Templo Selvagem

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A selva é um santuário da mãe natureza.

Dentro dela ocorrem verdadeiros renascimentos dos seres que buscam alguma vivência em harmonia com a mata selvagem.

O jângal cobra de cada caminhante, coragem, humildade e perseverança para encarar as adversidades do percurso e seguir em frente.

Em certos momentos, os caminhos adentram genuínas abadias. Como numa redoma, amparada naturalmente por troncos e raízes aéreas.

A floresta revela um templo em equilíbrio. Cada movimento tem um significado. Sempre pedimos por proteção e entendimento para compreende-la.

No íntimo de uma selva, como num templo, somos carentes de compreensão de tudo, mas sempre agraciado com um regato cristalino ou uma brisa refrescante.

Canto do Nema – Parque Estadual de Ilhabela

Após um agradável pernoite na vila do Bonete, seguimos cedo para o segundo dia da travessia Bonete Castelhanos.

A brisa que vinha do mar ajudou a refrescar aquele início de caminhada durante a subida do morro logo ao fundo da vila.

Parando para tomar folego ficamos apreciando a vida simples e calma naquele Canto do Nema.

Os barqueiros iniciando suas ocupações numa quietude só com as pequenas embarcações descansando as margens do Nema.

De volta a travessia, espreitamos novos ventos que trouxeram vigor aos andarilhos.

Pico de São Sebastião – Parque Estadual de Ilhabela

Começamos o ano em grande estilo subindo o ponto culminante da Ilhabela, o Pico de São Sebastião, em caminhada de um dia.

Logo ao amanhecer saímos do Camping Palmar em direção ao sul da ilha. Após praia do Portinho e antes da praia da Feiticeira, saímos da estrada no portal de pedra em direção ao Chalé Recanto dos Pássaros e Cachoeira dos Três Tombos.

A caminhada tem aclives constantes a partir da cota 100 até o cume. Com trilha em mata fechada, úmida e quente, o terreno é bem acidentado e liso. Tivemos que rastejar por debaixo de bambuzais, desviar de espinhos e arvores caídas.

Como sempre, existe o perigo de animais peçonhentos e atenção redobrada nas pequenas bifurcações e trilhas de caçadores. A água é restrita mas pode ser encontrada na região do cume.

A caminhada iniciou no final da rua da caixa d’água, em estrada tomada pelo mato que em seguida segue em trilha margeando o lado esquerdo do rio.

Após meia hora de trilha passamos por uma pedra que parece um leme de navio, indicativo que estávamos na trilha certa. O caminho acessa trechos fechados de mato e tuneis de bambu onde o uso do facão foi essencial.

A cerca da cota 1.000 chegamos na Toca da Baliza, abrigo natural, excelente para pernoite ou emergência. Desse ponto entramos nos trechos mais íngremes com bambuzais em desnível. Ao chegar na pedra, contornamos pela direita até chegar em um pequeno descampado e mais adiante atingimos o cume a 1.380 m de altitude.

O vento sul trouxe nebulosidade. No cume a paisagem é incrível. Em meio ao movimento constante das nuvens avistamos no continente o município de São Sebastião e Serra do Mar.

Na ilha, mais ao sul vimos a praia do Bonete, Ponta do Boi e parte do Saco do Sombrio. Do lado do canal, pudemos avistar a vila da ilha e o Pico do Baepi.  

Totalizamos 9 horas entre ida, cume e retorno.

Excelente trilha!

Morro Calvo – Parque Estadual de Ilhabela

“ Os tupinambás vendo aquela porção de terra elevada, com uma das faces desprovida de mata, deram o nome de baepi, do tupi-guarani, morro calvo. ”

Ir para as montanhas de Ilhabela é sempre um desafio, sendo a ilha mais montanhosa da costa brasileira com extensão de 337 km2. Soma-se a isto um clima úmido com temperaturas e chuvas elevadas em boa parte do ano, em meio a uma mata atlântica preservada pelo Parque Estadual de Ilhabela.

