Balé nos Ares

Era começo da primavera em um dia de céu limpo. O vento frio varria as ondas do mar e o sol matinal deixara a areia da praia numa quentura agradável. Paramos de caminhar e ficamos na espreita para observar as aves. Não era possível ouvir o canto graças ao escarcéu que fazia a ventania e o mar.

Era como um balé, as aves dançando contra o vento. Elas se revezavam a cada nova decolagem e aterrisagem, chegavam de mansinho, em câmera lenta.

Nas alturas, muito acima pairava uma ave de rapina, toda soberana. Examinava as possíveis presas e numa ascendente fez meia volta em direção a mata.

Adentro da praia havia um lagamar e outros pássaros. Todos olhavam na mesma direção como que vendo algo que eu não conseguia perceber.

“A sensação era que o tempo tinha parado… Ah se fosse um deles, faria festa a cada voo, a cada nova perspectiva e cantaria em todos os cantos. Eh, então de volta à terra…”

Percebi que estava sendo observado. Ele estava com olhar fixo em mim, parecia que estava lendo a minha mente.

P.S.: pássaros observados: Talha-mar, Carcará, Garça-branca, Savacu-de-coroa, Gaivota-de-asa-escura e Martim-pescador.

Kalanga – Veículo de Duas Rodas

Kalanga nada mais é que sinônimo de veículo de duas rodas impulsionado com pedais, a popular bicicleta, bike.

Desde de tempos pueris, aprendi a me equilibrar e tentar bater meu recorde em velocidade. Sem noção do perigo, sobrevivi nas descidas dos morros fazendo de freio os pés. Já ralei inúmeras vezes no chão do asfalto e na terra. Como fazia graça para os amigos, com acrobacias, tomava aqueles tombos, saia ileso do susto e fugia de vergonha logo em seguida.

Depois, com equipamento melhor e juízo na cabeça, distancias maiores foram superadas, caminhos na natureza foram desbravados. Nada demais, mas o suficiente para treinar e se divertir, pois outras atividades esportivas sempre foram e são prioridades. Nesse ínterim, ela ficou pelos cantos. Algumas vezes saíamos para um pedal urbano.

Agora de volta aos pedais. Nesta nova categoria vamos abordar o mundo da bike e ciclo turismo, com textos e fotos autorais. No momento apenas pedal urbano e novas aventuras em breve.

Na imagem acima fizemos uma paradinha em frente a uma construção histórica no passeio de bike em Cananéia, litoral sul de São Paulo.

Por Onde Andas? – Litoral Sul de São Paulo

Em terras recortadas por águas, chamado de Lagamar, na porção leste e sul da Ilha Comprida, ao centro e nordeste na Ilha de Cananéia e ao sul na Ilha do Cardoso, do litoral de São Paulo.

Um retorno ao passado…

Estudos indicam que a mais de 2.000 anos povos nativos já habitavam o litoral brasileiro. No início do século XVI, grupos indígenas viviam em aldeias próximas aos rios no litoral de São Paulo.

Cananéia foi importante na história da colonização pois era ponto limítrofe sul do Tratado de Tordesilhas e um dos ramais do caminho Peabiru. Se tornou entreposto comercial e ponto de ocupação estratégico na época. A moeda era escambo e ouro.

Estudos arqueológicos indicam que Peabiru foi um caminho com 3.000 km de extensão, saindo do Peru até Cananéia ou São Vicente. Passava pela Bolívia, Paraguai, Mato Grosso do Sul até litoral sul de São Paulo. Seus construtores podem ter sido os Incas ou nações indígenas Guarani ou Jê.

O nome Cananéia foi dado pelo explorador Américo Vespúcio quando aportou na ilha em 1.502.

A colonização em Cananéia teve início a partir de 1.531 com a expedição de Martins Afonso de Sousa, que também teve como missão combater os corsários franceses.

Cananéia foi construída em cima de assentamentos indígenas da etnia Tupiniquim. O local era ponto limítrofe com a etnia Carijó, que se estendia para o sul.

No início do século XX, com estradas muito precárias, o principal meio de transporte foi a navegação por cabotagem.

Local: Cananéia / SP