O Brilho da Superfície

Mergulhei devagar, como quem entra em outra dimensão. A luz da superfície se fragmentava em mil pedaços, inundando o fundo com reflexos que dançavam sobre formas e cores. Logo percebi que ali era muito mais do que parecia ser.

Peixes atravessavam espirais amarelas como se seguissem correntezas invisíveis. Uma tartaruga, bem camuflada no fundo azulado – anciã, serena – guardiã desse mundo de profundezas silenciosas. Havia flores de cores e formas que alucinavam, folhas em movimento, um macaco curioso atrás de um cacho de banana – lembrança viva das matas tropicais que já percorri.

De repente, um caramujo repousava em espirais azuis, como se o tempo girasse dentro de sua concha. Abaixo, um tatu caminhava pelo leito arenoso, enquanto uma borboleta multicor flutuava tranquilamente, sem o bater das asas.

Mais adiante, uma coruja me observava – olhos de sol e lua, guardiã do mistério noturno. E, ao lado, um felino branco, uma silhueta sem olhos — seria um gato ou um guepardo? – Atento, parado, fantasmagórico. Até um galizé surgiu nas profundezas do meu delírio.

Atento, vejo sóis, luas e estrelas riscando aquele mergulho, unindo o céu, a terra e as profundezas. Era como se cada ser vivo, cada cor, cada forma, fosse um fragmento do que vivi – nas selvas escondidas, nas cavernas de águas turbulentas, nas lagoas silenciosas, nos rios de poços cristalinos e nos oceanos de outra dimensão.

Um mosaico de lembranças que nunca se desfaz, apenas ressurge na superfície. Tudo parece tão real – mergulhado nas memórias de um instante fora do tempo. Porque o que foi vivido não afunda na memória – brilha na superfície.

Sabedoria do Coração

” Quando comecei a amar-me.

Reconheci, que meus pensamentos podem me fazer infeliz e doente.

Quando eu precisei da minha força interior, minha mente encontrou um importante parceiro.

Hoje eu chamo esta conexão de Sabedoria do Coração. “

Charlie Chaplin

Eita Bicho Estranho – Pedalar é Preciso

Como pedalar é preciso, uma paradinha para observar um cavalo bravo.

Eita bicho estranho, esse tal de cavalo selvagem. Parece bicho homem, sensível e bárbaro. Muitas vezes de emoções fronteiriças, da cólera indomável ao amor sagaz. Impetuoso, corre livre até ser arrebatado pelo cansaço. Aparentemente esgotado é sem dúvida um corredor nato. Corre rápido e mais rápido, para ganhar de si mesmo. Ainda aprendendo a controlar as forças que tem. No tempo da teimosia vem a sensatez a galope. Percebe que a liberdade é efêmera. Assim, atado àquela grande árvore do mundo. Parada obrigatória para refletir sobre as transgressões, nem de todo mal, são vezes contraditórias, algumas fortuitas e poucas irrefreáveis. Uma luta constante para cavalgar no orbe do bem. Ao trotar busca o comedimento entre a alegria e a tristeza. Ainda preso na grande árvore tenta confessar porque tem que levar aquele fardo. Para falar a verdade, sente como é bom aquela sombra, o alimento da relva e os frutos que despencam do alto da folhagem da grande árvore. Que estranho aquela energia em tudo ajuntado. Afinal, dos sonhos a galope, ecoa o magnetismo e fica fácil zurrar de si mesmo. Eita bicho estranho esse tal de…

Tempo que Passou – Caminhar é Preciso

Foi ontem que te vi brincando na praia. Sonhos e planos sendo construídos com energia para realizá-los. Apesar dos obstáculos, agruras e distrações, sem medo nem culpa de seguir em frente, nessa idade tão efêmera e intensa.

Presente de duração instantânea que passa num piscar dos olhos. Sem pestanejar, numa incessante vontade de viver, sem se importar com a mudança das estações. Transformação contínua na energia das ondas da vida.

Foi ontem que te vi andando na praia. Agora abraçado com sua alma gêmea. Um novo presente, com prazeres diferentes. Um simples andar na praia. Felicidade no coração, no tempo que tudo transforma, pensamentos e temperamentos.

Feliz Natal!

Conversando com Árvores – Caminhar é Preciso

” Pode contar seus segredos ao vento, mas depois, não vá culpá-lo por contar tudo às árvores. “

Khalil Gibran

Nos ensinamentos do Xamanismo, dizem que as plantas possuem “consciência” e “uma missão neste planeta”. Por outro lado, em pesquisas com plantas, nas mais diversas áreas do conhecimento, estudos demostram que elas têm “emoções” e “sentimentos”.

