Cachoeira da Fragária – Itamonte

Após trilhas na Pedra do Picu e Pico da Boa Vista, fechamos com a cachoeira da Fragária. Ela faz parte da famosa Volta dos 80, mas pode ser acessada a partir de Itamonte até Campo Redondo, em 31 km de estrada de terra.

Da estrada, avistamos uma exuberante queda d’água de 100 m de altura. Como não basta ver de longe, descemos o morro. Entramos numa  cavidade ao lado de uma casa, em direção a borda da mata. Daí seguimos pela direita até iniciar uma nova descida ao riacho da cachoeira.

Em dia de sol sua parede e poço principal ficam iluminados pela manhã. A tarde a cachoeira estará na sombra. Outra dica, a trilha na matinha é estreita, íngreme e usa cordas instaladas em dois pontos na descida.

As margens do riacho, o espaço é limitado, sem contar que as pedras estão sempre molhadas e lisas. Todo cuidado ao entrar nos dois poços da cachoeira.

Á primeira vista, do alto, parece tão pequenina. Se agiganta quando estamos defronte dela. Um arco-íris se projeta no poço principal. Ao olhar para cima, impressionante como o salto provoca uma forte ventania e spray d’água.

Além da vista panorâmica da cachoeira da Fragária também se avista o Pico do Peão, que faz parte do circuito Pico da Boa Vista. Em altitude, a cachoeira da Fragária está a 1.350 m e o Pico do Peão a 2.150 m.

Local: Itamonte / MG

Lua de Sangue

Desci na terra para capturar a Lua de Sangue.

Com o tripé a postos, engatilhei a máquina em direção ao firmamento. Vi nuvens brincando ao vento. Olhava com espanto como se fosse a primeira vez.

Noite de lobos que não uivam. Ela chegara preguiçosa. Pintada de laranja.

Espreito a imensidão do cosmos. Silêncio. Minha alma se acalma, se dispersa na vastidão da noite sem fim. Admiro aquilo tudo.

A Terra a esconde por completo em sua sombra. Fica tímida.

Resta um facho de luz, muito reluzente, que se esvai aos poucos.

Vida a Lua de Sangue! Enorme, escarlate e perfeita. Sem pudor, nua na penumbra. Uma viajante apressada. 

Novamente toda cheia de graça e radiante no céu noturno. 

Sem devaneio, cedo ao frio da madrugada. Meus olhos navegam à deriva. Minha hora chegou. Ascendo para adormecer.

Espelho D’água

“ Paro à beira do caminho para me ver no espelho d’água. ” 

Não me encontro nesse dia de domingo. Com pensamento mergulhado em água turva, minha alma se perde no caminho. Respiro fundo. Fecho os olhos por um instante. Dia lindo, azul entre nuvens. Apesar da mente enevoada tenho esperança de ver sob a água escondida. 

A vista ainda confusa. Surge um mar de plantas. São como um filtro d’água. Liberam oxigênio, nutrientes e sombra para os cansados. As virtudes navegam lá no fundo. Decisões são tomadas na flor d’água. Aqueles répteis inertes, da mente, mergulham em direção ao abissal. 

Sei que ainda habita monstros nas profundezas da minha alma. Busco a reflexão em águas claras. A mente em movimento trouxe energia e clareza. Como é difícil permanecer limpo nesse oceano dos humanos. Há pouco ao adentrar em água cristalina a lama escorre. Inunda transparência.  

Estou sozinho a falar com meu reflexo na água. Água limpa, vejo o fundo. Vejo também, muitas vezes, uma vida ilusória. É bonita, fico confuso pois encanta a visão. Até consigo ver o passar do vento. Aos olhos, parece bambo e sem foco. Na espreita, cuidado com a quimera da vida real. 

No reflexo o espelho d’água ecoa os pensamentos. A vida é assim, quando eu mudo, muda. A vida é simplicidade. Fuja da distração dessa urbe. Logo ali superei as águas turbulentas. Nesse remanso, navego feliz, na certeza que tudo é breve. Vejo o melhor em tudo. E tudo será melhor. 

O melhor espelho d´água é aquele que vejo o melhor de cada fase da vida, das coisas e das pessoas. A verdadeira imagem não é exatamente aquela que consigo ver. O reflexo de tudo de bom ou mal refleti no espelho da vida. Ao olhar para um espelho d’água não se iluda.

Toque-Toque – São Sebastião

Toque-Toque em tupi-guarani significa “ilha”. Ou seja, o nome da praia diz respeito à ilha em frente à praia.

Então, em São Sebastião, qual o nome da ilha em frente a praia de Toque-Toque Pequeno e Toque-Toque Grande?

