Sexta-feira numa Comunidade Caiçara – Saco do Mamanguá

Após aportar em águas tranquilas, a tarde trouxe vento terral e baixa-mar. 

Era tarde de sexta-feira na comunidade caiçara da praia do Cruzeiro. Simplesmente fiquei paralisado com os tons azulados da vista do Saco do Mamanguá. Entre nuvens, o sol encobria o que estava por vir, o pôr do sol.

O calor já não era escaldante. Então chegara o momento de caminhar na areia molhada da praia do Cruzeiro e acompanhar como verdadeiramente tranquilo é uma sexta-feira nestas bandas. Preguiçoso era meu caminhar naquele entardecer.

Assim chegou à tardinha o céu azul-alaranjado. As águas do mar recuaram, as marolas sumiram e a comunidade simplesmente curtia aquele pôr do sol. Os juvenis brincavam naquela aparente lagoa salgada. Algumas poucas crianças se lambuzavam na lama de areia, olhando como se eu fosse um ser de outro planeta. Alguns jovens e adultos ficaram à espreita para ver o anoitecer.

O império da natureza, como sempre, trouxe mais um magnifico pôr do sol.

Um menino brincava com seu cachorro sem perceber o espetáculo a tempo, enquanto que outro parecia anestesiado com aquelas cores, do azul-alaranjado, entre claro escuro, e o prateado se misturando nas águas e céu do Mamanguá.

Do outro lado, a lua no quarto crescente disputando atenção com o Pico do Pão de Açúcar. No relógio, nem dezenove horas ainda eram. Assim é uma sexta-feira na comunidade da praia do Cruzeiro.

Sobre Rochas – Pico dos Marins

” Sobre rochas eu ando. Não importa se arenito, basalto ou calcário. Também pode ser granito, quartzito ou até dolomito. Mas especial mesmo é o Filito, Sienito e Xisto. Quem é quem, não sei muito bem, mas eu garanto que caminho sobre rochas. “

O trekking para subir o Pico dos Marins é considerado de dificuldade média-pesada. Como a subida não requer equipamentos de escalada é denominada escalaminhada, ou seja, nos pontos mais difíceis será necessário o uso das mãos em rochas ou arbustos, tanto na ascensão quanto na descida. O uso de cordas pode facilitar em alguns pontos da trilha. Em outros aproveita-se as fendas e agarras, use o máximo da aderência das mãos e pés.

Como sempre, é bom estar acompanhado com alguém experiente para dar dicas, principalmente se é a primeira vez na rocha. Prepare-se para viver uma experiência única. Sentir na pele o esforço físico. Dizer que o coração vai sair pela boca. Dos músculos doerem após passarem dias da caminhada. A sensação pode ser fascinante ou horrível. Estar mentalmente positivo ajuda bastante. Por isso, caminhar sobre rochas não é para qualquer um. 

Terras Altas – Serra da Mantiqueira

” Caminhar nas terras altas da Mantiqueira é descobrir paisagens inesquecíveis na divisa entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Uma região que atrai pessoas para diversos roteiros turísticos: ecológico, rural, histórico, religioso e gastronômico; Na prática de esportes outdoor temos escalada, arvorismo, mountain bike, canoagem e voo livre. Aqui vamos explorar as trilhas, caminhadas e montanhismo. “

A Serra da Mantiqueira engloba ecossistemas remanescentes de mata Atlântica, mata de Araucária e campos de altitude. Das inúmeras nascentes formam rios e quedas d’água. As precipitações mensais chegam a 300 mm na estão chuvosas. Não é à toa que Mantiqueira, em tupi-guarani, significa “gota de chuva”, outra versão é “serra que chora” enaltecendo as nascentes e imponentes cachoeiras.

O clima é quente úmido na estação chuvosa e frio seco na estiagem. Tudo isso em harmonia com uma exuberante e diversificada fauna e flora local. A temperatura pode chegar a uma dezena de graus negativos nos pontos mais altos. Em geral fica entre 0°C a 30°C. Considere ainda névoa, geada, fortes ventos e raios que assolam estas montanhas da Mantiqueira.

