Ponta Negra – Parati Mirim

Para apreciar e trilhar com toda calma do mundo.

A praia Ponta Negra é um sossego, de vila caiçara simples e mar esverdeado. Um cantinho especial do litoral sul do Rio de Janeiro.

Ao entardecer, na areia quente, entre um mergulho no mar e outro no riacho do Caju, de água refrescante que desce a montanha, espio o pôr do sol cair lentamente no oceano. Uma caminhada de oito quilômetros da vila das Laranjeiras até a Ponta Negra. Vale a pena cada passo.

O trajeto permeia as encostas da Mata Atlântica, entre regatos, riachos, cachoeiras e praia badalada como a do Sono, e outras selvagens como a dos Antigos, Antiguinhos e Galhetas, até Ponta Negra. No entorno também vale a pena explorar a cachoeira das Galhetas e do Saco Bravo.

Depois é descansar no camping da Branca. Enfim, a Ponta Negra é um lugar para esquecer do mundo.

Pássaro da Imaginação – Saco do Mamanguá

Próximo ao cais de Parati Mirim, iniciamos a trilha atravessando o morro para caminhar na margem direita do Saco do Mamanguá. Fizemos curtas paradas nas praias das Pacas, Grande do Saco do Mamanguá, Bica, Pontal, até chegar na praia da Curupira, após quatro horas de caminhada.

Além da beleza singular da praia da Curupira, nos chamou atenção a escolinha, com belas pinturas nas paredes e no chão, de animais e pássaros da mata, colocando o aprendizado no visual do dia a dia das crianças. Havia também placas com frases valorizando a natureza, a família e o caiçara; E suas coisas como a “canoa caiçara”.

Uma pena não poder conversar com a professora e alunos, pois a escolinha estava fechada devido as férias escolares.

Muita criatividade e cores nos desenhos. Até desenharam e pintaram um pássaro da imaginação.

Cachoeira do Índio – Vale Europeu

Nas andanças pelo Vale Europeu, região dos Lagos de Santa Catarina, o calor da primavera estava arrebatador, então seguimos até a cachoeira do Índio, na fazenda da família Kohlbeck, Estância Itaperuna, distante, morro acima, 50 km do rio dos Cedros.

Fomos bem recebidos pelos proprietários que nos orientou para chegar na cachoeira do Índio. Seguimos fazenda adentro, passando pelos cavalos, carneiros, perus e galinhas, soltos em um campo gramado, e logo abaixo avistamos as corredeiras do rio dos Cedros.

A mata ciliar abraçava o rio e a gruta estava meio escondida sob as águas. O espaço alagado debaixo da pedra não é exatamente uma gruta mas vale a pena conferir. Deste ponto, logo à frente com a queda livre formada, o rio parece um sumidouro.

Passo a passo, procurando chão seco, vou de encontro onde a base da cachoeira pode ser fotografada. Com cuidado voltamos alguns metros, e descemos a trilha até chegar na parte baixa da cachoeira. Uma cortina d’água se abriu detrás das árvores.

O encanto é imediato, tanto pelo vento molhado, do paredão disposto em camadas de pedras, com destaque aos tons escuros e coloridos das rochas e vegetação, como o caminho molhado que passa atrás da enorme queda d’água.

Então segui no caminho molhado. Não tem como não ficar empolgado neste momento. Aquele enorme volume caindo em forma de cortina d’água, com um som bárbaro e tudo ficando molhado. Saí do outro lado, de corpo e alma lavada.

Pegadas na Areia – Ilha Grande

Com pegadas na areia deixamos nossos pensamentos ao vento.

Na travessia de barco até o Aventureiro a mente ainda surfou nas ondas de pensamentos daninhos, mas na caminhada do dia seguinte as preocupações ficaram ausentes. A ansiedade, comum no dia a dia da cidade, sumiram a beira-mar. Agora sim, realmente conectado ao meio.

Após almoço em Dois Rios, subimos a trilha-estrada em direção a vila de Abraão.  Debaixo de chuva torrencial, aceleramos os passos sem fraquejar sob a enxurrada escorrendo pela estrada. Chegamos encharcados, cansados e felizes no vilarejo de Abraão.

Uma travessia que lavou a alma.

Em cada acampamento, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo produzido foi trazido conosco e descartado em local apropriado.

Novo Milênio – Ilha Grande

Em toda viagem somos marcados por algum acontecimento inusitado e sempre desejamos que seja bom. “

Em Angra dos Reis no cais dos pescadores, embarcamos com moradores da praia do Aventureiro. Nosso destino em mais um trekking na Ilha Grande.