Na praia de Toque-Toque Pequeno, olhando para o lado esquerdo, vemos a ilha do Aparas, bem pequena. E mar adentro avistamos ao lado a ilha Montão de Trigo.

A praia de Toque-Toque Pequeno é uma baía cercada pela serra do mar e mata atlântica, de areia grossa, dourada e mar calmo.

Nesta praia é comum avistar canoas caiçaras trazendo o pescado. Praia boa para a prática do caiaque havaiano e prancha stand up paddle.

Dessa vez estava tudo virado e agitado, devido a ressaca que chegou no feriado da Páscoa.

No verão o pôr do sol é sobre o mar. Agora no outono o pôr do sol estava, entre muitas nuvens, do lado direito da praia, caindo sobre a encosta.

Não fomos na praia de Toque-Toque Grande, mas sabemos que do lado esquerdo da praia temos a vista da ilha de Toque-Toque, considerada ótima para snorkel e pesca esportiva.

Ao amanhecer, no Toque-Toque Pequeno, a lua cheia preguiçosamente se escondeu detrás das nuvens no horizonte.

Local: São Sebastião / SP

O Dragão, a Carpa e o Grou

Nas lendas e folclore japonês as criaturas são míticas.

Uma delas é o “ryu” o dragão japonês, aparenta uma serpente gigante com três garras em cada pata. Entre outros significados das mitologias orientais, entre o bem e o mal, também representa sabedoria.

Outra criatura da mitologia japonesa é o “koi” a carpa, simboliza boa sorte, prosperidade e fertilidade. Também significa perseverança e determinação devido os peixes nadarem contra a correnteza dos rios para desovarem.

E o pássaro “tsuru” o grou japonês, representa longevidade. Acredite, um grou não é cegonha e nem garça. Conta a lenda que os eremitas ao meditar nas montanhas, acreditavam que estas aves eram sobrenaturais, não envelheciam e assim podiam viver até mil anos.

No final, o bem vence o mal na finitude das cores do “kuro”, cor preta, retrata mau agouro, medo e tristeza; E do “shiro”, cor branca, bendita e sagrada, representa limpeza e pureza.

Então, o ancião traz o chá. Em paz se entreolham ao beber.

“Origami” é a arte milenar japonesa de fazer dobraduras em papel.

Este curta-metragem de animação foi dirigido por Joanne Smithies, Eric De Melo Bueno, Michael Moreno, Hugo Bailly, Camille Turon e música de Till Sujet.

Animação: ESMA e TheCGBros

Está chegando a Hora!

Somos uma nação de DNA único, de uma diversidade biológica imensa, de água e solo riquíssimo, de território gigante, e de um povo e cultura extraordinária. O Brasil ainda tem jeito, apesar de todas as dificuldades, corrupção e autocracia do judiciário.

Daqui seis meses teremos um novo sufrágio e não teremos uma segunda chance para fazer novas e melhores escolhas.

Como dizia o sambista Bezerra da Silva:

“ Para tirar meu Brasil desta baderna, só quando o morcego doar sangue e o saci cruzar a perna. ”

Mas nem tudo está perdido. Basta explicar, já dizia o jornalista Olavo de Carvalho:

“ No Brasil é preciso explicar, desenhar, depois explicar o desenho e desenhar a explicação. ”

Enfim, após a pandemia, com a velha mídia e opositores sempre jogando contra, um Legislativo inerte perante um Judiciário militante, o Executivo ainda consegue fazer muitas entregas. Veja https://www.entregasdogoverno.com/.

Montanha de Flores – Parque Nacional de Itatiaia

Literalmente encontramos uma montanha de flores.

Esta unidade de conservação de proteção integral representa muito bem os ecossistemas de mata atlântica e campos de altitude.

O planalto de Itatiaia se destaca por uma relevância ecológica e beleza cênica única, acima dos 1.600 metros de altitude, com uma flora exuberante.

As flores são um sucesso evolutivo com grande diversidade genética e adaptativa para conseguir a polinização. Na região de Itatiaia fica evidente esse efeito evolutivo.

A polinização ocorre através do vento, água, insetos, aves e morcegos. Para atrair os agentes voadores, a recompensa é o pólen, néctar, óleos ou odores.

As abelhas são os principais polinizadoras. Estudos indicam grande contribuição na preservação das espécies vegetais e manutenção da variabilidade genética.

A riqueza biológica em Itatiaia é tão generosa que as margaridas catalogadas são 183 e as orquídeas são 216 espécies, sendo 45 endêmicas.

