Parque Estadual Pico do Marumbi

O PEPM está localizado em uma região de Mata Atlântica que envolve o maciço do Marumbi. É parte da serra paranaense que separa a região litorânea do planalto, com elevações que chegam a 1.539 m de altitude, e desnível de 1.100 m de altura.

O ponto mais alto neste trecho da serra é o Pico Olimpo que está a 1.539m de altitude. Foi conquistado por Joaquim Carmeliano Olimpio em 1879. Esta conquista marcou o início do montanhismo no país, e por este motivo o Marumbi é considerado o berço do montanhismo no Brasil, atraindo trilheiros e montanhistas que buscam suas trilhas íngremes e centenas de vias de escalada.

O Marumbi é formado por diversos picos acima dos 1.000 m de altitude. O acesso é através de duas trilhas, para os picos Abrolhos (1.200m), Ponta do Tigre (1.400m), Gigante (1.487m) e Olimpo (1.539m). As duas trilhas formam um circuito, com início e fim na Estação Marumbi, podendo subir por uma e descer pela outra, ou vice-versa.

A trilha Noroeste (vermelha), chega primeiro na bifurcação para acesso ao Abrolhos e segue até a Ponta do Tigre. Esta via sobe vertentes da montanha, como o Vale das Lágrimas e da Catedral, e atravessa debaixo do Apartamento 11, um conjunto de rochas entre os maciços. Nível de dificuldade alta em 4 horas até a Ponta do Tigre e 1.000 m de desnível.

Da Ponta do Tigre a trilha segue até o Gigante e Olimpo. A trilha Frontal (branca), chega direto no ponto mais alto, o Pico Olimpo. Também considerada nível de dificuldade alta, com passagens em rampas de pedra, com grampos, correntes de ferro e cordas, em 4 horas até o Olimpo e 1.100 m de desnível.

Em caso de clima adverso reavalie a visitação, pois além de baixa visibilidade, o risco é alto devido ao terreno acidentado e declividade elevada. Contate o PEPM para mais informações e orientações.

Roteiro: Parque Estadual Pico do Marumbi (PEPM) – Morretes / PR

Cachoeira e Toca das Pacas

Ao pé da serra da Mantiqueira, zona rural de Pindamonhangaba, próximo ao bairro Ribeirão Grande, ouvimos falar de uma cachoeira escondida em uma pequena grota, camuflada dentro da mata, sem alguma indicação por placa.

A Cachoeira das Pacas foi esculpida pelas águas da serra em um leito rochoso com pouco desnível, construindo um belo e grande poço e uma inusitada toca.

Partindo de Ribeirão Grande, o primeiro caminho são cerca de 30 minutos e 10 km numa subida de serra onde um 4×4 vai ajudar muito. O outro são cerca de 17 km em 40 minutos, pela estrada municipal Claudio Ferreira de Macedo e estrada das Bicas até uma bifurcação antes de uma pequena ponte de pedra. Subir a esquerda na estrada e passar pela capela de Santa Luzia e uma porteira.   

Em seguida, estacionar próximo a uma curva na estrada onde tem duas grandes árvores a esquerda. Deste ponto o início da trilha está à direita, no morro de pasto logo a frente, do outro lado de um pequeno riacho. Se quiser pode deixar o carro no estacionamento da capela e subir a pé pela estradinha de terra por uns 600 metros até o início da trilha. Então é seguir na trilha até a cachoeira.

Ao chegar na cachoeira, o destaque está no poço de água cristalina, ótimo para banho. Ao lado do poço, a esquerda, vemos uma grande laje de pedra se projetando para fora. Ao lado, a boca da toca está evidente e o acesso é fácil até o ponto final onde temos a vista do outro lado da pequena cachoeira e do poço. Da capela a cachoeira, a caminhada de ida e volta é cerca de 2,5 km.

O Limiar entre Dois Mundos

No momento em que o sol se despede no horizonte e a noite começa a desdobrar seu véu de estrelas, estamos no limiar entre dois mundos. O céu é dominado por tons quentes que desbotam o azul no firmamento. Entre a luz fugaz e a escuridão iminente, sentimos um frio penetrante.

Neste instante, as formas rochosas se erguem como sentinelas silenciosas, enquanto a terra e o céu parecem arder em chamas, em nuances quase dolorosas à vista. A terra parece integrada ao infinito, como parte de algo maior, à medida que o crepúsculo avança. As sombras se dissipam, cedendo lugar à escuridão que dança com os astros e ao brilho das cidades.

Novas formas rochosas emergem como guardiãs, lançando um manto de mistério sobre a paisagem. A imaginação vagueia livremente até que o sono chegue, trazendo sonhos esquecidos que se dissolvem ao amanhecer. Na aurora gélida, antes dos primeiros raios de sol, o termômetro indica temperaturas abaixo de zero. Tudo ao redor parece congelado, inclusive minha mente. Por sorte, logo o sol traz consigo luz e calor.