Como tudo está conectado nesse orbe, elas não estão aqui por acaso. Além de nos proteger e nutrir, pode auxiliar na “evolução” de nossa consciência através da energia e poder curativo que elas têm para tratar os males do corpo físico e extra físico.

O respeito e gratidão ao reino das plantas é valoroso. Como em uma caminhada, estar na natureza é resgatar a nossa essência, poder limpar a mente, equilibrar o padrão vibratório e harmonizar as emoções.

Acredite ou não, esta energia é real. Então o jeito é caminhar nas matas e montanhas, estar próximo a natureza, e de tempos em tempos, abraçar uma árvore e trocar ideia com as plantas (risos).

DesConexão Parte 3 – Ilha Grande

“ Ficar off-line algum tempo do dia é cuidar da saúde mental, apesar que muitos até ficam doentes se ficarem sem conexão. ”

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Em desconexão, deixamos o continente em direção a ilha. Adentramos caminhos encobertos pela mata atlântica, rodeado por enseadas, mirantes e praias de águas cristalinas.

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“ Estar off-line em algum lugar é poder mergulhar no seu íntimo. Contudo, muitas pessoas ficam com medo de fazer está conexão. ”

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Em desconexão, ouvimos estórias antigas da época dos Tupinambás e seus invasores europeus, e causos dos que viveram na época do presídio na praia de Dois Rios.

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“ Nova desconexão é recolhimento, silencio. O turbilhão de imagens mentais se desfaz. A mente calma, acalma a alma. ”

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Em desconexão, esse santuário natural, de Ilha Grande, reservou surpresas. Todo dia, a cada nova trilha, ouvia o grito estridente de uma Araponga e o rugido dos Bugios ecoado por toda floresta.

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Subimos o Pico do Papagaio num dia de céu de brigadeiro. Descemos até a praia da Feiticeira e atravessamos até a praia de Dois Rios e Lopes Mendes.

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Então completamos o ciclo. Refizemos a conexão!

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DesConexão – Parte 1Parte 2.

DesConexão Parte 2 – Cânions no Rio Grande do Sul

“ Ganhamos conteúdo e perdemos foco. Tanta informação generalizada e banalizada. A concentração se torna uma árdua tarefa. ”

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Em desconexão, me embrenhei na floresta de araucária, desci vales e subi cânions. Da Ferradura ao Caracol, percorri trilhas, subi mirantes e avistei cascatas.

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“ Uma geração digital que não presta atenção em uma coisa só, mas em várias. Um novo mundo de informações fatiadas em pedaços cada vez menores. ”

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Em desconexão, desci a trilha em declive. No trecho final, o borrifo vindo da queda d’água anunciou a imponência do Arroio Caçador. Aos pés da cascata e as margens do rio Caí, descansei ao lado das corredeiras sob o sol daquela tarde.

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“ O melhor é buscar o caminho do meio, do equilíbrio entre o real e o virtual. A vida na rede social tem escuridão e luz. A vida real também. Vai depender da qualidade da sua conexão. ”

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Em desconexão, fui em busca dos cânions na Serra Geral e Aparados da Serra. No meio do caminho descobri a Pedra do Segredo.

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Avistei imensos paredões e abismos por quilômetros sem fim. As cascatas despencaram na profundeza da depressão. Lá no fundo, corredeiras e piscinas naturais corriam em direção a costa.

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De volta ao litoral, fui em busca da última DesConexão (Parte 3).

DesConexão – Parte 1 e Parte 3.

DesConexão Parte 1 – Bombinhas e Torres

“ O cotidiano é devorado pela conexão rápida. A vida real é consumida pelo virtual. ”

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Em desconexão, dos Molhes, passando pela Guarita até Itapeva, fui atraído pela imensidão da areia, sol e mar.

Aos olhos, uma pintura em tons claros, quase descolorida, uma suavidade serena, envolvendo tudo ao redor em uma atmosfera de tranquilidade e pureza.

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“ Incomodado com o status quo, faço a desconexão. Toda avalanche de informações escorreu pelo ralo do tempo. ”

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Em desconexão, o destino me levou a cenários inesquecíveis de dunas, falésias e grandes extensões de praia.

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“ A fadiga mental se desfaz quando não se senti culpado por não estar fazendo nada. O indivíduo ansioso retorna a sua essência de equilíbrio e paz. ”

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Em desconexão, vejo homens assolados pelo vento que se comunicam com as ondas, entre o lazer e a labuta.

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DesConexão – Parte 2 e Parte 3.