Partimos lentamente atravessando a baia entre belas e pequenas ilhas como Botinas e dos Porcos. O dia estava ensolarado, brisa levemente fria e mar calmo.

É sempre bom voltar no lugar onde um sonho foi realizado. Desta vez, eu vi um sonho nascendo no olhar de uma criança. Como os pais pareciam ser amigos de todos no barco e principalmente do capitão, a criança estava bem à vontade.

O menino parecia ter um olhar de cumplicidade com o mar, com suas fantasias de criança. Um sorriso sincero. Parecia estar cochichando com o vento em planos sendo traçados nas marolas da travessia.

Tomara que o peso da idade e das responsabilidades naturais da vida, os sonhos não sejam abandonados na imensidão do mar. Que as frustrações não deixem os sonhos perdidos ao vento. Que aquele olhar longe seja apenas a esperança crescendo dentro do peito.

No meio da jornada o capitão chama o menino para dentro da cabine. Então ele assume o comando da embarcação. Um tímido sorriso se desenha naquela face. Havia uma magia naquele olhar. Um novo olhar para o horizonte de quem nasceu em um novo milênio.

Engarrafamento nas Montanhas do Brasil

Hoje em dia nas grandes cidades não temos como evitar um engarrafamento no transito ou uma fila no banco, mas engarrafamento na montanha, ninguém merece!

Então vamos deixar a alta montanha, e voltar o olhar nas montanhas do Brasil. Infelizmente, estamos encontrando o mesmo problema. O engarrafamento, por exemplo, começa na portaria da entrada, parte alta do Parque Nacional de Itatiaia, com enorme fila de carros já no início da madrugada. Depois, apesar da regra limitando o número de pessoas nas montanhas, os engarrafamentos naturalmente acontecem na subida do Pico Agulhas Negras e Prateleiras.

E quando o local ainda não é protegido e controlado, com regras de uso para segurança dos visitantes. Como exemplo, o Pico do Marins onde o engarrafamento na escalaminhada final da montanha é comum na alta temporada. Enquanto que na Serra Fina, a cada temporada temos inúmeros casos de pessoas perdidas durante a travessia, e o resgate pelo ar e/ou por terra são acionados. Isso sem falar do lixo deixado nestes locais.

Novamente, além dos montanhistas inexperientes, temos também a falta de consciência sobre não deixar lixo na montanha, respeitar regras de segurança no trekking e camping, ter um bom planejamento e equipamento adequado. Aqui não temos o ar rarefeito, mas no inverno temos frio, vento e temperaturas negativas podendo causar hipotermia, e no verão temos tempestades com raios e ventania forte. Ainda temos a possibilidade de cerração, neblina e dificuldade para orientação e navegação em terreno rochoso, íngreme e bastante irregular.

Então vamos para um local de fácil acesso na montanha. Mesmo assim, hoje em dia, também tem engarrafamento no topo. Neste caso, veja como fica a Pedra da Macela em Cunha. Milhares de “self” ao nascer do sol.

Abrigo do Rochedo

Num passado distante, os tropeiros vinham de Minas Gerais para vender suas mercadorias na região. Nesse lugar paravam para pousar embaixo de um rochedo, daí a origem do nome – Abrigo (Pouso) do Rochedo.

Desde 1975 o local foi reflorestado e suas nascentes renasceram. A propriedade é rodeada por cachoeiras, nascentes, rios e montanhas da Serra da Mantiqueira. Desde 2022 está separado da pousada.

Aproveitamos para caminhar nas trilhas do Pinhal e da Montanha até os mirantes e depois na trilha das Cachoeiras, por uma manhã toda até início da tarde. As trilhas são limpas, autoguiadas e sinalizadas.

A caminhada pela trilha do Pinhal nos levou ao 1º mirante, da Gruta, onde tem-se uma vista tímida das montanhas ao redor. Sempre subindo, chegamos numa bifurcação, a direita seguimos para o 2º e 3º mirante, Pedra da Divisa e do Cruzeiro.

Na Pedra da Divisa ainda conseguimos algumas fotos, pois as nuvens já plainavam nos morros baixos. No mirante do Cruzeiro, ficamos entre nuvens. Após descanso e lanche, começamos a descida, e na bifurcação seguimos em frente até o 4º mirante, Pouso do Rochedo. Deste ponto, avistamos o município de São José dos Campos / SP.

