Pico de São Sebastião – Parque Estadual de Ilhabela

Começamos o ano em grande estilo subindo o ponto culminante da Ilhabela, o Pico de São Sebastião, em caminhada de um dia.

Logo ao amanhecer saímos do Camping Palmar em direção ao sul da ilha. Após praia do Portinho e antes da praia da Feiticeira, saímos da estrada no portal de pedra em direção ao Chalé Recanto dos Pássaros e Cachoeira dos Três Tombos.

A caminhada tem aclives constantes a partir da cota 100 até o cume. Com trilha em mata fechada, úmida e quente, o terreno é bem acidentado e liso. Tivemos que rastejar por debaixo de bambuzais, desviar de espinhos e arvores caídas.

Como sempre, existe o perigo de animais peçonhentos e atenção redobrada nas pequenas bifurcações e trilhas de caçadores. A água é restrita mas pode ser encontrada na região do cume.

A caminhada iniciou no final da rua da caixa d’água, em estrada tomada pelo mato que em seguida segue em trilha margeando o lado esquerdo do rio.

Após meia hora de trilha passamos por uma pedra que parece um leme de navio, indicativo que estávamos na trilha certa. O caminho acessa trechos fechados de mato e tuneis de bambu onde o uso do facão foi essencial.

A cerca da cota 1.000 chegamos na Toca da Baliza, abrigo natural, excelente para pernoite ou emergência. Desse ponto entramos nos trechos mais íngremes com bambuzais em desnível. Ao chegar na pedra, contornamos pela direita até chegar em um pequeno descampado e mais adiante atingimos o cume a 1.380 m de altitude.

O vento sul trouxe nebulosidade. No cume a paisagem é incrível. Em meio ao movimento constante das nuvens avistamos no continente o município de São Sebastião e Serra do Mar.

Na ilha, mais ao sul vimos a praia do Bonete, Ponta do Boi e parte do Saco do Sombrio. Do lado do canal, pudemos avistar a vila da ilha e o Pico do Baepi.  

Totalizamos 9 horas entre ida, cume e retorno.

Excelente trilha!

Toca do Conflito – Parque Nacional da Serra da Capivara

O Parque Nacional da Serra da Capivara preserva centenas de sítios arqueológicos onde foram encontrados vestígios dos habitantes da pré-história que povoaram a América do Sul.

Nos paredões rochosos foram catalogados milhares de pinturas e gravuras rupestres de cenas do cotidiano, rituais dos antigos habitantes e animais que viviam na região.

Na Serra Branca, por exemplo, foi encontrada uma pintura rupestre que retrata uma cena de conflito ou guerra, e assim denominada Toca do Conflito.

Energias da Serra – Campos do Jordão

Como toda longa jornada, ao final da missão cumprida o cansaço espreita os limites da resistência. Hora de recolhimento para recompor as forças e o equilíbrio.

Então subi em direção a um refúgio distante 5 km do centro de Campos de Jordão. Bem no meio da serra, onde todas as criaturas vivas, dos animais aos pássaros, da floresta aos riachos, estão conectadas.

A compensação é caminhar ou correr. Numa delas, passei em frente a Gruta dos Crioulos e subi o Pico do Imbiri.

Na descida confundi os caminhos até chegar a estrada do Campista para poder retornar ao refúgio.

Protegido pelo refúgio, amparado no conforto da família e amigos, chegara um novo entardecer de tranquilidade e silencio.

Com a energia renovada tudo ressalta os sentidos.

Toda manhã, na copa das árvores, lá estavam o Canário-da-Terra, o Asa Branca e o Jacu perambulando de galho em galho.

Enquanto que empoleirado nas araucárias, as Maritacas e casais de Tucano-de-Bico-Verde faziam suas algazarras.

Na mata distante ouvi macacos e o Caxinguelê passou ligeiro, subindo e descendo árvores, em busca de alimento.

Que sensação boa estar conectado com a energia da serra.

Retrospectiva – Categoria Caminhada

Esta categoria Caminhada (Hiking e Trekking) tem significado mais amplo, naquilo que posso chamar de caminhadas de curta, média e longa duração, fácil ou difícil, incluindo também as montanhas.

Na essência, os relatos transitam entre duas vertentes, a técnica e a poética. De um lado, o cuidado em escrever o que é relevante, evitando relatos extensos. Do outro lado, o desafio de externar em forma de palavras os sentidos, sentimentos, vivências, boas ou ruins, e que possam trazer algum significado.