O céu se transforma gradualmente em um novo espetáculo. Agora banhado pela radiante luz do dia. Neste novo momento o dia começa a desdobrar seu manto de esperança. Estamos em um novo limiar entre dois mundos.

Uma Elevação em Perspectiva

Ao longo do vale do rio Paraíba do Sul, temos elevações naturais que se destacam das terras ao redor, descansando sob uma serra contínua e aparentemente suave, onde a vista consegue apenas distinguir uma silhueta uniforme em contraste com o azul.

É um ser vivo que abrasa, desgasta, sedimenta e se movimenta, ao longo de milhões e milhões de anos. Felizmente, estamos sobre terras contínuas, distante das zonas de convergência da crosta. Por isso mesmo, sem grandes elevações em altitude.

Em contrapartida, temos belezas naturais impares, ficando evidente quando caminhamos sobre elas. Nestas terras, não são as altitudes que nos deixam sem folego, e sim as condições climáticas e geográficas distintas que nos desafiam a cada jornada.

Logo, no cume do gigante, ao final da tarde, sua sombra escondeu Cruzeiro e parte da planície no vale. Quando desci o maciço o sol se arrumou do outro lado do horizonte e a face leste ficou ficou ao abrigo das sombras, com realce para outras cidades no vale.

Ao amanhecer, a montanha mostrou uma nova perspectiva. A face oeste estava mergulhada na escuridão, escondendo a magnitude da encosta íngreme e destaque para os cumes pontiagudos. Esta visão foi se modificando ao longo da caminhada.

Ao meio dia, a montanha se transformou em outra. Tom cinza, fendas escuras e vegetação esverdeada até as escarpas mais íngremes. Novamente o município de Cruzeiro aparece timidamente, distante, em linha reta, apenas quinze quilômetros do pico.

Na manhã seguinte, com o sol a pino, uma outra face se revelou, aparentemente arredondada e com visibilidade dos montanhistas notadamente minúsculos. Mais uma vez outra face se abriu, agora um imenso paredão rochoso.

O rochoso escarpado anunciou a grandeza do paredão. Uma enorme fenda ficou evidente. É o pulo do gato, uma pedra entalada entre a fenda e o abismo. Uma passagem necessária para em seguida fazer duas escalaminhadas e alcançar o cume.

Como a segurança deve estar em primeiro lugar, é recomendado usar uma corda de uns vinte metros, alguns mosquetões, fitas de escalada e cadeirinhas, para  ancorar em ambos os lado e atravessar com segurança.

Pedra do Sino de Itatiaia

Ao descer o vale do Aiuruoca, à primeira vista temos a formação rochosa Ovos da Galinha e ao lado a pedra do Sino de Itatiaia. Como estávamos na Travessia do Rancho Caído, fizemos uma visitação nestes dois atrativos naturais.

Atravessando uma das nascentes do rio Aiuruoca, seguimos a direita com a visão da pedra do Sino e bem ao fundo a pedra do Altar. Paramos na sombra dos Ovos da Galinha para vislumbrar a imponência do maciço rochoso do Sino.

A trilha seguiu numa ascensão inicial mais inclinada e suavizou na metade da subida. Com olhar atento no caminho, que sutilmente se desenha nas curvas de nível e totens ao longo do trajeto, com uma vista panorâmica espetacular.

Assim, os Ovos da Galinha pareciam menores e outras formações rochosas curiosas surgiram quando atravessamos o trecho menos inclinado, com destaque para a serra ao fundo dos picos Marombinha e Maromba.

Ao chegar no cume, a 2.670 m de altitude, fomos primeiramente assinar o livro. Deste ponto, a amplitude do Parque Nacional de Itatiaia é imensa, com destaque para o pico Agulhas Negras, pedra do Altar e morro do Couto.

A visão é ampla, 360º a perder de vista. Com ajuda de um binóculo podemos ir longe na observação do caminho das trilhas, do acampamento Rancho Caído, e até do pico do Papagaio em Aiuruoca e pedra do Selado em Visconde de Mauá.

Acampar no Inverno

Acampar na montanha no inverno é uma experiência única e no mínimo especial. Requer uma dose de ousadia, vontade e equipamentos adequados para garantir sua segurança, sobrevivência e uma boa noite de sono.

O frio pode chegar ao extremo de temperaturas negativas. Essa dinâmica do clima está associada a fatores como latitude, altitude, relevo, vegetação, chuva, vento, entre outros. Além do nosso corpo também sentir a temperatura do ar de maneira aparente.

Chamamos isso de sensação térmica, sentimos que a temperatura está diferente da temperatura ambiente. Por exemplo, ao entrar num poço gelado, e ao sair, teremos a sensação que a temperatura do ambiente está mais agradável.

