Era começo da primavera em um dia de céu limpo. O vento frio varria as ondas do mar e o sol matinal deixara a areia da praia numa quentura agradável. Paramos de caminhar e ficamos na espreita para observar as aves. Não era possível ouvir o canto graças ao escarcéu que fazia a ventania e o mar.
Era como um balé, as aves dançando contra o vento. Elas se revezavam a cada nova decolagem e aterrisagem, chegavam de mansinho, em câmera lenta.
Nas alturas, muito acima pairava uma ave de rapina, toda soberana. Examinava as possíveis presas e numa ascendente fez meia volta em direção a mata.
Adentro da praia havia um lagamar e outros pássaros. Todos olhavam na mesma direção como que vendo algo que eu não conseguia perceber.
“A sensação era que o tempo tinha parado… Ah se fosse um deles, faria festa a cada voo, a cada nova perspectiva e cantaria em todos os cantos. Eh, então de volta à terra…”
Percebi que estava sendo observado. Ele estava com olhar fixo em mim, parecia que estava lendo a minha mente.
P.S.: pássaros observados: Talha-mar, Carcará, Garça-branca, Savacu-de-coroa, Gaivota-de-asa-escura e Martim-pescador.







