A canoa de voga é esculpida a partir de um único tronco de árvore do guapuruvu, cedro ou jequitibá, e chegava a ter 20 m de comprimento por 2 m de largura. O conhecimento da construção foi transmitido oralmente pelos nativos que habitaram a região.
Ainda hoje vemos nas comunidades caiçaras a canoa de voga como meio de locomoção. No início era canoa a remo, então se acrescentou a vela dando origem ao nome, e depois adaptada para motor.
No período colonial a canoa de voga foi muito utilizada para transporte de material para construção dos engenhos e fazendas, como também, transporte de açúcar, café e aguardente para as embarcações da época.
Para Santos e Rio de Janeiro, transportavam tabaco, aguardente e uma infinidade de frutas, hortaliças, aves, ovos, cabritos, esteiras, objetos de barro, além é claro, de passageiros. Retornavam com arroz, feijão e carne. Ainda hoje são usadas para pesca e transporte de pessoas e produtos.
A canoa de voga resiste aos tempos modernos de embarcações a motor, construída em fibra ou alumínio, onde o rigor da legislação ambiental proíbe o corte de árvores e a constatação da falta dos antigos mestres canoeiros.
A canoa de voga é símbolo da relação de harmonia do caiçara com a natureza. Da mata que provê água doce, alimento e madeira como recurso para o caiçara adentrar ao mar em busca do pescado e se locomover entre as praias, ilhas e continente.
Existem várias comunidades tradicionais caiçaras tanto no interior como no entorno do Parque Estadual de Ilhabela. Algumas comunidades estão no Saco do Sombrio, Bonete, Castelhanos, ilhas da Vitória e dos Búzios.
Então nas trilhas pudemos ouvir histórias fantásticas de viagens, contadas através de gerações, das lembranças dos caiçaras, que marcam o ritmo da remada, esperam o melhor vento ou trançam a rede no Canto do Nema.







