Pedra do Sino de Itatiaia

Ao descer o vale do Aiuruoca, à primeira vista temos a formação rochosa Ovos da Galinha e ao lado a pedra do Sino de Itatiaia. Como estávamos na Travessia do Rancho Caído, fizemos uma visitação nestes dois atrativos naturais.

Atravessando uma das nascentes do rio Aiuruoca, seguimos a direita com a visão da pedra do Sino e bem ao fundo a pedra do Altar. Paramos na sombra dos Ovos da Galinha para vislumbrar a imponência do maciço rochoso do Sino.

A trilha seguiu numa ascensão inicial mais inclinada e suavizou na metade da subida. Com olhar atento no caminho, que sutilmente se desenha nas curvas de nível e totens ao longo do trajeto, com uma vista panorâmica espetacular.

Assim, os Ovos da Galinha pareciam menores e outras formações rochosas curiosas surgiram quando atravessamos o trecho menos inclinado, com destaque para a serra ao fundo dos picos Marombinha e Maromba.

Ao chegar no cume, a 2.670 m de altitude, fomos primeiramente assinar o livro. Deste ponto, a amplitude do Parque Nacional de Itatiaia é imensa, com destaque para o pico Agulhas Negras, pedra do Altar e morro do Couto.

A visão é ampla, 360º a perder de vista. Com ajuda de um binóculo podemos ir longe na observação do caminho das trilhas, do acampamento Rancho Caído, e até do pico do Papagaio em Aiuruoca e pedra do Selado em Visconde de Mauá.

Acampar no Inverno

Acampar na montanha no inverno é uma experiência única e no mínimo especial. Requer uma dose de ousadia, vontade e equipamentos adequados para garantir sua segurança, sobrevivência e uma boa noite de sono.

O frio pode chegar ao extremo de temperaturas negativas. Essa dinâmica do clima está associada a fatores como latitude, altitude, relevo, vegetação, chuva, vento, entre outros. Além do nosso corpo também sentir a temperatura do ar de maneira aparente.

Chamamos isso de sensação térmica, sentimos que a temperatura está diferente da temperatura ambiente. Por exemplo, ao entrar num poço gelado, e ao sair, teremos a sensação que a temperatura do ambiente está mais agradável.

Nas montanhas brasileiras, no inverno, acima dos 2.000 m de altitude, é comum, no instante que o sol se pôr, em horas, a temperatura cair abruptamente em dezenas de graus célsius, e antes da meia noite facilmente chegar a 0ºC e negativo.

Então, a geada chega devagarinho, escondida na noite estrelada. É o orvalho congelado que, sob a forma de fina camada de gelo, recobre tudo que estiver ao relento. E assim, com certeza ao amanhecer o teto da barraca estará completamente congelado.

Ao caminhar na trilha, seguramente encontrará gelo acumulado no solo e sobre a vegetação. Facilmente conseguirá coletar placas de gelo as margens dos regatos, riachos e cachoeiras. Por horas esse gelo se conservará, mesmo em dias ensolarados do inverno.

Como disse, equipamentos adequados são essenciais para garantir sua sobrevivência. Por exemplo, o perigo da hipotermia é quando uma pessoa perde calor mais rápido do que pode mantê-la, em outras palavras, hipotermia é diminuição excessiva da temperatura corporal, abaixo dos 35°C.

Portanto, as roupas devem ser para temperaturas extremas, em camadas (1ª pele, 2ª pele), vestir um corta-vento, são fundamentais para manutenção da temperatura corporal. Para dormir, outros itens importantes são o isolante térmico e saco de dormir para baixas temperaturas.

Isso visto que o organismo humano, para realizar suas funções metabólicas, precisa apresentar temperatura entre 36°C e 37,5°C. Em temperaturas acima dos 37,5ºC ou abaixo dos 35ºC, irá causar problemas a saúde e requer atenção médica imediata.

Noite Eterna

Quando a noite parece eterna?

Quando se planejou meia boca, deixou de lado um roteiro e fez descaso para as questões logísticas, ou ainda, acampou no improviso, sem os equipamentos mínimos necessários para uma boa noite de descanso.

Quando a natureza, na sua grandiosidade, chegou avassaladora, dizendo que quem manda no pedaço é ela, trazendo tempestades e condições climáticas extremas, e os equipamentos não foram apropriados para garantir segurança e mínimo conforto.