Suas montanhas somam sete pontos culminantes com altitudes que variam de 1.048 a 1.375 metros, respectivamente Pico do Baepi e Pico de São Sebastião.

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A surpresa do Pico do Baepi é sua localização privilegiada. O pico pode ser avistado facilmente do lado do continente, durante a travessia da balsa e dentro da ilha. A identificação está no paredão rochoso com mais de 150 metros, a única entre as montanhas do lado do canal.

A trilha está a sudoeste do pico e bem sinalizada pelo parque. O percurso é todo de subida na ida e descida na volta, numa extensão de 7,5 km a partir da cota 200 m até o cume a 1.048 m de altitude, em 5 horas de caminhada.

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” O caminho numa encosta de sapezal até chegar num platô onde existe um mirante voltado para o canal de São Sebastião. Aqui já valeu o esforço inicial. Seguimos na trilha sentido leste, por meio quilometro, descendo e subindo uma suave depressão em direção a mata. “

Dentro da mata a subida começa a ficar mais inclinada. Após passar um pequeno bambuzal a subida ficará mais íngreme com pontos de parada para descanso. O aclive vai aumentando e consequentemente a dificuldade também. Outros bambuzais, agora mais extenso e difícil de serem ultrapassados. As placas indicativas sinalizam a proximidade do pico.

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No cume, avista-se o canal de São Sebastião repleto de pequenas embarcações e imensos petroleiros e cargueiros. Aos pés do pico, o centro urbano da ilha com vista para um litoral de águas abrigadas por pequenas enseadas. Do outro lado do canal, a cidade de São Sebastião e ao fundo a Serra do Mar.

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” Nas direções leste, avistamos somente montanhas tomadas por uma densa mata atlântica, sem nenhuma visão do lado oceânico da ilha e suas praias selvagens. “

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“Finalmente, ao sul avistei o ponto mais alto da ilha, o Pico de São Sebastião, mas vamos deixar essa aventura para um próximo post.”

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Trilha do Bonete – Parque Estadual de Ilhabela

” Pode-se ir de barco, mas o bom mesmo é curtir a trilha parando nas cachoeiras e no final descobrir uma praia quase deserta e ainda prosear com caiçaras no Canto do Nema. “

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O trekking é considerado nível alto devido os constantes desníveis ao longo dos 12 km de trilha em terreno acidentado.

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Deixamos o carro no estacionamento do Zé da Sepituba. De mochila cargueira partimos da Ponta da Sepituba, sul de Ilhabela, em direção à praia do Bonete. Dia perfeito para caminhar, de temperatura amena e quase sempre na sombra das árvores.

Após 2,5 km de caminhada chegamos na cachoeira da Lage. Aqui paramos no poço onde forma um tobogã natural. Como sempre fomos atacados por borrachudos, então o jeito foi ficar o maior tempo possível dentro d’água.

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” A trilha larga deixou o registro da tentativa de se fazer uma estrada até a vila do Bonete. Em 1977 foi regulamentado como área de parque estadual, garantindo assim a preservação. “

A próxima parada foi na cachoeira do Areado após 4 km de trilha e depois mais 3,5 km para chegar na cachoeira do Saquinho. Agora está fácil e mais seguro a transposição desses cursos d’água com as Passarelas Pênsil construídas nesses últimos anos.

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A beleza da mata atlântica e suas águas cristalinas ao longo da trilha são contagiantes e têm seu ápice na chegada ao Mirante do Bonete. Desse ponto podemos entender porque é considerada praia de surfista.

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Na praia, do lado direito é conhecido como Canto Bravo e no outro extremo o rio Nema, local onde abriga o rancho de canoas, conhecido como Canto do Nema. Na encosta acima vemos o Mirante da Barra e das Enchovas. Ao fundo a Ponta do Boi.