Esta cadeia rochosa abrange uma extensão aproximada de 500 km começando em Bragança Paulista (SP), segue a leste na divisa dos três estados, desvia em Barbacena até Serra do Brigadeiro, leste de Minas Gerais, sendo que este último estado representa 60% da extensão da serra.

A Serra da Mantiqueira é uma APA – Área de Proteção Ambiental entre os três estados, e abrange unidades de conservação como o Parques Estaduais da Serra do Brigadeiro e Serra do Papagaio, Parque Nacional de Itatiaia, Floresta Nacional de Passa Quatro e Campos do Jordão. Outras áreas montanhosas que merecem atenção, quanto a preservação, são as regiões do MarinsItaguaré e Serra Fina.

O relevo na Mantiqueira tem suas terras altas variando entre 1.000 a 2.800 m de altitude, nas divisas de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O ponto culminante é a Pedra da Mina (2.798 m), na divisa entre Lavrinhas-Queluz (SP) e Passa Quatro (MG). Enquanto que o ponto mais baixo é a Garganta do Embaú (1.133 m) na divisa entre Cruzeiro (SP) e Passa Quatro (MG).

Na Mantiqueira temos 5 das 10 montanhas mais altas do Brasil, segundo o “Anuário Estatístico do Brasil 2011 – IBGE”, sendo: 4º Pedra da Mina (2.798 m), 5º Pico das Agulhas Negras (2.792 m), 8º Morro do Couto (2.680 m), 9º Pedra do Sino de Itatiaia (2.670 m) e 10º Pico Três Estados (2.665 m).

Outras montanhas em destaque são: Alto Capim Amarelo (2.570 m), Prateleiras (2.548 m), Pico dos Marins (2.421 m), Pico do Itaguaré (2.308 m), Pico do Papagaio (2.105 m), Pico do Selado (2.080 m), Pedra Partida (2.050 m), Pedra do Forno (1.970 m), Pedra do Baú (1.950 m) e Pico Agudo (1.703 m).

A Serra da Mantiqueira está próximo de quem mora no Vale do Paraíba ou no eixo cidade de São Paulo, sul de Minas Gerais e região serrana do Rio de Janeiro; Com isso podemos desfrutar de aproximadamente 50 montanhas conhecidas, entre 1.700 a 2.798 m de altitude.

Apesar das montanhas na Mantiqueira não ultrapassarem os 3.000 m de altitude, isso não significa que estas montanhas são fáceis para se chegar ao topo, pois o desafio está nas suas particularidades de acesso, relevo e clima.

” Nas terras altas da Mantiqueira percorremos vales profundos e picos imponentes.          A jornada requer preparação e determinação para alcançar as montanhas              mais altas do Brasil. “

Local: Serra da Mantiqueira

Retrospectiva – Categoria Roteiro

Ao longo destes anos do Adamu Trekking tivemos a oportunidade de postar 40 artigos sobre roteiros.

Diferentemente das categorias Trekking e Corrida onde são relatos pessoais, nesta categoria Roteiro, investimos algum tempo na pesquisa do local visitado.

Em geral, descrevemos sobre a história do local, origem do nome, localização, acessos, distancias e altitudes, atrativos naturais, fauna e flora, características e nomes das trilhas.

Entre vales e picos, montanhas, selvas, desertos, cavernas e litorais, caminhamos muito, as vezes sob condições extremas de clima, para vivenciar o melhor destes roteiros.

Afinal, vamos aos destaques dos posts publicados nessa categoria até o momento, são eles:

Novos roteiros serão publicados em breve.

Forte Abraço!

Kleber Luz

Retrospectiva – Categoria Caminhada

Esta categoria Caminhada (Hiking e Trekking) tem significado mais amplo, naquilo que posso chamar de caminhadas de curta, média e longa duração, fácil ou difícil, incluindo também as montanhas.

