Apesar de já ter explorado muitas trilhas pela Serra da Mantiqueira, essa jornada teve um sabor especial. O formato de “travessia e circuito” trouxe um desafio a mais – não apenas pela distância percorrida, mas pelo desnível em plena Mata Atlântica. Deixamos de lado a tranquilidade carnavalesca de São Francisco Xavier para nos perdermos na beleza do entardecer avermelhado que tingia as montanhas do Sul de Minas, e à noite, a lua nova, tímida, despontava sobre Monte Verde.
A natureza, como sempre, nos reservou surpresas. Após cruzarmos o Vale dos Duendes, devido ao som de galhos quebrando, fomos presenteados com a rara visão de um grupo de muriquis – serenos, balançando entre as copas das árvores. Mas o grande susto da expedição veio à noite, já acampados na mata próxima à Pedra da Lua. Um ruído constante, como de uma “garoa fina”, revelou-se algo inusitado – centenas de formigas cruzando nosso acampamento.
No dia seguinte, a trilha mostrou sua face mais impiedosa. A metade do percurso foi marcada por obstáculos naturais – árvores e bambus caídos cobrindo a trilha, exigindo fôlego e atenção redobrada. Ainda assim, a recompensa veio com o entardecer, quando alcançamos o Acampamento dos Mirantes. Como de costume, após o jantar, seguimos até o mirante da Pedra Bela Vista. Lá, mais uma vez, nos rendemos à vista noturna e estonteante do Vale do Paraíba.

Foi uma aventura repleta de descobertas – entre elas, a bela revelação da Pedra da Lua, do lado mineiro da serra. Dali, cada formação rochosa parecia contar uma história, compondo uma vista de beleza singular que ficará para sempre na memória.