E quanto as imagens? São poucas publicadas por post, para também não poluir a postagem. Sem pretensões, tentando ser criativo e fazendo o básico da fotografia. Apenas ‘clics’ no automático.

Mas posso dizer com toda certeza que a jornada tem sido auspiciosa!

Enfim, todos os lugares são especiais quando se trata da natureza; E considerando apenas os posts publicados nesta categoria, os destaques até hoje são:

Felizmente, ainda há muito que ser relatado.

Forte Abraço!

Kleber Luz

Caminhar em Terras Primitivas – Parque Nacional da Serra das Confusões

“ Quem procura aventura, encontra sacrifício. Ambos precisam da medida certa da coragem. ”

p1180750-large

Caminhar na Serra das Confusões

É antes de tudo trilhar por terras primitivas da pré-história brasileira. É esconder do sol impiedoso e buscar as nuvens que chegam trazendo chuva, alagando o solo mirrado onde os cactos florescem e arbustos espinhentos se tornam novamente verdes. E assim o Marmeleiro resistente a seca usa suas raízes para buscar água nos caldeirões. O Umbuzeiro, uma dádiva do sertão, têm fruto que alimenta, copa larga que carrega sombra e aconchego; E raiz que armazena água. Do outro lado a vida selvagem fervilha na caatinga. Do alto, o Carcará espreita os Andorinhões que aos milhares voam em tropa, dando rasantes, para ao entardecer, entrar na toca. Na terra, o Soin sobe nos arbustos e o Macaco-prego curioso como é, desce a copa da árvore para nos ver. Nos costões rochosos o Mocó posa para foto. Enquanto que a Cutia, o tatu Peba e o Veado catingueiro param tranquilamente para beber água no poção da chuva. E por onde andam as onças? Certamente vamos aguardar o anoitecer para tentar avistá-las.

Morro Calvo – Parque Estadual de Ilhabela

“ Os tupinambás vendo aquela porção de terra elevada, com uma das faces desprovida de mata, deram o nome de baepi, do tupi-guarani, morro calvo. ”

Ir para as montanhas de Ilhabela é sempre um desafio, sendo a ilha mais montanhosa da costa brasileira com extensão de 337 km2. Soma-se a isto um clima úmido com temperaturas e chuvas elevadas em boa parte do ano, em meio a uma mata atlântica preservada pelo Parque Estadual de Ilhabela.

Suas montanhas somam sete pontos culminantes com altitudes que variam de 1.048 a 1.375 metros, respectivamente Pico do Baepi e Pico de São Sebastião.

P1130376 (Large)

A surpresa do Pico do Baepi é sua localização privilegiada. O pico pode ser avistado facilmente do lado do continente, durante a travessia da balsa e dentro da ilha. A identificação está no paredão rochoso com mais de 150 metros, a única entre as montanhas do lado do canal.

A trilha está a sudoeste do pico e bem sinalizada pelo parque. O percurso é todo de subida na ida e descida na volta, numa extensão de 7,5 km a partir da cota 200 m até o cume a 1.048 m de altitude, em 5 horas de caminhada.

P1130366 (Large)

” O caminho numa encosta de sapezal até chegar num platô onde existe um mirante voltado para o canal de São Sebastião. Aqui já valeu o esforço inicial. Seguimos na trilha sentido leste, por meio quilometro, descendo e subindo uma suave depressão em direção a mata. “

Dentro da mata a subida começa a ficar mais inclinada. Após passar um pequeno bambuzal a subida ficará mais íngreme com pontos de parada para descanso. O aclive vai aumentando e consequentemente a dificuldade também. Outros bambuzais, agora mais extenso e difícil de serem ultrapassados. As placas indicativas sinalizam a proximidade do pico.

P1130331 (Large)

No cume, avista-se o canal de São Sebastião repleto de pequenas embarcações e imensos petroleiros e cargueiros. Aos pés do pico, o centro urbano da ilha com vista para um litoral de águas abrigadas por pequenas enseadas. Do outro lado do canal, a cidade de São Sebastião e ao fundo a Serra do Mar.

P1130338 (Large)

” Nas direções leste, avistamos somente montanhas tomadas por uma densa mata atlântica, sem nenhuma visão do lado oceânico da ilha e suas praias selvagens. “

P1130344 (Large)

“Finalmente, ao sul avistei o ponto mais alto da ilha, o Pico de São Sebastião, mas vamos deixar essa aventura para um próximo post.”