Na essência, os relatos transitam entre duas vertentes, a técnica e a poética. De um lado, o cuidado em escrever o que é relevante, evitando relatos extensos. Do outro lado, o desafio de externar em forma de palavras os sentidos, sentimentos, vivências, boas ou ruins, e que possam trazer algum significado.

E quanto as imagens? São poucas publicadas por post, para também não poluir a postagem. Sem pretensões, tentando ser criativo e fazendo o básico da fotografia. Apenas ‘clics’ no automático.

Mas posso dizer com toda certeza que a jornada tem sido auspiciosa!

Enfim, todos os lugares são especiais quando se trata da natureza; E considerando apenas os posts publicados nesta categoria, os destaques até hoje são:

Felizmente, ainda há muito que ser relatado.

Forte Abraço!

Kleber Luz

Novos Tempos Novos Desafios!

Por muitos anos houve cobrança dos amigos e familiares para publicar minhas experiências e vivencias das andanças que tenho feito desde a adolescência. De fato, sempre gostei de escrever mas achava que não era o momento. Então resisti por décadas, mas em 21 de dezembro de 2012 senti que chegara o momento.

Sem nenhum compromisso e muito menos sem pesquisar e ir a fundo no assunto, comecei esse blog criando páginas e categorias.

Bem, eu tenho um ‘timing‘ diferente, deixando as coisas acontecerem naturalmente, se assim for o caso. A ideia é simplesmente seguir caminhando.

Nestes anos do Adamu Trekking, temos:

  • Publicado 191 posts em 5 categorias;
  • Aproximadamente 1.000 imagens;
  • Cerca de 100 posts sobre relatos e roteiros de trekking, montanhismo e corridas;
  • Divulgado 263 comentários e 37 em moderação;
  • Mais de 50.000 visualizações;
  • Mais de 20.000 visitantes;
  • Mais de 40 seguidores;
  • Visitantes de 69 países dos 5 continentes;
  • Top 10 dos países visitantes são: Brasil, Estados Unidos, Portugal, Rússia, Canadá, França, Alemanha, Espanha, Argentina e Reino Unido.

Não poderia deixar de agradecer aos seguidores, e principalmente a minha família e amigos, de corredores, caminhantes e montanhistas, que sem eles, muitos dos desafios e aventuras, nada disso teria acontecido. E vamos em frente!

Ótima semana a todos!

Kleber Luz

Simplesmente Ir Ver

” Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver. “

Amyr Klink

Pernoite no Corcovado – Ubatuba

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Paramos o carro próximo a um campo de futebol para iniciar a nossa jornada. O GPS marcava cota 15 metros e avistamos o nosso desafio que estava a 1.180 metros de altitude, o Pico do Corcovado em Ubatuba.

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Após o campo de futebol seguimos a direita onde atravessamos um regato e na segunda bifurcação à esquerda entramos na mata. Atravessamos dois rios e continuamos na trilha a esquerda. Deste ponto adiante muito transpiração e diversão durante a subida íngreme.

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Em uma hora de caminhada chegamos à cachoeirinha, local onde captamos água e ganhamos fôlego. Logo seguimos até o mirante na pedra da Igrejinha, espaço onde temos à primeira vista do litoral e da praia Brava, e também se avista o Corcovado.

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De volta à trilha, o angulo da subida aumenta em um terreno repleto de raízes. Com a mochila cargueira nas costas a subida era a passos lentos até atingirmos uma clareira onde encontramos acesso a mais uma queda d’água.

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Seguimos subindo e alcançamos mais uma clareira, mas desta vez na crista da serra. A cada passo ganhamos visões do interior da serra e do litoral norte. Neste lugar o caminho percorre uma vegetação com muitas bromélias.

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No finalzinho, sobe-se um íngreme barranco usando a vegetação lateral como agarras. Então a crista se prolonga ao lado de um despenhadeiro. Do lado direito está a ponta do Corcovado e a esquerda encontramos o cume e um local protegido do vento para acampamento.

