Paisagens do Semiárido – Parque Nacional da Serra da Capivara e das Confusões

Do Tupi, caatinga significa mata branca, ka’a + tinga, visto que a paisagem fica esbranquiçada pela vegetação no período de estiagem e seca extrema.

Todavia nos Parques Nacionais da Serra da Capivara e Serra das Confusões, mesmo na seca, as paisagens do semiárido são divinamente exuberantes e coloridas.

Ao percorrer o circuito Desfiladeiro da Capivara, na boca da Toca do Pajaú, a visão do céu azul em contraste com a terra seca, escondia a beleza que estava por vir.

Nos arredores da Toca do Caboclo da Serra Branca, de antemão pudemos constatar a boniteza dos xique-xique e bromélias abacaxi esparramadas pelo chão rochoso.

Durante o circuito Canoas, Toca do Caldeirão dos Canoas, até onde os olhos podiam espiar, fomos presenteados com uma vastidão de formações inusitadas.

Além disso os desfiladeiros areníticos esculpidos pelas chuvas e ventos realçam as rochas em tons amarelo-alaranjado e cinza-azulado.

No circuito Chapada, adentramos o Baixão das Andorinhas, Toca do Caldeirão do Rodrigues, Toca da Roça do Clóvis e Baixão das Mulheres.

No circuito Boqueirão da Pedra Furada e Sítio do Meio, visitamos os sítios arqueológicos mais importantes, local onde foi encontrado vestígios do homo sapiens e da mega fauna.

São amostras de fogueiras com datação carbono 14 entre 58 a 5 mil anos atrás, e por datação termoluminescência, na base rochosa, entre 100 a 14 mil anos atrás.

Na Toca do Sítio do Meio foi encontrado contas de um colar de grãos, fragmentos de cerâmica e uma machadinha de pedra polida, datados de cerca de 9 mil anos atrás.

Depois fomos caminhar na Serra das Confusões, local mais primitivo e natural, com sítios arqueológicos, grutas, mata e paredões rochosos.

Mocó da Caatinga – Parque Nacional da Serra da Capivara

” Nas trilhas pela Caatinga os Mocós estavam à espreita, meio desconfiados e ariscos. “

Os Mocós saiam das fendas para ver o que estava acontecendo. De olfato privilegiado, sabiam da nossa presença antes de chegarmos. Éramos vistos como uma ameaça, visto que emitiam um som de alerta para o grupo.

Como estratégia para nos aproximar e fotografar, entrávamos na toca no sentido contrário ao vento, a fim de não sermos denunciado pelo olfato aguçado. A princípio, ficavam inerte, e logo saiam desembestado.

O Mocó é um roedor com cauda atrofiada, de pelagem cinza, alaranjado e branco, densa e macia. Animal endêmico do Nordeste e norte de Minas Gerais. Pode pesar 1 kg com comprimento de 40 cm e viver até 8 anos.

” O nome tem origem na língua Tupi, mo’kó, significa animal que rói. “

Parque Nacional da Serra da Capivara

O Parque Nacional da Serra da Capivara é uma unidade de conservação arqueológica e de proteção integral à natureza, localizado dentro do bioma Caatinga no sudeste do estado do Piauí.

Graças ao trabalho da arqueóloga Niéde Guidon, o parque foi criado em 1979 para proteger mais de 700 sítios arqueológicos catalogados, representando a maior concentração de sítios pré-históricos do continente americano.

Foi reconhecido pela UNESCO como “Patrimônio Cultural da Humanidade” em 1991.

Estas populações pré-históricas deixaram aproximadamente 30.000 figuras coloridas, a maior quantidade de pinturas rupestres do mundo.

Os vestígios arqueológicos, de pedra lascada e resquício de fogueira, foram datados pela técnica do carbono 14 e termoluminescência, indicando que a região da Serra da Capivara foi povoada a 100.000 anos atrás – local Boqueirão da Pedra Furada.

São evidencias que colocam a chegada do homo sapiens na América do Sul pela via do oceano Atlântico, a partir do litoral norte do Brasil até o interior, através dos grandes rios.

Um parque nacional ímpar, onde temos a oportunidade de aprender sobre como viviam os nossos ancestrais e a mega fauna pré-histórica.

Local: São Raimundo Nonato / PI

Toca do Conflito – Parque Nacional da Serra da Capivara

O Parque Nacional da Serra da Capivara preserva centenas de sítios arqueológicos onde foram encontrados vestígios dos habitantes da pré-história que povoaram a América do Sul.

Nos paredões rochosos foram catalogados milhares de pinturas e gravuras rupestres de cenas do cotidiano, rituais dos antigos habitantes e animais que viviam na região.

Na Serra Branca, por exemplo, foi encontrada uma pintura rupestre que retrata uma cena de conflito ou guerra, e assim denominada Toca do Conflito.

Caminhar em Terras Primitivas – Parque Nacional da Serra das Confusões

“ Quem procura aventura, encontra sacrifício. Ambos precisam da medida certa da coragem. ”

p1180750-large

Caminhar na Serra das Confusões

É antes de tudo trilhar por terras primitivas da pré-história brasileira. É esconder do sol impiedoso e buscar as nuvens que chegam trazendo chuva, alagando o solo mirrado onde os cactos florescem e arbustos espinhentos se tornam novamente verdes. E assim o Marmeleiro resistente a seca usa suas raízes para buscar água nos caldeirões. O Umbuzeiro, uma dádiva do sertão, têm fruto que alimenta, copa larga que carrega sombra e aconchego; E raiz que armazena água. Do outro lado a vida selvagem fervilha na caatinga. Do alto, o Carcará espreita os Andorinhões que aos milhares voam em tropa, dando rasantes, para ao entardecer, entrar na toca. Na terra, o Soin sobe nos arbustos e o Macaco-prego curioso como é, desce a copa da árvore para nos ver. Nos costões rochosos o Mocó posa para foto. Enquanto que a Cutia, o tatu Peba e o Veado catingueiro param tranquilamente para beber água no poção da chuva. E por onde andam as onças? Certamente vamos aguardar o anoitecer para tentar avistá-las.