A Montanha Mais Alta – Sapucaí Mirim

“Quando se sobe a montanha mais alta da região e se vê tantas outras, percebe-se quão vasta e majestosa é a Serra da Mantiqueira ao redor. ”

Logo na estrada, ao amanhecer, já avistamos a belíssima formação rochosa do complexo do Baú, com vista das três pedras – Ana Chata, Baú e Bauzinho.

Desta vez nosso objetivo final foi a Pedra Bonita, também conhecida como Pedra do Campestre. É o ponto mais alto de toda região na divisa entre os municípios de Gonçalves e Sapucaí Mirim no extremo sul de Minas Gerais.

A partir dos dois mirantes até o cume, a 2.120 m de altitude, em dia de boa visibilidade e com alguma paciência, é possível avistar uma dezena de pedras, montanhas e serras…

Como as Pedras do Forno, da Balança, da Divisa, do Baú, e Pico São Domingos. 

Observando atentamente, logo atrás do Baú, a silhueta do maciço Marins-Itaguaré, e quase desapercebido a Serra Fina, com destaque para o pico da Pedra da Mina. 

Ainda na Mantiqueira, os Picos Agudo e Trabiju, e Serra dos Poncianos.

Por Gonçalves são 8 km de trilha, enquanto que por Sapucaí Mirim são 10 km.

O Ar que Eu Respiro – Pedra da Mina

Ar fluido

Acordei revitalizado após longa e extenuante caminhada. No topo da montanha, saí da barraca para apreciar aquele sol animado. Me espreguicei em cada músculo. Dei alguns passos. Ainda meio cambeta, fiz o corpo pegar no tranco.

Ar ativo

Pensei, pare de viajar tanto. Respirei fundo, lento e ritmado. Instantaneamente tudo ficou mais claro. Estava rindo como criança. Raciocínio, reflexo e memória refinados.

Ar renovado

A paisagem era de cinema, cintilante. Um grande sol sobre as nuvens, completamente acima das montanhas. Havia um calor aconchegante e ar fresco.

Ar manifesto

Os raios do sol matinal cortavam a minha pele. Me sustentei com vitamina D. Tudo parecia descomplicado. A mente estava arejada.

Ar da vida

Tentei não pensar em nada. Meu espirito saudou a natureza. De olhar fixo no horizonte veio o sentimento de gratidão. Estava contente por apenas respirar.

Ar puro

A liberdade justa é como respirar o ar puro. A depressão e irritabilidade perecem sem deixar rastros. Santo remédio esse ar puro.

Simplesmente Ir Ver

” Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver. “

Amyr Klink

Trekking Pedra da Mina ao Capim Amarelo – Passa Quatro

A travessia da Serra Fina é um clássico do montanhismo brasileiro. Dizem que no sentido contrário, da Fazenda do Pierre a Toca do Lobo, o desafio é maior.

Nesse trecho fomos da Pedra da Mina (2.798 m a.n.m.) ao Capim Amarelo (2.491 m a.n.m.).

” Magnifico entardecer com vista do Capim Amarelo bem ao centro. “

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No dia seguinte, acordamos logo cedo para ver o nascer do sol com a silhueta do Pico das Agulhas Negras ao fundo.

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” Aproveitamos também para nos aquecer após uma longa e fria noite. “

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A oeste, a sombra da Pedra da Mina destacou ao centro o pico Capim Amarelo, nosso destino naquele dia.

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Como na Serra Fina não tem trégua, o calor e nebulosidade foram constantes durante todo o trajeto.

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” O vento, como sempre, demostrou sua força desenhando ondas de nuvens ao longo da crista da serra. “

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Após duas horas de trekking paramos para coletar água no rio Claro e por volta do meio dia o clima dava sinais que teríamos um pé-d’água ao final da tarde.

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Na descida ao acampamento Maracanã começou a chuviscar e logo chegou uma forte cerração.

” O perrengue se instalou na subida do Capim Amarelo, com vento, frio e chuva. “

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Com gana e a passos lentos chegamos ao cume. Montamos e pulamos rapidamente para dentro das barracas.

Em poucos minutos a chuva cessou, a temperatura aumentou e podemos sair dos abrigos. Apesar do cansaço fomos preparar o jantar.

Para nosso deleite, o pós-tempestade deixou a tarde mansa, de ar parado, céu alaranjado e a visão de onde partimos pela manhã.

” A Pedra da Mina escondida entre nuvens. “

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Em cada acampamento, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo produzido foi trazido conosco e descartado em local apropriado.

Pedra da Mina – Passa Quatro

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Pedra da Mina é a quarta montanha mais alta do Brasil com altitude de 2.798 metros. O cume está na divisa dos municípios de Passa Quatro, Queluz e Lavrinhas, entre os estados de Minas Gerais e São Paulo.

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Em 1955 o pico da Pedra da Mina foi conquistado a partir do bairro rural do Paiolinho. Naquela ocasião o registro de altitude foi 2.718 metros.

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Em 2000 o geógrafo Lorenzo Giuliano Bagini confirmou que a Pedra da Mina era aproximadamente 6 metros mais alta que o Pico das Agulhas Negras (2.792 m).