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A natureza singular reservou um dia quente onde o sol poente trouxe uma grande sombra do pico aos pés da serra do mar. O calor se esvaiu. Para nossa surpresa a lua cheia acentuou o contorno da serra e ampliou as luzes vindas da cidade de Ubatuba.

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Durante a madrugada fria o vento chegou forte e antes do amanhecer saltei para fora da barraca. Mais um esplêndido nascer do sol! Grato por mais um final de semana junto a uma natureza espetacular e aos amigos de fibra.

Ao retornar, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo que produzimos no acampamento foi trazido conosco para descarte em local apropriado.

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“Subi o ponto mais alto possível e olhei pro oriente. Raios de luz despontaram atrás das montanhas. O vento ainda doía à pele. Como numa pintura o quadro se encheu de luz vermelho alaranjado que inundou o amanhecer de mais um dia.”

Parque Nacional de Itatiaia

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O primeiro parque nacional do Brasil, o Parque Nacional de Itatiaia, foi criado em junho de 1937 pelo Presidente Getúlio Vargas.

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Situado na Serra da Mantiqueira na divisa de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A área do parque abrange os municípios mineiros de Itamonte e Bocaina de Minas, e municípios cariocas de Itatiaia e Resende.

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A vegetação é fortemente influenciada pela altitude. A 540 metros a.n.m. predomina a floresta densa, diversos curso d’água, com fauna e flora abundante. A medida que subimos a serra, tendo seu ponto culminante a 2.791 metros a.n.m., encontramos uma vegetação rasteira e montanhas rochosas.

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Conhecida como parte alta, na região do Planalto de Itatiaia avista-se os campos de altitude, mananciais e montanhas. Paraíso para a prática de caminhadas, escaladas e travessias. Os atrativos naturais são o Pico das Agulhas Negras, Prateleiras, Morro do Couto, Cachoeira do Aiuruoca, Asa de Hermes, Pedra do Sino e Pedra do Altar.

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Na parte baixa encontram-se uma vegetação densa, cachoeiras e piscinas naturais em meio à exuberante Mata Atlântica. Os principais atrativos são o Mirante do Último Adeus, Três Picos, Lago Azul, Poranga, Maromba, Itaporani, Véu de Noiva e Centro de Visitantes.

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Com uma pitada de aventura, bom condicionamento físico, respeito a natureza e práticas seguras em atividades outdoor, podemos desfrutar ao máximo todos estes atrativos. Nos próximos posts exploraremos a parte alta e baixa da Unidade de Conservação.

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Local: Parque Nacional de Itatiaia / RJ

Pico do Baepi – Parque Estadual de Ilhabela

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O litoral norte de São Paulo reserva algumas montanhas fascinantes. Não é pela altitude, mas pela paisagem da mata que desce ao encontro do oceano formando encostas rochosas, praias e enseadas.

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Desde São Sebastião, durante a travessia da balsa ou até mesmo dentro da Ilhabela, o Pico do Baepi se destaca pelo enorme paredão rochoso com mais de 150 metros, chegando a 1.048 metros de altitude.

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O pico está localizado dentro da área do Parque Estadual de Ilhabela. A administração do parque preserva a trilha que leva ao topo do pico em três horas de caminhada. A distância total é aproximadamente sete quilômetros.

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A trilha do Pico do Baepi é toda sinalizada com placas de orientação e informações para educação ambiental. Não se engane achando que a trilha é fácil porque o caminho segue num aclive constante. Saindo da cota 200, são 850 metros de desnível até o cume.

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Com tempo limpo o visual é incrível tendo aos pés do pico a face urbana da ilha e suas enseadas. No canal de São Sebastião vemos desde pequenas embarcações até cargueiros e petroleiros.

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Do outro lado do canal, a cidade de São Sebastião com seu porto e o enorme terminal petrolífero. Ao Noroeste a enseada de Caraguatatuba e ao norte o litoral de Ubatuba.

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Local: Ilhabela / SP