Totem de Pedra e Café com Amigos

Durante uma trilha, a gente encontra muito mais do que árvores, pedras e rios. A gente encontra silêncio, encontro com o agora – e às vezes, até pequenas mensagens deixadas pela natureza ou por outros caminhantes atentos. Como aquele totem de pedras equilibradas sobre uma rocha no meio do riacho: simples, silencioso, mas cheio de significado.

Cada pedrinha ali foi escolhida e colocada com cuidado em cima da outra. Um gesto que fala de presença, de equilíbrio, de conexão. Um lembrete de que, mesmo no meio da correnteza, da vida ou da trilha, a gente pode parar. Respirar. Estar presente.

Após tanto caminhar, um amigo prepara o café. A simplicidade de um gesto. A chaleira verte lentamente a água quente sobre o pó, enquanto o som e o aroma se espalham no ar. O café escorre tranquilo, como o riacho, enchendo a xícara com calor e presença. A bandeja de madeira traz gravada uma palavra simples e profunda: amor.

Uma pausa com propósito deixa a conversa leve entre goles. Momentos assim têm o poder de se gravar na memória, muito mais do que qualquer foto.

Essas duas imagens – o totem no riacho e o café partilhado – se encontram numa mesma essência: a importância das pausas com significado. Em meio à vida, tudo convida a estar mais presente. A vida desacelera. E é aí que a gente percebe que as melhores partes da caminhada nem sempre estão no topo da montanha, mas nos pequenos rituais do caminho.

Experimente parar. Empilhe pedrinhas. Passe um café. Compartilhe. Porque estar na natureza é mais do que caminhar – é se reconectar com o que realmente importa.

O Ipê Amarelo – Caminhar é Preciso

Assim como nas estações do ano, na jornada terrena os ciclos se renovam infinitamente, do nível microscópico aos seres que habitam esse orbe.

Igual a flor do Ipê que desabrocha em vibrante tom amarelo e depois se precipita no ar, é como uma alegoria da contínua evolução na efemeridade e finitude da vida.

Mesmo que nas tormentas o tronco se incline, as raízes profundas do Ipê sustentam sua copa. Assim como nossos ancestrais, nos deram a base para crescer.

No alto da folhagem do Ipê, nem tudo que vemos é colorido, mas temos a exatidão do respeito em memória aos ancestrais e do cuidado a família e amigos.

Ainda assim, na sombra do Ipê é preciso meditar. Na labuta entre o áureo e o índigo, como é importante valorizar cada momento e ser grato a tudo e a todos.

Afinal, uma chuva de flores amarelas se espalha por toda terra, impermanente e plena na essência, e no exercício do aprender e ensinar para a eternidade das lembranças.

A Magia do Acampamento

Acampar é uma experiência que nos conecta com a natureza. É uma oportunidade de escapar da agitação da vida cotidiana e entrar em um mundo onde o tempo parece desacelerar, onde não temos rotina, permitindo-nos ser um observador nato.

A natureza é uma companheira que sempre devemos acatar e respeitar.  As noites são escuras, outras de céu estrelado, ou ainda iluminado pela lua cheia. As vezes bate uma brisa refrescante ou sopra uma ventania braba. Com a tempestade ou frio intenso, a brincadeira fica séria, exige atenção, conhecimento e preparação.

O encanto de acampar está na percepção da novidade, da eventualidade e da flexibilidade, na preparação do acampamento e do rancho, e na coleta e purificação da água. Como também no exercício da resiliência, e do altruísmo para o bom convívio, mesmo que por pouco tempo, entre amigos e companheiros.

Acampamento é a arte da sobrevivência ao ar livre. Montar um abrigo e cozinhar refeições em um fogareiro são habilidades básicas e essenciais. Ao longo do caminho, você descobre que a simplicidade do acampamento é uma lição valiosa, e muitas vezes precisamos de muito menos para viver feliz.

Acampar é também diversão e aventura, como caminhar em trilhas, nadar em riachos, subir as montanhas e observar a vida selvagem. Cada dia traz novas descobertas e desafios. Aliás, é aqui que mora o perigo. Seja por sua conta própria ou com profissionais da área, a segurança de todos deve estar em 1º lugar.

O acampamento além da experiência física, é também uma jornada emocional. Longe das distrações da vida moderna, você tem tempo para refletir, relaxar e se reconectar consigo mesmo e com os outros. As prosas ao redor da fogueira podem ser significativas e os companheiros de acampamento podem durar a vida toda.

No acampamento é oportuno se desconectar do mundo virtual e reconectar-se com a realidade natural e real. É um lembrete de que somos parte integrante da natureza. Quando voltamos para casa, muitas vezes trazemos conosco não apenas as memórias, mas também a vivencia desta experiência no mundo natural.

Afinal, o acampamento é uma jornada de autodescoberta, aventura e apreciação da natureza. É uma oportunidade de escapar da rotina e experimentar a magia do mundo ao ar livre. Se você ainda não teve a chance de acampar, planeje esta experiência!

Parece que foi Ontem – Pedalar é Preciso

Parece que foi ontem, golpeado duas vezes, no mesmo momento. Quase knockout. Respirei fundo, me levantei. Em recesso, pedalei muito. É verdade que várias vezes sem um destino final, apenas fui em frente.