Quando alguém do grupo não se preparou fisicamente para o desafio, dificultando a jornada de todos, ou participou de um grupo sem liderança e sem objetivos comuns para a boa convivência, com integrantes sem o verdadeiro espírito trilheiro e de montanhista.

Quando apesar de tudo arrumado, imprevistos ocorreram, e daí fomos desafiados no limite de nossas forças físicas e mentais; e fomos resilientes para superar os conflitos. Houve a necessidade de reajustar a rota ou simplesmente encurtar o caminho.

Mas sob outra perspectiva, foi em noites eternas que se vislumbrou as estrelas por uma eternidade. A beleza disso tudo foi a esperança que se renovou após cada pernoite, onde ao amanhecer, fomos presenteados com um dia radiante.

Por isso, na finitude dessa jornada, a consciência seguirá na eternidade. O jeito é aproveitar o máximo, da melhor forma possível, mesmo quando surgirem noites eternas, e corajosamente seguir em frente. Caminhar é preciso!

Montanha de Flores – Parque Nacional de Itatiaia

Literalmente encontramos uma montanha de flores.

Esta unidade de conservação de proteção integral representa muito bem os ecossistemas de mata atlântica e campos de altitude.

O planalto de Itatiaia se destaca por uma relevância ecológica e beleza cênica única, acima dos 1.600 metros de altitude, com uma flora exuberante.

As flores são um sucesso evolutivo com grande diversidade genética e adaptativa para conseguir a polinização. Na região de Itatiaia fica evidente esse efeito evolutivo.

A polinização ocorre através do vento, água, insetos, aves e morcegos. Para atrair os agentes voadores, a recompensa é o pólen, néctar, óleos ou odores.

As abelhas são os principais polinizadoras. Estudos indicam grande contribuição na preservação das espécies vegetais e manutenção da variabilidade genética.

A riqueza biológica em Itatiaia é tão generosa que as margaridas catalogadas são 183 e as orquídeas são 216 espécies, sendo 45 endêmicas.

Segundo o Centro Nacional de Conservação da Flora, foram identificadas 92 espécies ameaçadas de extinção no Parque Nacional de Itatiaia.

A Sempre-viva é também conhecida como sempre-viva-de-mil-flores, chuveirinho ou sombreiro. Ou ainda capipoatinga, do tupi-guarani, capim da ponta branca.

O Lírio da mantiqueira é uma flor nativa do Brasil. Também conhecida como amarílis, lírio-do-mato ou açucena. Planta adaptada na Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

A Utricularia é uma espécie de planta carnívora (insetívora). Com flores grandes e coloridas, esconde sua armadilha no solo encharcado, em folhas modificadas para sugar a presa.

O Brinco-de-princesa é uma flor pendente e lembra um brinco. Na foto é uma Fucshia regia que é comestível. Adorada por beija-flores. Adaptada ao inverno e às geadas.

Ovos da Galinha – Parque Nacional de Itatiaia

O maciço de Itatiaia revela grandes afloramentos rochosos em um processo erosivo de milhões de anos.

Pela manhã partimos na caminhada, a partir do camping Rebouças, contemplando as belas paisagens no planalto de Itatiaia.

As montanhas e pedras de Itatiaia, com formas no mínimo curiosas, receberam nomes como Agulhas Negras, Altar, Asa de Hermes, Assentada, Camelo, Couto, Maçã, Prateleiras, Sino e Tartaruga.  

Uma formação rochosa em especial é chamada de Ovos da Galinha. Localizada entre a cachoeira do Aiuruoca e Pedra do Sino.

No cume da Pedra do Altar se avista os ovos como cinco pedras sobre uma pequena elevação rochosa.

A princípio parecem pequenas, no entanto quando nos aproximamos, os Ovos da Galinha impressionam pelo tamanho. Quanto ao formato, toda imaginação é valida para vê-las como ovos de uma galinha.

Entretanto, uma delas parece uma “mão gorducha” e outra uma “galinha da angola”. Outra curiosidade foi encontrar no chão de pedra uma depressão em formato perfeito de um “coração”.

