Dia Lindo de Outono

” Está fazendo um dia lindo de outono.

A praia estava cheia de um vento bom, de uma liberdade. E eu estava só. E naqueles momentos não precisava de ninguém. Preciso aprender a não precisar de ninguém. É difícil, porque preciso repartir com alguém o que sinto.

O mar estava calmo. Eu também. Mas à espreita, em suspeita. Como se essa calma não pudesse durar.

Algo está sempre por acontecer. O imprevisto me fascina. “

Clarice Lispector

Aqui jaz um Paquete! – Saco do Mamanguá

Na caminhada tranquila, encantado com os morros esverdeados, céu azul e mar sereno. Era pura alegoria da natureza em seu estado simples e verdadeiro. O calor queimava a pele. Me escondia nas sombras dos arbustos e arvoredos. O refrescar era oportuno.

Então dei de cara com a Jabiraca. Me deleito sorrindo se o nome da embarcação foi dado pelo capitão do barco em galanteio a sua amada, isso é claro, sem ela saber o significado.

No ditado popular jabiraca é mulher feia, um estrupício para falar a verdade, onde a gente passa vergonha em público. Também indica tudo que está velho, não serve para mais nada.

O melhor mesmo foi atirar a mochila de lado e cair no mar. Já de cabeça fria, olhando aquele naufrágio encalhado, me veio que o meio ambiente daria conta de tudo.

Água salgada, marés, vento, sol e chuvas, fariam o serviço completo. O paquete se fará pó, e juntar-se-á areia fina. E lá se vai para sempre a Jabiraca.

Sexta-feira numa Comunidade Caiçara – Saco do Mamanguá

Após aportar em águas tranquilas, a tarde trouxe vento terral e baixa-mar. 

Era tarde de sexta-feira na comunidade caiçara da praia do Cruzeiro. Simplesmente fiquei paralisado com os tons azulados da vista do Saco do Mamanguá. Entre nuvens, o sol encobria o que estava por vir, o pôr do sol.

O calor já não era escaldante. Então chegara o momento de caminhar na areia molhada da praia do Cruzeiro e acompanhar como verdadeiramente tranquilo é uma sexta-feira nestas bandas. Preguiçoso era meu caminhar naquele entardecer.

Assim chegou à tardinha o céu azul-alaranjado. As águas do mar recuaram, as marolas sumiram e a comunidade simplesmente curtia aquele pôr do sol. Os juvenis brincavam naquela aparente lagoa salgada. Algumas poucas crianças se lambuzavam na lama de areia, olhando como se eu fosse um ser de outro planeta. Alguns jovens e adultos ficaram à espreita para ver o anoitecer.

O império da natureza, como sempre, trouxe mais um magnifico pôr do sol.

Um menino brincava com seu cachorro sem perceber o espetáculo a tempo, enquanto que outro parecia anestesiado com aquelas cores, do azul-alaranjado, entre claro escuro, e o prateado se misturando nas águas e céu do Mamanguá.

Do outro lado, a lua no quarto crescente disputando atenção com o Pico do Pão de Açúcar. No relógio, nem dezenove horas ainda eram. Assim é uma sexta-feira na comunidade da praia do Cruzeiro.

A Grande Mãe – Saco do Mamanguá

A admirável mãe se debruçou…

Há séculos em ascensão aos céus, símbolo magno da vida, por vez sequiosa por águas turbulentas, se aproximou do abismo das margens úmidas.

O grandioso tronco se ramificou em galhos fortes na busca do sol vivo. Apesar da superioridade alcançada, se viu pendida sobre o rio Grande. Agora penetra as rochas e foge das corredeiras. Ela bebe das águas do conhecimento. Ainda perene, segue corpulenta.

Agora em tempos de tempestades tardias, da primavera derradeira, as águas turbulentas buscam novos caminhos para transpor a grande mãe. Os espíritos da floresta espreitam felizes nesta brincadeira das águas.

Então fui descansar em seus braços, debaixo do tronco maior, ao lado das corredeiras mansas. Apenas fluido, fluindo nas corredeiras, feliz. A grande mãe me acolheu em seus braços.

A grande mãe é pura regeneração. Sem medo, ainda se avolumando com ímpeto, galhos vertendo verticalmente, incontáveis folhas morrendo e renascendo a todo instante, cíclica, fértil. A grande árvore da fonte da vida.

De raízes imensas, embrenhadas nas profundezas escuras do subterrâneo da terra. Aquele tronco descomunal, vertido na superfície, os galhos buscam forças para alcançar novamente a luz do céu. Até quando a grande mãe vai resistir à tentação das águas descomunais que chegam na estação iminente?

Logo, do tronco ceifado e inerte da grande mãe, a vida regenera num minúsculo broto verde. A morte e vida se confundem. É o ciclo que se renova!

Linha Tênue – Saco do Mamanguá

Às vezes é preciso adentrar por mares e terras desconhecidas, sem saber exatamente onde começa e termina cada um deles. No mar sem fim, em dia de azul celeste, a vista se perde na linha tênue da terra verde.

Às vezes é preciso subir nas alturas do chão elevado para ver a verdadeira dimensão das terras desconhecidas. Sem poder enxergar além do que o horizonte alcança, a imaginação vai longe nas entranhas da terra verde.

Em terras devastadas pelos cépticos, caminhamos em direção crescente do amparo, da beneficência e da continência. Então de braços abertos agradecemos esta linha tênue entre o Céu e a Terra, de sutilezas, que vão além do que a vista alcança.

De Braços Abertos

” Que hoje possamos estar de braços abertos para receber com amor e gratidão todas as bênçãos lindas deste dia.

Que seja este abençoado com sorrisos, com amor e com intensos gestos de carinho.

Que sejam abençoados todos aqueles que passarem pelo nosso caminho e

Que juntos possamos compartilhar os mais lindos sentimentos de amizade e afeto.

Que nosso coração esteja plenamente em harmonia com a paz. “

Jared Hassan