Luz do Dia – Nome da Nau

Chega apavorando geral, não deixa a gente dormir mais um bocadinho. Com a nau pronta para partir, clamo pelo vento que não se vê e rogo pela vida. Rumo mar adentro, lanço a rede da justeza e retidão. A colheita é vida para o sustento de cada dia. Na volta clamo por proteção no mar revolto. Que essa luz do alto me ilumine. Bem cansado e feliz por mais um ‘dia de trabalho’.

Pôr do Sol – Nome da Nau

Não canso de ti ver todos os dias. Vai embora devagarinho. Muitas vezes nem aparece. Tudo bem né, sei da sua grandeza e da humildade para deixar a lua chegar de mansinho, iluminando a vereda. Apesar da noite fria, me acolho em um porto seguro. Logo, a luz e calor me aquece outra vez, para ganhar força e arrastar a nau até o mar. Então chega radiante a “Luz do Dia”.

Aqui jaz um Paquete! – Saco do Mamanguá

Na caminhada tranquila, encantado com os morros esverdeados, céu azul e mar sereno. Era pura alegoria da natureza em seu estado simples e verdadeiro. O calor queimava a pele. Me escondia nas sombras dos arbustos e arvoredos. O refrescar era oportuno.

Então dei de cara com a Jabiraca. Me deleito sorrindo se o nome da embarcação foi dado pelo capitão do barco em galanteio a sua amada, isso é claro, sem ela saber o significado.

No ditado popular jabiraca é mulher feia, um estrupício para falar a verdade, onde a gente passa vergonha em público. Também indica tudo que está velho, não serve para mais nada.

O melhor mesmo foi atirar a mochila de lado e cair no mar. Já de cabeça fria, olhando aquele naufrágio encalhado, me veio que o meio ambiente daria conta de tudo.

Água salgada, marés, vento, sol e chuvas, fariam o serviço completo. O paquete se fará pó, e juntar-se-á areia fina. E lá se vai para sempre a Jabiraca.

Canoa Caiçara – Parati Mirim

Canoa caiçara, lá estava ela, solitária naquela imensidão de floresta, mangue e mar.

O pescador e mestre caiçara tinha acabado de ancorar sua canoa azul, vermelha e branca. 

O mestre caiçara havia comentado como foi esculpido artesanalmente, a partir de um tronco de árvore, aquela bela canoa.

O caiçara demonstrava sabedoria e respeito a natureza, pela transformação da árvore em uma canoa.

Lá vem Ele – O Barco

Ancorado em águas tranquilas ele se recupera da jornada em mar aberto, dos dias e noites agitadas em águas turbulentas.

No trabalho duro e na esperança voltam carregado com pescado de qualidade, para seguir navegando e garantir o sustento da família.

Enquanto isso a canoa caiçara desliza suave na força da remada. A passeio ou trabalho, o encanto se faz quando ela aparece nas estórias dos pescadores.

E no vai e vem frenético das embarcações, o ronco dos motores espanta o som da natureza, e reforça o meio de transporte mais comum por estas águas.

Mas o bom mesmo é ficar lado a lado, até parece prosa de velhos amigos, em águas calmas, para contar aquelas estórias de pescador.

Novo Milênio – Ilha Grande

Em toda viagem somos marcados por algum acontecimento inusitado e sempre desejamos que seja bom. “

Em Angra dos Reis no cais dos pescadores, embarcamos com moradores da praia do Aventureiro. Nosso destino em mais um trekking na Ilha Grande.

Partimos lentamente atravessando a baia entre belas e pequenas ilhas como Botinas e dos Porcos. O dia estava ensolarado, brisa levemente fria e mar calmo.

É sempre bom voltar no lugar onde um sonho foi realizado. Desta vez, eu vi um sonho nascendo no olhar de uma criança. Como os pais pareciam ser amigos de todos no barco e principalmente do capitão, a criança estava bem à vontade.

O menino parecia ter um olhar de cumplicidade com o mar, com suas fantasias de criança. Um sorriso sincero. Parecia estar cochichando com o vento em planos sendo traçados nas marolas da travessia.

Tomara que o peso da idade e das responsabilidades naturais da vida, os sonhos não sejam abandonados na imensidão do mar. Que as frustrações não deixem os sonhos perdidos ao vento. Que aquele olhar longe seja apenas a esperança crescendo dentro do peito.

No meio da jornada o capitão chama o menino para dentro da cabine. Então ele assume o comando da embarcação. Um tímido sorriso se desenha naquela face. Havia uma magia naquele olhar. Um novo olhar para o horizonte de quem nasceu em um novo milênio.