Lua de Sangue

Desci na terra para capturar a Lua de Sangue.

Com o tripé a postos, engatilhei a máquina em direção ao firmamento. Vi nuvens brincando ao vento. Olhava com espanto como se fosse a primeira vez.

Noite de lobos que não uivam. Ela chegara preguiçosa. Pintada de laranja.

Espreito a imensidão do cosmos. Silêncio. Minha alma se acalma, se dispersa na vastidão da noite sem fim. Admiro aquilo tudo.

A Terra a esconde por completo em sua sombra. Fica tímida.

Resta um facho de luz, muito reluzente, que se esvai aos poucos.

Vida a Lua de Sangue! Enorme, escarlate e perfeita. Sem pudor, nua na penumbra. Uma viajante apressada. 

Novamente toda cheia de graça e radiante no céu noturno. 

Sem devaneio, cedo ao frio da madrugada. Meus olhos navegam à deriva. Minha hora chegou. Ascendo para adormecer.

Lua Cheia – Pico Queixo da Anta

Após um longo dia de caminhada, montamos acampamento ao entardecer. Era sabido que teríamos em destaque a lua cheia no céu daquele final de semana.

Ela chegou durante o preparo do rancho. Timidamente saiu detrás das árvores na crista da serra. Pura admiração pela sua grandeza inundando o céu noturno.

Como sempre, a mesma face iluminada. Desta vez plenamente iluminada. Deixou o acampamento e arredores bem claro, nem foi preciso usar lanterna.

A noite ficou estonteante. Momento de contemplação e pensativo…

Desde tempos imemoriais a lua cheia desperta paixões e inspiração ao Homo Sapiens. Foi deusa na antiguidade. Influencia o ciclo da natureza, na fertilidade dos seres vivos e no movimento e ritmo das marés. A lua cheia é união entre Yin e Yang. Sinônimo de abundancia. É natureza básica das emoções e sentimentos.

Após horas sob o luar, era como refletir luz própria. Estava pleno de energia. Era a existência humana em sintonia com a natureza e o universo.

No final da madrugada me levantei. Para meu espanto me chamou atenção um ponto expressivamente iluminado no céu noturno.

Estava bem alto, à Leste. Era Vênus o planeta mais brilhante no céu visível. Ele ficou por lá até antes do amanhecer.

Por toda noite a lua cheia correu o céu e foi cair do outro lado atrás das colinas. Vênus foi desaparecendo com o amanhecer.

Enfim, o Sol começou a despontar num facho de luz radiante. Era o princípio de um novo e brilhante amanhecer.

Lua Interior – Caminhar é Preciso

Ao caminhar na montanha, a Lua surgiu apressadamente durante aquele entardecer. Parecia tão perto como uma mãe protetora, mas não se engane, em outras noites frias ela ficou indiferente e apática, quase não apareceu.

O vento gélido trouxe recolhimento.

Entre a Lua e a Terra as distâncias são verdadeiramente astronômicas e decerto descuidamos de quão distante ficamos de nós mesmos.

Ao amanhecer na montanha, a luz brilhou radiante. Era um novo despertar que aquentou os campistas. A Lua, esplendida no céu, permaneceu ali, até que a claridade tomou conta do dia e ela se foi.

O alvorecer trouxe desprendimento.

Como sempre não vi o lado escuro da Lua e naturalmente dentro de nós habita um lado obscuro, um manto que devemos descortinar.

Pernoite na Macela – Cunha

P1070844 (Large)

Como todo ano, começamos com as trilhas fáceis e por isso, não menos belas que as mais difíceis. Escolhendo a dedo um final de semana com lua cheia, seguimos para Cunha em direção a Pedra da Macela.

P1070878 (Large)

Na rodovia Cunha – Paraty Km 66 saímos por uma estrada de terra ladeada por sítios. Após 4 km chegamos ao portão de FURNAS que mantêm no cume uma antena retransmissora. Deste ponto é proibido o acesso de veículos particulares.

P1070897 (Large)

Mochilas prontas! Água suficiente para um dia. Roupa de frio de menos, comida demais e um bom vinho. Ótima previsão do tempo. Então, por uma estrada pavimentada seguimos 2 km de subida.

P1040433 (Large)

Hora antes do crepúsculo, o céu anunciava o pôr do sol de um lado e a lua cheia do outro. Espetáculo à parte foi o nascer do sol atrás da Ilha Grande. O jeito foi parar tudo e contemplar cada momento.

P1040418 (Large)

No topo a 1.840 m de altitude, a paisagem pode ser apenas um mar de nuvens. Entretanto, com um céu de brigadeiro, abriu-se uma vista espetacular das montanhas de Cunha, a histórica Paraty, Angra dos Reis, Ilha Grande e suas baías e ilhas.

P1040432 (Large)

Ao retornar, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo que produzimos no acampamento foi trazido conosco para descarte em local apropriado.

Boa semana!

P1070827 (Large)