P1130369 (Large)

Trilha do Bonete – Parque Estadual de Ilhabela

” Pode-se ir de barco, mas o bom mesmo é curtir a trilha parando nas cachoeiras e no final descobrir uma praia quase deserta e ainda prosear com caiçaras no Canto do Nema. “

02 (Large)

O trekking é considerado nível alto devido os constantes desníveis ao longo dos 12 km de trilha em terreno acidentado.

01 (Large)

Deixamos o carro no estacionamento do Zé da Sepituba. De mochila cargueira partimos da Ponta da Sepituba, sul de Ilhabela, em direção à praia do Bonete. Dia perfeito para caminhar, de temperatura amena e quase sempre na sombra das árvores.

Após 2,5 km de caminhada chegamos na cachoeira da Lage. Aqui paramos no poço onde forma um tobogã natural. Como sempre fomos atacados por borrachudos, então o jeito foi ficar o maior tempo possível dentro d’água.

03 (Large)

” A trilha larga deixou o registro da tentativa de se fazer uma estrada até a vila do Bonete. Em 1977 foi regulamentado como área de parque estadual, garantindo assim a preservação. “

A próxima parada foi na cachoeira do Areado após 4 km de trilha e depois mais 3,5 km para chegar na cachoeira do Saquinho. Agora está fácil e mais seguro a transposição desses cursos d’água com as Passarelas Pênsil construídas nesses últimos anos.

04 (Large)

A beleza da mata atlântica e suas águas cristalinas ao longo da trilha são contagiantes e têm seu ápice na chegada ao Mirante do Bonete. Desse ponto podemos entender porque é considerada praia de surfista.

05 (Large)

Na praia, do lado direito é conhecido como Canto Bravo e no outro extremo o rio Nema, local onde abriga o rancho de canoas, conhecido como Canto do Nema. Na encosta acima vemos o Mirante da Barra e das Enchovas. Ao fundo a Ponta do Boi.

06 (Large)

Desta vez fomos surpreendidos por uma ressaca do mar que formava grandes ondas disformes e que nenhum surfista quis encarar naquele dia. Depois descobrimos que seria noite de lua cheia.

” Na sombra das Amendoeiras espreitamos a praia iluminada. A noite se desfez na grande lua cheia! “

09 (Large)

Lugar rustico que abriga uma tradicional comunidade caiçara que vive da pesca e turismo, onde a simplicidade e tranquilidade são o cartão de visita.

08 (Large)

Distante dos tempos quando foi inicialmente habitado pelo sesmeiro Antônio Bonete em 1608, nos dias atuais ainda resiste a loucura da urbanidade desregulada.

07 (Large)

” Sem carro, sem sinal de celular, a luz de vela e banho de água fria. Assim é o Bonete, feliz na sua simplicidade! ” 

Trekking Pedra da Mina ao Capim Amarelo – Passa Quatro

A travessia da Serra Fina é um clássico do montanhismo brasileiro. Dizem que no sentido contrário, da Fazenda do Pierre a Toca do Lobo, o desafio é maior.

Nesse trecho fomos da Pedra da Mina (2.798 m a.n.m.) ao Capim Amarelo (2.491 m a.n.m.).

” Magnifico entardecer com vista do Capim Amarelo bem ao centro. “

001 (Large)

No dia seguinte, acordamos logo cedo para ver o nascer do sol com a silhueta do Pico das Agulhas Negras ao fundo.

002 (Large)

” Aproveitamos também para nos aquecer após uma longa e fria noite. “

003 (Large)

A oeste, a sombra da Pedra da Mina destacou ao centro o pico Capim Amarelo, nosso destino naquele dia.

004 (Large)

Como na Serra Fina não tem trégua, o calor e nebulosidade foram constantes durante todo o trajeto.

005 (Large)

” O vento, como sempre, demostrou sua força desenhando ondas de nuvens ao longo da crista da serra. “

006 (Large)

Após duas horas de trekking paramos para coletar água no rio Claro e por volta do meio dia o clima dava sinais que teríamos um pé-d’água ao final da tarde.

007 (Large)

Na descida ao acampamento Maracanã começou a chuviscar e logo chegou uma forte cerração.

” O perrengue se instalou na subida do Capim Amarelo, com vento, frio e chuva. “

008 (Large)

Com gana e a passos lentos chegamos ao cume. Montamos e pulamos rapidamente para dentro das barracas.