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Desta vez fomos surpreendidos por uma ressaca do mar que formava grandes ondas disformes e que nenhum surfista quis encarar naquele dia. Depois descobrimos que seria noite de lua cheia.

” Na sombra das Amendoeiras espreitamos a praia iluminada. A noite se desfez na grande lua cheia! “

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Lugar rustico que abriga uma tradicional comunidade caiçara que vive da pesca e turismo, onde a simplicidade e tranquilidade são o cartão de visita.

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Distante dos tempos quando foi inicialmente habitado pelo sesmeiro Antônio Bonete em 1608, nos dias atuais ainda resiste a loucura da urbanidade desregulada.

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” Sem carro, sem sinal de celular, a luz de vela e banho de água fria. Assim é o Bonete, feliz na sua simplicidade! ” 

Corrida Treino – Longão ao Norte de Ilhabela

Seguindo a planilha de treino para a próxima maratona de montanha, o final de semana com família e amigos em Ilhabela, não podia faltar o treino longo.

Como estávamos ao norte da ilha, pesquisei as distancias sem me importar com a altimetria. O longo no sábado fechou em 23,5 km e mais 10,5 km no domingo.

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As seis da manhã a ventania trazia uma grande nebulosidade em direção ao canal de São Sebastião. O dia já estava quente e úmido.

Os desníveis me surpreenderam ao longo de todo o percurso com um ganho e perda de elevação de 974 metros.

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Saí em direção à praia da Siriúba. Na volta parei na praia da Guarapocaia, nome indígena que significa pedra que toca, também conhecida como praia do Sino. Depois vieram as praias do Pinto e da Armação, boas para prática de esportes náuticos.

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De volta a Ponta das Canas, trocamos o asfalto por uma estrada de terra com intermináveis subidas e descidas. Desse ponto, avistei a trilha, a margem de um riacho, que desce até a praia da Pacuíba.

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Pacoba aíba, do tupi-guarani, significa árvore da banana ruim que não se come. Praia selvagem de estreita faixa de areia, com pedras, pequeno riacho e mar transparente. Na recepção, borrachudos!

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” O dia amanhecendo entre nuvens trouxe um prêmio inesperado. Uma janela de luz se abriu no mar e aquele instante foi registrado. “

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De volta a estrada, segui em direção à praia do Jabaquara. Uma das praias mais belas do litoral norte paulista.

” Naquela manhã o mar corria na areia da praia em pequenas marolas. Era uma grande lagoa de águas tranquilas. “

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Praia de areia fofa com riachos cristalinos. Mergulhei no mar e me banhei no riacho. Como ainda restavam 1/3 da distância, o jeito foi encarrar as subidas e descidas de volta a Ponta das Canas.

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Veja o percurso e altimetria desse fantástico treino ao norte da ilha.

percurso e altimetria ilhabela treino ao norte

Corrida de Montanha – Ilhabela

“ Corrida de montanha em Ilhabela é pura superação em um contínuo sobe e desce dentro da mata atlântica na busca do equilíbrio junto as forças da natureza. ”

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O Trail Run 21K é uma experiência de corrida desafiadora. Não basta apenas ter força e folego, é preciso manter a concentração e saber que se pode ir além.

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Também não basta encher o peito de ar. É preciso olhar adiante, buscar um novo horizonte escondido no single-track da trilha da Água Branca. Buscar o ponto mais alto.

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E do ponto mais alto da trilha, entre o céu e o mar, os azuis se misturam. Do outro lado do canal vemos terra firme do litoral de São Sebastião.

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Assim é Ilhabela, se avista longe! Dos seus limites da área de preservação do Parque Estadual de Ilhabela, a trilha retorna num donw hill por estradinhas de chão de terra batido.

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Agora a descida parece contínua, puro engano pois logo adiante mais um aclive. Neste momento é como se surgisse uma parede, difícil de correr. As pernas doem.