Descendo pela trilha da Montanha, chegamos nas imponentes Castanheiras Portuguesas. Deste ponto, subimos a trilha das Cachoeiras, ao lado do rio Santa Bárbara, para conhecer as cachoeiras da Escada, da Mata, dos Taperas e da Mina.

Na volta, o espetáculo é a cachoeira Santa Bárbara, com sua monumental queda de 80 m de altura. Por último a cachoeira da Gruta, onde pode-se entrar atrás da queda que forma uma cortina d’água com 4 m de altura. Pura diversão e adrenalina, entrando com cuidado pela borda lateral.

Nesta caminhada subimos os quatro mirantes e finalizamos com cachoeiras espetaculares, num total de aproximadamente 6 km de caminhada.

O Pingo e a Suzi – Parceiros de Caminhada

Eles sempre estão por perto ou aparecem do nada. As vezes estão perdidos, mas logo seus donos aparecem, como também se estivessem perdidos. Em outras, eles chegam bravos, dá vontade de sair correndo, mas logo começam a abanar o rabo, e me lembro da máxima do mundo animal onde um cachorro balançando o rabo é um cachorro feliz.

Legal quando eles podem ir na caminhada. Se ficam para pernoitar, fantástico! O mais legal mesmo é se eles não são nossos animais de estimação, e ficam com a gente. Acho que é uma demonstração de confiança.

Uma lembrança inesquecível foi na Travessia do Vale do Pati, Chapada Diamantina – BA, quando o “Jesus”, isso mesmo, era o nome dele, foi nosso cão guia durante quatro dias de trekking.

Desta vez, tivemos a companhia do “Pingo” e da “Suzi” no trekking com pernoite no Pico Queixo D’Anta em São Francisco Xavier/SP.

Ambos estão acostumados com a subida até o pico. Com frequência saiam em disparada para dentro da mata e depois reapareciam em outro ponto na trilha. Eles estavam sempre a nossa frente, como que parecendo fácil a trilha que sobe a encosta da montanha.

No acampamento, o “Pingo” fica em alerta!

Hora da foto oficial do “Pingo”.

O “Pingo” sempre nas beiradas.

Enquanto que a “Suzi” só quer carinho…

… E uma foto ao pôr do sol.

Mas na hora de ir para a cama, o “Pingo” foi o primeiro.

No dia seguinte, uma soneca antes de descer a montanha.

Ao retornar, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo que produzimos no acampamento foi trazido conosco para descarte em local apropriado.

Selva D’água – Serra do Mar

Dias tórridos de calor com temperaturas acima dos trinta graus célsius e umidade cem por cento dentro da selva. A serra do mar encravada numa cordilheira de montanhas, do litoral ao planalto do vale do Paraíba, até os melhores e bem preparados caminhantes serão exauridos pelo desgaste fulminante dentro da selva da serra do mar. Com a roupa molhada de suor, entre um riacho e outro, o único meio para se refrescar era cair dentro d’água e buscar proteção do sol escaldante.

Entre uma clareira e outra a respiração ecoava nas arvores. Na mata densa, na busca pelo canto das aves, o silencio do meio dia era incomodador. Na picada da trilha o vento se escondia no mato. O suor escorria aos olhos. A cada parada, o resgate por um novo folego. A hidratação e respiração era fundamental para se manter a sanidade. Ao ver os amigos, cada um sabia das dificuldades e não podíamos parar por muito tempo. O jeito era continuar a passos lentos, com cuidado, a cada trecho, escorregadio no barro e difícil nas pedras com os troncos e raízes testando nossa atenção.

Na caminhada sem fim, a mata parecia sempre igual, não fazia diferença, o verde mais verde, a cada curva, aclive ou declive, tudo igual. Da selva minava água de todos os cantos, uma verdadeira selva d’água. Belíssimas quedas d’águas se anunciavam para nossa breve alegria. Em respeito a mãe terra, baixamos a cabeça, levantamos o espirito em oração; E caminhamos a passos firme.

Planalto de Itatiaia – Morro do Couto

O Morro do Couto é a 2ª montanha mais alta do Parque Nacional de Itatiaia e o 8° ponto culminante no Brasil. O nome provém do período da colonização quando os escravos fugiam das fazendas da região e subiam o morro para se acoutar, melhor dizendo, para se abrigar e refugiar.

A 2.680 m de altitude o Morro do Couto privilegia uma visão 360° do planalto de Itatiaia e suas montanhas, como a Pedra do Altar, Pedra do Sino, Asa do Hermes, Agulhas Negras e Prateleiras, como também, uma perspectiva do Vale do Paraíba, Serra Fina e Serra do Papagaio.