e propostas de proteção, conservação, desenvolvimento sustentável, e dos aspectos ambientais e socioeconômicos, a partir da cota 800 m da Serra da Mantiqueira entre Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Piquete, Cruzeiro, Lavrinhas e Queluz.

No âmbito do Grupo de Trabalho Mantiqueira, as prefeituras de Cruzeiro e Piquete, solicitaram a criação respectivamente do Monumento Natural Pico do Itaguaré e Pico dos Marins. Em 2019, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente solicitou que a Fundação Florestal coordenasse um estudo para avaliar o pedido das prefeituras.

A proposta considerada mais adequada foi a criação da Unidade de Conservação de Proteção Integral, na categoria Monumento Natural – MONA, abrangendo a área de vegetação da Serra da Mantiqueira em Cruzeiro e Piquete.

Como o MONA tem objetivo preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica, o Monumento Natural Mantiqueira Paulista teve proposta final discutida em Audiência Pública com área final protegida de 10.371 hectares.

As principais justificativas para criação da MONA Mantiqueira Paulista são:

  • A Mata Atlântica é um “hotspot” mundial de biodiversidade dado as ameaças para conservação ambiental;
  • A Serra da Mantiqueira é um patrimônio natural de biodiversidade com centenas de espécies da fauna, flora e aspectos geológicos especiais;
  • O bem-estar humano é favorecido pelo fornecimento dos mananciais, regulação climática, proteção do solo e produção de alimentos no Vale do Paraíba;
  • O aspecto cultural é singular com o turismo, a paisagem e valores religiosos da região.

Portanto, com a deliberação das diretrizes de gestão da unidade, vamos aguardar a criação final da unidade e do plano de manejo para definir as regras de gestão do Monumento Natural Mantiqueira Paulista.

Fonte: Proposta de Criação do MONA Mantiqueira Paulista e Resolução SIMA-33

Engarrafamento nas Montanhas do Brasil

Hoje em dia nas grandes cidades não temos como evitar um engarrafamento no transito ou uma fila no banco, mas engarrafamento na montanha, ninguém merece!

Então vamos deixar a alta montanha, e voltar o olhar nas montanhas do Brasil. Infelizmente, estamos encontrando o mesmo problema. O engarrafamento, por exemplo, começa na portaria da entrada, parte alta do Parque Nacional de Itatiaia, com enorme fila de carros já no início da madrugada. Depois, apesar da regra limitando o número de pessoas nas montanhas, os engarrafamentos naturalmente acontecem na subida do Pico Agulhas Negras e Prateleiras.

E quando o local ainda não é protegido e controlado, com regras de uso para segurança dos visitantes. Como exemplo, o Pico do Marins onde o engarrafamento na escalaminhada final da montanha é comum na alta temporada. Enquanto que na Serra Fina, a cada temporada temos inúmeros casos de pessoas perdidas durante a travessia, e o resgate pelo ar e/ou por terra são acionados. Isso sem falar do lixo deixado nestes locais.

Novamente, além dos montanhistas inexperientes, temos também a falta de consciência sobre não deixar lixo na montanha, respeitar regras de segurança no trekking e camping, ter um bom planejamento e equipamento adequado. Aqui não temos o ar rarefeito, mas no inverno temos frio, vento e temperaturas negativas podendo causar hipotermia, e no verão temos tempestades com raios e ventania forte. Ainda temos a possibilidade de cerração, neblina e dificuldade para orientação e navegação em terreno rochoso, íngreme e bastante irregular.

Então vamos para um local de fácil acesso na montanha. Mesmo assim, hoje em dia, também tem engarrafamento no topo. Neste caso, veja como fica a Pedra da Macela em Cunha. Milhares de “self” ao nascer do sol.

Sobre Rochas – Pico dos Marins

” Sobre rochas eu ando. Não importa se arenito, basalto ou calcário. Também pode ser granito, quartzito ou até dolomito. Mas especial mesmo é o Filito, Sienito e Xisto. Quem é quem, não sei muito bem, mas eu garanto que caminho sobre rochas. “

O trekking para subir o Pico dos Marins é considerado de dificuldade média-pesada. Como a subida não requer equipamentos de escalada é denominada escalaminhada, ou seja, nos pontos mais difíceis será necessário o uso das mãos em rochas ou arbustos, tanto na ascensão quanto na descida. O uso de cordas pode facilitar em alguns pontos da trilha. Em outros aproveita-se as fendas e agarras, use o máximo da aderência das mãos e pés.