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Ainda restam alguns quilômetros, agora mais urbano com ruelas e pavimentação. Com o sol a pino, o calor castiga os guerreiros correndo ás margens do canal.

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Finalmente avisto o portal de chegada! Tão perto, mas tão difícil aqueles metros finais na areia fofa do Perequê.

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Corrida de montanha em Ilhabela é ter os sentidos esgotados. Apesar que no final do desafio é como estar de bem com a vida! ”

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Percurso e Altimetria: XTERRA

Canoa de Voga – Parque Estadual de Ilhabela

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A canoa de voga é esculpida a partir de um único tronco de árvore do guapuruvu, cedro ou jequitibá, e chegava a ter 20 m de comprimento por 2 m de largura. O conhecimento da construção foi transmitido oralmente pelos nativos que habitaram a região.

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Ainda hoje vemos nas comunidades caiçaras a canoa de voga como meio de locomoção. No início era canoa a remo, então se acrescentou a vela dando origem ao nome, e depois adaptada para motor.

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No período colonial a canoa de voga foi muito utilizada para transporte de material para construção dos engenhos e fazendas, como também, transporte de açúcar, café e aguardente para as embarcações da época.

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Para Santos e Rio de Janeiro, transportavam tabaco, aguardente e uma infinidade de frutas, hortaliças, aves, ovos, cabritos, esteiras, objetos de barro, além é claro, de passageiros. Retornavam com arroz, feijão e carne. Ainda hoje são usadas para pesca e transporte de pessoas e produtos.

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A canoa de voga resiste aos tempos modernos de embarcações a motor, construída em fibra ou alumínio, onde o rigor da legislação ambiental proíbe o corte de árvores e a constatação da falta dos antigos mestres canoeiros.

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A canoa de voga é símbolo da relação de harmonia do caiçara com a natureza. Da mata que provê água doce, alimento e madeira como recurso para o caiçara adentrar ao mar em busca do pescado e se locomover entre as praias, ilhas e continente.

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Existem várias comunidades tradicionais caiçaras tanto no interior como no entorno do Parque Estadual de Ilhabela. Algumas comunidades estão no Saco do Sombrio, Bonete, Castelhanos, ilhas da Vitória e dos Búzios.

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Então nas trilhas pudemos ouvir histórias fantásticas de viagens, contadas através de gerações, das lembranças dos caiçaras, que marcam o ritmo da remada, esperam o melhor vento ou trançam a rede no Canto do Nema.

Pico do Baepi – Parque Estadual de Ilhabela

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O litoral norte de São Paulo reserva algumas montanhas fascinantes. Não é pela altitude, mas pela paisagem da mata que desce ao encontro do oceano formando encostas rochosas, praias e enseadas.

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Desde São Sebastião, durante a travessia da balsa ou até mesmo dentro da Ilhabela, o Pico do Baepi se destaca pelo enorme paredão rochoso com mais de 150 metros, chegando a 1.048 metros de altitude.

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O pico está localizado dentro da área do Parque Estadual de Ilhabela. A administração do parque preserva a trilha que leva ao topo do pico em três horas de caminhada. A distância total é aproximadamente sete quilômetros.

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A trilha do Pico do Baepi é toda sinalizada com placas de orientação e informações para educação ambiental. Não se engane achando que a trilha é fácil porque o caminho segue num aclive constante. Saindo da cota 200, são 850 metros de desnível até o cume.

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Com tempo limpo o visual é incrível tendo aos pés do pico a face urbana da ilha e suas enseadas. No canal de São Sebastião vemos desde pequenas embarcações até cargueiros e petroleiros.

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Do outro lado do canal, a cidade de São Sebastião com seu porto e o enorme terminal petrolífero. Ao Noroeste a enseada de Caraguatatuba e ao norte o litoral de Ubatuba.

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Local: Ilhabela / SP