Parece que foi ontem, revisitei caminhos antes percorridos. Busquei novas direções. No início, entre acertos e desacertos, andei perdido. A cada dia, ecoando novos rumos e destinos. Exploro minha sensatez. Ainda acertando o prumo.

Parece que foi ontem, uso máscara como um desgarrado. Após nove meses, não preciso mais me sufocar com algumas “máscaras”. Enquanto que outras percebi que são bem dispensáveis nessa transição planetária. 

Parece que foi ontem, continuar atento a turbulência ao redor. Cuidado! Cuidando dos próximos. Tudo parece desconexo. Por vezes abatido, procuro um novo alento. Continuo a pedalar, buscando novos panoramas.

O Ar que Eu Respiro – Pedra da Mina

Ar fluido

Acordei revitalizado após longa e extenuante caminhada. No topo da montanha, saí da barraca para apreciar aquele sol animado. Me espreguicei em cada músculo. Dei alguns passos. Ainda meio cambeta, fiz o corpo pegar no tranco.

Ar ativo

Pensei, pare de viajar tanto. Respirei fundo, lento e ritmado. Instantaneamente tudo ficou mais claro. Estava rindo como criança. Raciocínio, reflexo e memória refinados.

Ar renovado

A paisagem era de cinema, cintilante. Um grande sol sobre as nuvens, completamente acima das montanhas. Havia um calor aconchegante e ar fresco.

Ar manifesto

Os raios do sol matinal cortavam a minha pele. Me sustentei com vitamina D. Tudo parecia descomplicado. A mente estava arejada.

Ar da vida

Tentei não pensar em nada. Meu espirito saudou a natureza. De olhar fixo no horizonte veio o sentimento de gratidão. Estava contente por apenas respirar.

Ar puro

A liberdade justa é como respirar o ar puro. A depressão e irritabilidade perecem sem deixar rastros. Santo remédio esse ar puro.

Temporada de Montanha – Serra da Mantiqueira

Em abril damos início a Temporada de Montanha. Com a chegada do outono inverno, temos a melhor época para prática do montanhismo, e assim podemos trilhar nas montanhas da serra da Mantiqueira

Diferente do verão com aquele calor intenso e tempestades eletromagnéticas, os dias começam a ficar mais agradáveis até a estação do inverno, onde as temperaturas baixas são impactantes nas montanhas da região sul e sudeste do Brasil.

Ou seja, as temperaturas atingem facilmente abaixo de zero graus célsius. As geadas são comuns. Em condições especiais de clima até podemos ter alguma precipitação de neve nos pontos mais altos da Mantiqueira.

Estamos numa área privilegiada de montanhas e vales, entre as mais altas do Brasil, cujo cenário paisagístico é de imensa beleza. Nas travessias e ascensão aos picos mais altos o desafio é grande e a recompensa muito maior.

O montanhismo é dar significado as coisas simples, ao meio ambiente e ao autoconhecimento. É sentir alegria em uma simples caminhada e ter resiliência nas mais duras travessias.

Ter a satisfação do encontro com aqueles que compartilham da mesma paixão, onde alguns estarão de passagem e outros se tornarão amigos.

Que a temporada seja extraordinária!

Montanha!

Nosso Caminhar Parte 3 – Pedra da Bacia

” A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo. ” 

Friedrich Nietzsche

Ao final de uma longa caminhada, é normal estar esgotado. Os últimos quilômetros são os piores. As barreiras encontradas ao longo da travessia são inúmeras. Uma voz diz para desistir. O corpo doe. Tudo parece insuportável. Então, surge a força de vontade, quase esquecida. Vale a pena!

Nosso Caminhar Parte 1 e Parte 2.

Nosso Caminhar Parte 2 – Serra da Bocaina

” O homem chega à sua maturidade quando encara a vida com a mesma seriedade que uma criança encara uma brincadeira. ” 

Friedrich Nietzsche

Ao longo da caminhada é preciso redescobrir o mundo com os olhos de uma criança. E mais cores veremos nas trilhas do amadurecimento para tornar o caminhar mais criativo, alegre e produtivo. Como toda conquista é efêmera, cultivar a curiosidade é presentear a vida com novas descobertas.

Nosso Caminhar Parte 1 e Parte 3.

Nosso Caminhar Parte 1 – Pico do Tira Chapéu

Os pensamentos do filósofo Friedrich Nietzsche foram polêmicos no século XIX e ainda hoje são muito atuais. Escolhi reflexões de Nietzsche para esta série de 3 posts sobre o “Nosso Caminhar”.

” É preciso saber perder-se quando queremos aprender algo das coisas que nós próprios não somos. “

Friedrich Nietzsche

A caminhada é repleta de altos e baixos, e nesta vida o autoconhecimento é cheio de incertezas. Quanta vezes nos perdemos nas trilhas da vida. Toda aventura é um desafio em direção ao desconhecido. É preciso uma boa dose de coragem e vontade para querer ir fundo nas respostas que desejamos encontrar.

Nosso Caminhar Parte 2 e Parte 3.