Como sempre, é bom estar acompanhado com alguém experiente para dar dicas, principalmente se é a primeira vez na rocha. Prepare-se para viver uma experiência única. Sentir na pele o esforço físico. Dizer que o coração vai sair pela boca. Dos músculos doerem após passarem dias da caminhada. A sensação pode ser fascinante ou horrível. Estar mentalmente positivo ajuda bastante. Por isso, caminhar sobre rochas não é para qualquer um. 

Oh, Augusta Montanha! – Pico dos Marins e Itaguaré

Oh augusta montanha que tanto me faz bem!

Meu alento se refaz nas suas vertentes.

Com amor no coração enfrento as dificuldades nas montanhas da vida.

O esforço e persistência seguem objetivos.

A força está no interior.

As desventuras são transformadas em superação e gratidão.

O sucesso e alegria são transitórios.

Os sinais estão à vista.

É preciso desconexão para estar-se conectado.

O talento e força de vontade são aliados.

A incerteza caminha ao lado.

Ser beligerante é ver com outros olhos.

Oh augusta montanha que tanto me faz bem!

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Boas Festas!

Kleber Luz

Nariz do Gigante – Pico do Itaguaré

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Dizem que o Pico do Itaguaré lembra um rosto humano e daí foi apelidado de “Gigante Adormecido” ou “Nariz do Gigante”.

Essa imagem pode ser vista de longe na rodovia Presidente Dutra onde a serra destaca o Pico dos Marins a esquerda e o Pico do Itaguaré no canto direito.

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O maciço do Itaguaré se desponta na Serra da Mantiqueira a 2.308 metros de altitude na divisa entre os municípios de Marmelópolis, Passa Quatro e Cruzeiro.

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Como as encostas são íngremes e escarpadas do lado do vale, o melhor caminho é subir a serra em direção a Passa Quatro e desviar por estrada de terra na zona rural de Cruzeiro.

O sábado amanheceu nublado e a previsão anunciava chuva no final da tarde. Foi preciso atenção com os horários para fazer o cume em um dia.

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Partimos de madrugada e pegamos um amigo em Cruzeiro que conhece muito bem a região de serra onde se localiza o Pico do Itaguaré.

Deixamos o carro numa clareira, à beira da estrada de Marmelópolis. A trilha atravessou riachos e seguiu mata adentro numa subida constante até atingir o primeiro maciço rochoso.

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Ao meio dia, o sol desapareceu entre nuvens. A ventania anunciava a necessidade de apressar os passos para evitar a tempestade que se aproximava.

A subida levou três horas e meia de trilha com “escalaminhada” no final. Lá de cima a visão é incrível! A leste temos a vista da Serra Fina e ao sul o município de Cruzeiro.

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A oeste se desponta o imponente Pico dos Marins e na crista outras elevações se destacam de oeste para leste, como o Pico do Marinzinho e Pedra Redonda.

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Até onde a vista alcança, pode-se ainda ver outras cidades como Cachoeira Paulista, Lorena, Guaratinguetá, Aparecida, Roseira e as montanhas de Marmelópolis e Passa Quatro.

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O retorno foi ligeiro, sem paradas. Assim conseguimos retornar com segurança ao ponto de partida. Evitamos uma provável tempestade magnética no cume.

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Bora para a próxima montanha!

Pico dos Marins – Piquete

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O Pico dos Marins está localizado na Serra da Mantiqueira, na divisa dos municípios de Piquete e Cruzeiro, no estado São Paulo. Sua altitude é de 2.420 metros acima do nível do mar.

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É um dos points do montanhismo e trekking no estado de São Paulo e no Brasil. Formado por um grande maciço rochoso com paredões e escarpas íngremes. Foi escalado pela primeira vez em 1911.

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Como parte desse maciço, na linha de cume, avista-se o Pico do Marinzinho, Pedra Redonda e Pico do Itaguaré. No maciço ao longe, avista-se a Serra Fina e a Pedra da Mina, seu ponto culminante.

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O trekking até o cume é considerado um dos mais bonitos do Brasil. Quanto ao grau de dificuldade pode-se dizer que é de médio a pesado com subida constante em terreno rochoso e “escalaminhadas” no trecho final.

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Evite subir com chuva e tempestades eletromagnéticas pois não existe abrigo para se proteger. A orientação fica limitada com a neblina que aparece com frequência.

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A temperatura chega facilmente abaixo de zero graus no inverno. Outro ponto de atenção são os fortes e constantes ventos. Procure ir com um guia experiente.

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Local: Piquete / SP

Acredite em Você

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” Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”

Luís Fernando Veríssimo

FELIZ ANO NOVO!