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Em 2004, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto Militar de Engenharia (IME), através do Projeto Pontos Culminantes do Brasil, registrou oficialmente a Pedra da Mina como a montanha mais alta do estado de São Paulo e quarta montanha mais alta do Brasil.

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Na vertente da Pedra da Mina nasce o rio Claro e Verde. Isto prova o nome Mantiqueira, dado pelos índios, como “serra que chora” por causa da existência de inúmeras nascentes em sua encosta.

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Este trecho da Mantiqueira é conhecido como Serra Fina e detêm uma das mais belas e difíceis Travessia do Brasil. Enfim, a Pedra da Mina é uma referência de montanhismo no Brasil.

Local: Passa Quatro / SP

Serra Fina – Passa Quatro

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A Serra Fina situa-se na Serra da Mantiqueira. É uma das mais importantes cadeias de montanhas do Brasil. A porção maior localiza-se no município de Passa Quatro, e demais áreas, em Itanhandu, Lavrinhas, Queluz e Resende.

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A Serra Fina tem um desnível topográfico com mais de 2.200 m do cume da Pedra da Mina à base da serra no lado do Vale do Paraíba. Como a encosta sul é muito íngreme e possui largura estreita ao longo de toda a crista da serra, daí vem o nome Serra Fina.

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Ao Norte avista-se o Sul de Minas Gerais e as montanhas de Aiuruoca. Ao Sul vê-se a Serra da Bocaina. Na extremidade leste vemos o maciço de Itatiaia e a oeste o maciço do MarinsItaguaré. A sudeste e sudoeste veem-se o Vale do Paraíba, da cidade paulista de Pindamonhangaba até a cidade carioca de Barra Mansa.

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Este maciço acomoda uma dezena de montanhas acima de 2.400 m de altitude. Os destaques são Pedra da Mina (2.798 m), quarta montanha mais alta do Brasil, Pico dos Três Estados (2.656 m), ponto tríplice da divisa dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e Pico Capim Amarelo (2.491 m).

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A melhor maneira de conhecer esta magnífica serra é fazer a travessia pelo espigão principal. Uma travessia de tirar o fôlego em todos os sentidos! Seja pelo alto grau de dificuldade, paisagens únicas e possibilidade de avistar inúmeras cidades do Vale do Paraíba, Sul de Minas e Grande Rio.

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Esta travessia é isolada da civilização. Durante o verão chuvas fortes e raios atormentam a Mantiqueira. No inverno, devido a altitude, a temperatura atinge facilmente marcas negativas. Ventos constantes e rajadas são frequentes em qualquer estação do ano. A navegação pode ficar confusa em determinados pontos da travessia. A formação de neblina também dificulta a orientação. A água é escassa durante o percurso e deve ser racionada. Em caso de acidente grave a única saída rápida é através de resgate de helicóptero.

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Para esta travessia é importante ter boa experiência em montanha, conhecimento de orientação e navegação, equipamento técnico, condicionamento físico e um bom planejamento e logística para garantir a segurança do grupo em uma das serras mais lindas e desafiadoras do Brasil.

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Local: Passa Quatro / MG.

Entre Vales e Picos – Caminhar é Preciso

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Numa travessia os dias são longos e as noites são um descanso profundo. A jornada exige atenção e celebração, seja pela beleza do caminho ou simplesmente pela missão cumprida.

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Em uma destas longas caminhadas, depois de uma noite gelada, amanheceu ensolarado e a ventania indicava boas condições climáticas. Logo no segundo dia, um amigo já demonstrava certa preocupação pela jornada que se iniciava. Então começamos a trilha e em alguns momentos, algumas palavras de incentivo eram pronunciadas ao vento, como sem sentido, despretensiosas e alegres.

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Alguns achavam estranho aquele comportamento, mas ao longo do dia isso fez toda diferença e chegamos ao destino planejado. Logo após o jantar, este amigo me procurou e comentou que achava que não conseguiria se não tivéssemos agido como cada um zelando pelo outro. Algo me dizia que ele conseguiria. Tinha preparo físico, mas faltava confiança e naquele momento a mente dele jogava contra.

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A confiança é a essência de um processo do autoconhecimento, é a semente que germina dentro de nós para alcançar aquilo que buscamos. Se dentro de nós não tivermos esta certeza, os resultados não serão atingidos e desistiremos diante do primeiro obstáculo. Entre vales e picos os obstáculos são gigantescos diante da mãe natureza. Se a pensamento solto dominar nossa essência, seremos escravos de uma existência sem significado.

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Respirar profundamente e sentir o batimento cardíaco. Estar vivo agora! Este instante e nada mais! Esta jornada por si só já é uma grande benção. Na ansiedade da vida moderna ficamos cegos e deixamos de nos sentir vivo. Na caminhada podemos observar se alegria e serenidade fazem parte da jornada. Se não, estamos nos distanciando da nossa essência espiritual. Quando estes sentimentos estiverem presentes em nosso dia a dia, a caminhada terá um significado maior onde o ego e a mente não terão poder sobre o nosso verdadeiro Ser.

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” Como a primavera, época primeira que antecede o verão, onde as borboletas e abelhas voam de flor em flor em busca do néctar das flores, que a busca pelo conhecimento de si seja como um néctar doce e rico de confiança. “

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Que venha a próxima travessia. Boa semana!