Dia de muita nebulosidade, ventania e calor. Aparentemente as chuvas mantiveram-se na região de Visconde de Mauá e Itatiaia.

É trilha para espiar as montanhas com calma.

Nesse caminho avistamos as Prateleiras, Agulhas Negras, Asa do Hermes, Pedra do Altar, Morro do Couto e Pedra do Sino.

No meio da tarde, de volta ao camping, nada melhor que um banho revigorante na represinha do Rebouças. Depois um café para esperar o jantar em noite de lua cheia.

 

Os Rios vão Comigo

“Os rios que eu encontro vão seguindo comigo.
Rios são de água pouca, em que a água sempre está por um fio.

Cortados no verão que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome e que abraço como a amigos.

Uns com nome de gente, outros com nome de bicho, uns com nome de santo, muitos só com apelido.

Mas todos como a gente que por aqui tenho visto: a gente cuja vida se interrompe quando os rios.”

João Cabral de Melo Neto

Pareidolia – Parque Nacional de Itatiaia

Pareidolia é quando o cérebro enxerga algo familiar devido a um estímulo visual ou sonoro, aleatório e impreciso, e busca um significado, interpretando como rostos, animais ou objetos. É um efeito psicológico. O que se vê depende exclusivamente do observador. Vários observadores podem ter a mesma interpretação ou simplesmente divergirem completamente, dado que cada observador tem uma condição psicológica única.

Começamos esta jornada com a visão de um ser alado. Semelhante a uma asa, pronta para voar. A enorme pedra Asa de Hermes está ao lado do pico Agulhas Negras, e pode ser facilmente visto no caminho para a Pedra do Altar.

Nas próximas duas fotos, vemos a cabeça de um lagarto saindo da terra e a cabeça de um animal, com olho e boca bem aparente. Cada pedra foi vista em ocasiões diferentes, durante a travessia entre Morro do Couto e Prateleiras.

Nesta pareidolia, o legal foi poder descansar sobre ela. Uma pedra com aparência de mão com quatro dedos semiaberta, ou simplesmente uma grande poltrona. Visto em um dia sob forte neblina.

Agora vemos um rosto humano. A face vista de lado, devido as sombras, realça o olho e nariz, e a boca parece estar fechada. Esta forma pode ser observada na Pedra do Altar, ao contornar a mesma caminhando no sentido Vale do Aiuruoca.

Vamos finalizar com a Pedra da Tartaruga, o qual dispensa qualquer descrição. Logo atrás dela, podemos ver uma pequena parte da Pedra da Maçã, e neste caso vamos deixar você imaginar como ela é. Estas pedras estão escondidas ao lado das Prateleiras.

Os Filhos são como as Águias

” Os filhos são como as águias, ensinarás a voar, mas não voarão o teu voo. Ensinarás a sonhar, mas não sonharão os teus sonhos. Ensinarás a viver, mas não viverão a tua vida. Mas, em cada voo, em cada sonho e em cada vida permanecerá para sempre a marca dos ensinamentos recebidos. “

Madre Teresa de Calcutá

Flamenguinho – Parque Nacional de Itatiaia

O sapo flamenguinho tem sua coloração dorsal escura e rugosa, fácil ser confundido com as pedras.

O Flamenguinho é símbolo do Parque Nacional de Itatiaia pela biodiversidade e importância do 1º parque nacional brasileiro.

Seu nome popular é muito fácil quando associado a um famoso time de futebol do Rio de Janeiro, o Flamengo, dado que por baixo tem um colorido vermelho e preto.

Agora nas primeiras chuvas de outubro o Flamenguinho sai para se reproduzir. Durante o acasalamento o macho e a fêmea podem ficar abraçados por 24 horas. Ele vive em poças e durante o dia é bastante ativo.

Em pesquisas feitas em julho de 2013, foi registrado estado de dormência durante o inverno. Encontrado hibernáculos com até 15 cm de profundidade no solo e barranco. Eles estavam imóveis e levaram 15 minutos para se locomoverem. Por outro lado, não descartam a adaptação em baixa temperatura ou condições secas da estação.

Então cuidado ao caminhar nas trilhas do parque porque o Flamenguinho estará perambulando pelo parque até março, quando após as chuvas de verão, o sapinho volta a se enterrar para entrar em estado de hibernação durante o inverno.