Em poucos minutos a chuva cessou, a temperatura aumentou e podemos sair dos abrigos. Apesar do cansaço fomos preparar o jantar.

Para nosso deleite, o pós-tempestade deixou a tarde mansa, de ar parado, céu alaranjado e a visão de onde partimos pela manhã.

” A Pedra da Mina escondida entre nuvens. “

009 (Large)

Em cada acampamento, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo produzido foi trazido conosco e descartado em local apropriado.

Cânion Encachoeirado – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

A Chapada dos Veadeiros tem uma das formações rochosas mais antigas do planeta. O ato de caminhar no cerrado já nos faz seguir os afloramentos rochosos e cursos d’água, repletos de cânions encachoeirados.

Dizem que na região da Chapada dos Veadeiros são mais de 170 cachoeiras catalogadas. Nessa busca pelo trekking nos caminhos das águas do cerrado, fomos em direção a Cavalcante – Fazenda Veredas.

P1120285 (Large)

Subimos em direção as cachoeiras que compartilham belezas diferentes, em ambiente selvagem de cerrado, adentrando formações rochosas e penhascos. As trilhas sinalizadas seguem as cachoeiras Toca da Onça, Véu de Noiva, Poço Encantado, Vereda e Veredinha; E do rio de pedras, seu curso segue desfiladeiro abaixo. É aonde a aventura começa!

” Na transposição de um estreito curso d’água, tocamos num arbusto e fomos surpreendidos por marimbondos que fez o grupo se dispersar. Dois amigos foram picados, porém não tiveram nenhuma reação alérgica. “

P1120251 (Large)

Com todo cuidado, nosso amigo e guia Beto nos levou ao alto do Canyon Veredas até a cachoeira do Poço Encantado. O lugar é único! A todo momento vimos revoadas de andorinhas, nos fazendo relembrar do filme Avatar. O poço forma um corredor até chegar na cachoeira, e do lado oposto, o despenhadeiro forma a cachoeira Canyon Veredas com mais de 100 m de desnível.

P1120275 (Large)

P1120264 (Large)

” De volta a base, seguimos canyon adentro por entre pedras e rio, correnteza acima. A recompensa chegou após meio quilometro de distância. Dentro do imenso poço, o vislumbre da queda de 90 m de altura, debaixo da cachoeira Canyon Veredas. “

P1120307 (Large)

E isso foi apenas o primeiro dia de uma jornada de muitas trilhas e travessias na região da Chapada dos Veadeiros.

” Quer relaxar, entrar em contato com a natureza e se divertir? Visite as nossas unidades de conservação e seu entorno. “

P1120328 (Large)

Vivência inesquecível!

Dia de Verão, Praia Selvagem – Ubatuba

Aproveitando mais um final de semana com horário de verão, descemos para Ubatuba até a praia da Fortaleza.

Nossa motivação era novamente buscar um local especial para caminhar e nadar, e desta vez acampar numa praia selvagem. A praia escolhida foi a praia do Cedro.

P1120003 (Large)

Desta vez, ao invés da saída ser na praia da Lagoinha, partimos da praia da Fortaleza. Com esta inversão a distância total da caminhada foi reduzida de 10 para 6 km.

Todo o percurso é dentro da mata em trilha costeira, ao contrário do outro lado onde se passa por diversas praias, entre elas, a praia do Bonete de Ubatuba.

P1110989 (Large)

O mais divertido é acampar na praia do Cedro. Com espaço de sobra para as barracas, também montamos uma rede para ficar de papo para o ar.

No Cedro o tempo não passa. Fizemos tanta coisa entre preparar acampamento e almoço, e ainda tínhamos cinco horas de luz do dia.

P1120007 (Large)

A brisa batia forte refrescando todos os cantos, mas com o movimento aparente do sol, o calor invadiu as barracas. O jeito foi cair na água.

O jantar se prolongou por horas a fio até cozinhar os quitutes.

Depois na areia da praia, ficamos absorto pela batida das ondas naquela noite escura e observamos uma luz fraca que vinha da ilha do Mar Virado. Seria embarcação ancorada ou alguém na ilha? Naquela noite os pensamentos voaram junto com a brisa do mar!

P1110986 (Large)

Mais um dia de verão em um paraíso do litoral norte de São Paulo.

P1110983 (Large)

Ao retornar, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo que produzimos no acampamento foi trazido conosco para descarte em local apropriado.