Segundo o Centro Nacional de Conservação da Flora, foram identificadas 92 espécies ameaçadas de extinção no Parque Nacional de Itatiaia.

A Sempre-viva é também conhecida como sempre-viva-de-mil-flores, chuveirinho ou sombreiro. Ou ainda capipoatinga, do tupi-guarani, capim da ponta branca.

O Lírio da mantiqueira é uma flor nativa do Brasil. Também conhecida como amarílis, lírio-do-mato ou açucena. Planta adaptada na Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

A Utricularia é uma espécie de planta carnívora (insetívora). Com flores grandes e coloridas, esconde sua armadilha no solo encharcado, em folhas modificadas para sugar a presa.

O Brinco-de-princesa é uma flor pendente e lembra um brinco. Na foto é uma Fucshia regia que é comestível. Adorada por beija-flores. Adaptada ao inverno e às geadas.

Ovos da Galinha – Parque Nacional de Itatiaia

O maciço de Itatiaia revela grandes afloramentos rochosos em um processo erosivo de milhões de anos.

Pela manhã partimos na caminhada, a partir do camping Rebouças, contemplando as belas paisagens no planalto de Itatiaia.

As montanhas e pedras de Itatiaia, com formas no mínimo curiosas, receberam nomes como Agulhas Negras, Altar, Asa de Hermes, Assentada, Camelo, Couto, Maçã, Prateleiras, Sino e Tartaruga.  

Uma formação rochosa em especial é chamada de Ovos da Galinha. Localizada entre a cachoeira do Aiuruoca e Pedra do Sino.

No cume da Pedra do Altar se avista os ovos como cinco pedras sobre uma pequena elevação rochosa.

A princípio parecem pequenas, no entanto quando nos aproximamos, os Ovos da Galinha impressionam pelo tamanho. Quanto ao formato, toda imaginação é valida para vê-las como ovos de uma galinha.

Entretanto, uma delas parece uma “mão gorducha” e outra uma “galinha da angola”. Outra curiosidade foi encontrar no chão de pedra uma depressão em formato perfeito de um “coração”.

Dia de muita nebulosidade, ventania e calor. Aparentemente as chuvas mantiveram-se na região de Visconde de Mauá e Itatiaia.

É trilha para espiar as montanhas com calma.

Nesse caminho avistamos as Prateleiras, Agulhas Negras, Asa do Hermes, Pedra do Altar, Morro do Couto e Pedra do Sino.

No meio da tarde, de volta ao camping, nada melhor que um banho revigorante na represinha do Rebouças. Depois um café para esperar o jantar em noite de lua cheia.

 

Os Rios vão Comigo

“Os rios que eu encontro vão seguindo comigo.
Rios são de água pouca, em que a água sempre está por um fio.

Cortados no verão que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome e que abraço como a amigos.

Uns com nome de gente, outros com nome de bicho, uns com nome de santo, muitos só com apelido.

Mas todos como a gente que por aqui tenho visto: a gente cuja vida se interrompe quando os rios.”

João Cabral de Melo Neto

Campo de Girassol

“A mente sobrevoa o campo de girassol. O coração pulsa feliz. Uma planta com flores. Acumula energia do sol. Mostra vitalidade no amarelo-alaranjado de suas folhas pétalas. Mostra altivez e imponência na florescência.”

Originária da América do Norte e Central. O Helianthus annuus, do grego helios, sol; anthus, flor; e do latim annuus, anual.

Flor do sol que gira seguindo o movimento do sol, conhecido como Heliotropismo. Floresce no verão, primavera e outono.

No Feng Shui, boas vibrações. Concilia luz e sombra. Estimula o aconchego do corpo e mente. Conquista amizade e bons sentimentos.

É vida ancestral. Empregado em rituais Astecas e Maias ao Deus Sol. Até inspirou Van Gogh como nos Doze Girassóis numa Jarra.

Quando ainda jovens, são imaturos. Se movimentam em direção ao sol. Quando amadurecidos, ficam fixos. Olham apenas para o oriente.

Estão na jornada em busca da iluminação. Esperança e coragem em dias sombrios. Os girassóis sempre seguem a luz. 

Pode chegar a três metros de altura e trinta centímetros de diâmetro. Apresenta folhas periféricas femininas, de pétalas amarelas, para atrair a polinização.

No centro contem milhares de flores hermafroditas, de coloração alaranjado escuro. O caule e folhas são verde escuro, longo e robusto.

Da família das Asteráceas, plantas com flores, o girassol possui uma enorme importância econômica.

Do caule, folhas e sementes, se produz óleo comestível, ração, adubo, biodiesel e até mel quando associado a apicultura.