Trilha das Borboletas

A manhã nasceu tímida, envolta por nuvens e algumas brechas de sol. A temperatura era agradável, o vento soprava suave – mas bastaram poucos passos para o calor começar a cobrar seu preço – o suor já escorria pelo rosto.

No início da trilha, atravessamos um riacho, equilibrando-nos sobre pedras e charcos de barro, ainda caminhando em terreno plano. Ao nosso lado, a serra se erguia imponente – o cume, nosso destino final, parecia quase inalcançável lá no alto.

Pouco a pouco, o pasto verde cedeu lugar a uma mata fechada, e reencontramos o mesmo riacho que atravessáramos antes. Suas águas límpidas formavam poços tentadores para um mergulho – mas a jornada estava apenas começando. Seguimos adiante, agora em aclive permanente.

A subida, constante e desafiadora, nos levou por trechos escorregadios e pedregosos. De tempos em tempos, uma janela nas nuvens surgia, permitindo olhar para trás e avistar, pequenino, o vale de onde partimos.

Em uma hora e meia, chegamos à primeira bifurcação, já 375 metros acima do ponto de partida. Mais trinta minutos de esforço e vencemos a segunda bifurcação, acumulando 555 metros de desnível – a metade do caminho. Foi aí que a trilha se mostrou desafiadora: o terreno ficou mais íngreme, o barro e as pedras tornaram cada passo uma luta.

Após três horas de caminhada, atingimos a terceira bifurcação, com um desnível de 970 metros. Fizemos uma pausa rápida para recuperar o fôlego e, com as energias renovadas, enfrentamos o último trecho de subida rumo ao cume do Pico do Itapeva.

Em cerca de três horas e meia, completamos a ascensão, alcançando 1.170 metros de ganho de altitude. Hora de hidratar, comer frutas e a famosa “misturinha” para reabastecer as forças.

A nebulosidade continuava dominante, permitindo apenas vislumbres do vale e da serra abaixo. Na descida, depois da terceira bifurcação, avistamos dois pequenos morros convidativos, que prometiam vistas panorâmicas incríveis e, atravessando um deles, poderíamos visitar uma cachoeira e ruínas de uma antiga arquearia. Uma tentação a ser explorada em outra aventura.

Por volta do meio-dia, o céu escureceu de repente – e a tempestade desabou. Bem diferente da previsão, a trilha virou um riacho em fúria, com pequenas cascatas se formando onde antes era só barro e pedra. A dificuldade na descida triplicou até chegar na segunda bifurcação. Depois disso, a chuva diminuiu, mas o terreno continuou traiçoeiro até o Ribeirão Grande.

Foi uma jornada intensa, desafiadora e inesquecível. No fim, somamos um impressionante desnível em altitude de 2.340 metros entre subida e descida.

Cachoeira e Toca das Pacas

Ao pé da serra da Mantiqueira, zona rural de Pindamonhangaba, próximo ao bairro Ribeirão Grande, ouvimos falar de uma cachoeira escondida em uma pequena grota, camuflada dentro da mata, sem alguma indicação por placa.

A Cachoeira das Pacas foi esculpida pelas águas da serra em um leito rochoso com pouco desnível, construindo um belo e grande poço e uma inusitada toca.

Partindo de Ribeirão Grande, o primeiro caminho são cerca de 30 minutos e 10 km numa subida de serra onde um 4×4 vai ajudar muito. O outro são cerca de 17 km em 40 minutos, pela estrada municipal Claudio Ferreira de Macedo e estrada das Bicas até uma bifurcação antes de uma pequena ponte de pedra. Subir a esquerda na estrada e passar pela capela de Santa Luzia e uma porteira.   

Em seguida, estacionar próximo a uma curva na estrada onde tem duas grandes árvores a esquerda. Deste ponto o início da trilha está à direita, no morro de pasto logo a frente, do outro lado de um pequeno riacho. Se quiser pode deixar o carro no estacionamento da capela e subir a pé pela estradinha de terra por uns 600 metros até o início da trilha. Então é seguir na trilha até a cachoeira.

Ao chegar na cachoeira, o destaque está no poço de água cristalina, ótimo para banho. Ao lado do poço, a esquerda, vemos uma grande laje de pedra se projetando para fora. Ao lado, a boca da toca está evidente e o acesso é fácil até o ponto final onde temos a vista do outro lado da pequena cachoeira e do poço. Da capela a cachoeira, a caminhada de ida e volta é cerca de 2,5 km.

Trilha do Rio Grande – Parque Estadual da Serra do Mar

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Saindo bem cedo de São José dos Campos seguimos em direção a São Luís do Paraitinga, sentido Parque Estadual da Serra do Mar – PESM, Núcleo Santa Virgínia, Base Natividade da Serra.

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O Parque Estadual da Serra do Mar foi criado em 1977 com o objetivo de proteger parte dos remanescentes de Mata Atlântica. Suas encostas de altitudes elevadas abrigam árvores de grande porte como o cedro e guatambu que abrigam bromélias, orquídeas e samambaias.

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No PESM preserva-se uma palmeira nativa da Mata Atlântica que está ameaçada de extinção. Também chamada de içara, é mais conhecida como palmito juçara. Estes nomes são derivados do seu nome em tupi: yu’sara.  

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A região tem relevo acidentado que favoreceu a formação de corredeiras e cachoeiras nos rios Ipiranga, Ribeirão Grande e Palmital, afluentes do rio Paraibuna. A trilha do Rio Grande esconde poços naturais e cachoeiras, sem contar a diversidade de espécies vegetais e animais que constituem a biodiversidade da floresta atlântica.

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Ás margens do Ribeirão Grande e protegido pela floresta, passamos pelos poços naturais do Ribeirão Grande e dos Peixes. A caminhada tem seu destino final na cachoeira da Boneca numa distância total de treze quilômetros.

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Uma trilha de grande beleza natural!

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Local: Natividade da Serra / SP