O Maior Primata das Américas

” Passava do meio dia de sábado de Carnaval, já tínhamos atravessado o Vale dos Duendes, descendo a Serra dos Poncianos em direção a Monte Verde. Diferente do avistamento em dezembro, desta vez eles estavam descansando próximo a copa das árvores. Um grupo entre cinco a oito muriquis, sem um dominante aparente.”

10 Curiosidades sobre o Muriqui:

1. Do tupi, muri’ki significa “gente que bamboleia, que vai e vem”. Como tem hábito dócil é reconhecido como “povo manso da floresta”. Outros nomes: buriquim, buriqui, mariquinha, mariquina, muriquina e mono-carvoeiro.

2. Endêmico em regiões montanhosas da Mata Atlântica. Encontrado ao norte do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e sul da Bahia.

3. Espécies do gênero Brachyteles arachnoides (Muriqui-do-Sul) e o Brachyteles hypoxanthus (Muriqui-do-Norte).

4. Maior primata das Américas e uma das espécies mais dóceis entre os primatas.

5. Um macho adulto chega a medir 1,50 m de corpo e cauda, e pesar até 15 kg. Tem a face preta, pelagem bege-marrom-amarelada. Vive, em média, 30 anos.

6. Gestação de 7 meses pode gerar até 2 filhotes, com intervalo entre 2 a 3 anos. Os filhotes permanecem nas costas das mães até 2 anos para o desmame.

7. Alimenta-se de frutos, folhas, flores e lianas.

8. Considerado um “restaurador da floresta”, pois, em apenas um dia, pode dispersar sementes de até 8 espécies de plantas.

9. Reconhecido pela UNESCO como “identificador de qualidade ambiental”, é símbolo da “Reserva da Biosfera da Mata Atlântica”.

10. O muriqui está em perigo devido à destruição do seu habitat natural e população decrescente. Está na Lista Vermelha da UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza.

Balé nos Ares

Era começo da primavera em um dia de céu limpo. O vento frio varria as ondas do mar e o sol matinal deixara a areia da praia numa quentura agradável. Paramos de caminhar e ficamos na espreita para observar as aves. Não era possível ouvir o canto graças ao escarcéu que fazia a ventania e o mar.

Era como um balé, as aves dançando contra o vento. Elas se revezavam a cada nova decolagem e aterrisagem, chegavam de mansinho, em câmera lenta.

Nas alturas, muito acima pairava uma ave de rapina, toda soberana. Examinava as possíveis presas e numa ascendente fez meia volta em direção a mata.

Adentro da praia havia um lagamar e outros pássaros. Todos olhavam na mesma direção como que vendo algo que eu não conseguia perceber.

“A sensação era que o tempo tinha parado… Ah se fosse um deles, faria festa a cada voo, a cada nova perspectiva e cantaria em todos os cantos. Eh, então de volta à terra…”

Percebi que estava sendo observado. Ele estava com olhar fixo em mim, parecia que estava lendo a minha mente.

P.S.: pássaros observados: Talha-mar, Carcará, Garça-branca, Savacu-de-coroa, Gaivota-de-asa-escura e Martim-pescador.

Ovos da Galinha – Parque Nacional de Itatiaia

O maciço de Itatiaia revela grandes afloramentos rochosos em um processo erosivo de milhões de anos.

Pela manhã partimos na caminhada, a partir do camping Rebouças, contemplando as belas paisagens no planalto de Itatiaia.

As montanhas e pedras de Itatiaia, com formas no mínimo curiosas, receberam nomes como Agulhas Negras, Altar, Asa de Hermes, Assentada, Camelo, Couto, Maçã, Prateleiras, Sino e Tartaruga.  

Uma formação rochosa em especial é chamada de Ovos da Galinha. Localizada entre a cachoeira do Aiuruoca e Pedra do Sino.

No cume da Pedra do Altar se avista os ovos como cinco pedras sobre uma pequena elevação rochosa.

A princípio parecem pequenas, no entanto quando nos aproximamos, os Ovos da Galinha impressionam pelo tamanho. Quanto ao formato, toda imaginação é valida para vê-las como ovos de uma galinha.

Entretanto, uma delas parece uma “mão gorducha” e outra uma “galinha da angola”. Outra curiosidade foi encontrar no chão de pedra uma depressão em formato perfeito de um “coração”.

Dia de muita nebulosidade, ventania e calor. Aparentemente as chuvas mantiveram-se na região de Visconde de Mauá e Itatiaia.

É trilha para espiar as montanhas com calma.

Nesse caminho avistamos as Prateleiras, Agulhas Negras, Asa do Hermes, Pedra do Altar, Morro do Couto e Pedra do Sino.

No meio da tarde, de volta ao camping, nada melhor que um banho revigorante na represinha do Rebouças. Depois um café para esperar o jantar em noite de lua cheia.

 

Artistas da Pré-História Brasileira – Parque Nacional da Serra da Capivara

A mais de 10.000 anos atrás nossos ancestrais, caçadores-coletores, habitaram selvas verdes da mata atlântica na região do nordeste brasileiro.

Certamente a fauna era abundante, e assim tinham tempo livre para representar o cotidiano em pinturas rupestres, encontradas em centenas de sítios na Serra da Capivara, ao sul do estado do Piauí.

Nas paredes das tocas, os painéis das pinturas retratam a evidência que ali viviam muitos animais, além das cenas do cotidiano, como a caça, o sexo, o nascimento, a dança e os rituais.

Os seres antropomórficos aparecem em cores e feitio diferente. Em algumas figuras vale a imaginação para tentar entender o que é ou o significado da cena.

As imagens são uma amostra do registro feito nas caminhadas dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara, nas tocas do Pajaú, do Barro, do Baixão da Vaca, das Eminhas e Veadinhos Azuis, do Deitado, da Gameleira, da Saída, do Paraguaio, do Caldeirão e Baixão das Andorinhas.

Esta é a primeira etapa de uma jornada na Serra da Capivara e Serra das Confusões. Em novos posts mostraremos muito mais das inscrições rupestres e também da mega fauna.