Nas montanhas brasileiras, no inverno, acima dos 2.000 m de altitude, é comum, no instante que o sol se pôr, em horas, a temperatura cair abruptamente em dezenas de graus célsius, e antes da meia noite facilmente chegar a 0ºC e negativo.

Então, a geada chega devagarinho, escondida na noite estrelada. É o orvalho congelado que, sob a forma de fina camada de gelo, recobre tudo que estiver ao relento. E assim, com certeza ao amanhecer o teto da barraca estará completamente congelado.

Ao caminhar na trilha, seguramente encontrará gelo acumulado no solo e sobre a vegetação. Facilmente conseguirá coletar placas de gelo as margens dos regatos, riachos e cachoeiras. Por horas esse gelo se conservará, mesmo em dias ensolarados do inverno.

Como disse, equipamentos adequados são essenciais para garantir sua sobrevivência. Por exemplo, o perigo da hipotermia é quando uma pessoa perde calor mais rápido do que pode mantê-la, em outras palavras, hipotermia é diminuição excessiva da temperatura corporal, abaixo dos 35°C.

Portanto, as roupas devem ser para temperaturas extremas, em camadas (1ª pele, 2ª pele), vestir um corta-vento, são fundamentais para manutenção da temperatura corporal. Para dormir, outros itens importantes são o isolante térmico e saco de dormir para baixas temperaturas.

Isso visto que o organismo humano, para realizar suas funções metabólicas, precisa apresentar temperatura entre 36°C e 37,5°C. Em temperaturas acima dos 37,5ºC ou abaixo dos 35ºC, irá causar problemas a saúde e requer atenção médica imediata.

Um Lugar Quase Isolado do Mundo

Entre muitas caminhadas, como dizem, neste “mundão sem porteira”, já encontrei alguns eremitas, pessoas morando em tocas, vales e matas, totalmente isolados do que chamamos civilização.

Em todos os casos, fomos recebidos numa presteza extrema, prontos para ouvir, numa troca de energia pura, onde fizeram questão de uma boa prosa. Serviram café, as vezes apenas bananas, e até ovo frito, beiju e brevidade.

Desta vez, no final da jornada foi necessário atravessar um morro, entre mata e pasto, de um lado para o outro, na Serra da Mantiqueira. Estávamos a quase duas dezenas de quilômetros distante de um pequeno lugarejo, que podemos chamar civilização.

Ao descer o morro do outro lado, avistamos uma casinha branca. Meus pensamentos ficaram à deriva. Seria habitada por um ermitão? Bem, naquele fim de mundo, tão longe para quem está a pé, só poderia morar um eremita.

Na descida, a trilha serpenteava as curvas de nível por onde o gado deveria passar, e as vezes, a casinha branca sumia de vista. Como a jornada estava no fim, o resgate deveria estar ali perto, no final de uma estradinha de terra.

Para nossa surpresa, a estradinha terminava na casinha branca. Naquele exato momento, não tínhamos visto, mas havia um idoso num fusca azul. Era o dono da casinha branca. Houve tempo apenas para saber que ele morava numa cidade grande.

Poderíamos chamá-lo de eremita urbano? Aquele indivíduo que vive na cidade e por vezes foge para seu cantinho no campo, gosta da vida em sociedade, de uma boa prosa, e ama a natureza. Com uma casinha branca e um fusca azul, acho que não.

Bela Vista

Os mirantes na Serra da Mantiqueira se espalham nas trilhas e travessias em montanha. Algumas vezes escondidos e outras escancarados para quem quiser ver.

Um mirante e um abismo, parceiros inseparáveis. Um enxerga as entranhas da terra, e o outro, vislumbra na linha do horizonte o perfil da serrania.

Nos mirantes acima das nuvens ficamos com a impressão de estarmos no olimpo dos deuses. Às vezes, parecem estar tão próximas que podemos tocá-las.

Em todo mirante podemos vivenciar este espetáculo singular da natureza, o nascer e/ou o pôr do sol.

No entanto, ao cair da noite é que percebemos a extensão de um pequeno povoado ou um grande centro urbano. As luzes artificiais irão ofuscar sua vista.

Uma Casinha no Campo

Eu tenho uma casinha no campo onde escrevo minhas estórias e muito mais.

“Onde impera a paz e o silêncio para eu poder perscrutar meus pensamentos. Onde a esperança transborda o riacho, mesmo na estiagem. Onde meu corpo e espírito subitamente se encontram nas noites de luar. Onde os animais silvestres me veem na mata e eu apenas suspeito que estejam lá. Onde eu possa cultivar as egrégoras de boas energias emocionais, físicas e mentais. Onde sempre tem flores no jardim, mesmo em dias pálidos. Onde a colheita fértil mostra que valeu a pena calejar as mãos. Onde o pau a pique e o sapé deu lugar a alvenaria e uma boa internet do Elon.”

Eu tenho uma casinha no campo do tamanho do meu sonho, nem mais nem menos.