Locomotiva 327

“Havia um pequeno vilarejo encravado nas montanhas. A vida seguia tranquila e pacífica, onde o tempo parecia ter parado, mas havia algo diferente. As pessoas contavam admiráveis estórias sobre uma locomotiva a vapor que cortava os vales e túneis, conectando comunidades distantes, com a força de vários cavalos-vapor.”

“Era uma locomotiva robusta e imponente. Uma verdadeira dama de vermelho e preto, com seus aparatos impecáveis, de personalidade soberana. Diante da sua força e velocidade, anunciava sua chegada a meia légua de distância, com um assobio estrondoso. Na estação, ao rugir dos trilhos, ficava envolvida numa cortina de vapor.”

Em meados do século XVIII ocorreu o aperfeiçoamento da máquina a vapor, graças aos esforços e genialidade de James Watt. Foi um marco revolucionário na história da humanidade, dando início a uma nova era de progresso tecnológico, onde as economias e as sociedades nunca mais foram as mesmas.

Essa invenção mudou para sempre a forma como o trabalho era realizado em várias indústrias, na produção em massa e no transporte terrestre e marítimo, com a mecanização de processos, que antes eram realizados manualmente, impulsionando a primeira Revolução Industrial.

Circuito Piracuama – Lefèvre

Antecipamos a saída para explorar este circuito que está aos pés da serra da Mantiqueira, em Pindamonhangaba.

Uma mistura de caminhada em estrada de terra, trilha e pela antiga e desativada EFCJ – Estrada de Ferro Campos do Jordão. E assim, deixamos a Estação Ferroviária Piracuama, em direção a serra, por uma estradinha, abeirando a ferrovia e o rio Piracuama.

Pela estrada passamos ao lado do Clube de Campo Piracuama, estacionamento do Pezão e Capril das Colinas; E escondido na mata ciliar, o Poço das Tartarugas e Cachoeira do Encontro.

A estradinha termina no Sítio Km 25 que é o entroncamento entre a estrada, ferrovia e trilha. Para fazer o circuito seguimos a esquerda pela ferrovia abandonada, contornando o Morro do Caracol, até avistarmos um ponto branco entre o verde da mata e a cerração.

Este ponto é o mirante Nossa Senhora Auxiliadora, com vista para o Vale do Paraíba, estrada Campos do Jordão SP-123 e viaduto ferroviário Eugênio Lefèvre. E assim, finalizamos na Estação Ferroviária Lefèvre, onde paramos para tomar café.

O caminho da volta é o mesmo até o viaduto ferroviário, e pelo lado esquerdo começa a trilha, um pequeno trecho do Caminho da Fé, que desce a serra de volta ao entroncamento. Para fechar o circuito, seguimos a esquerda na estrada de ferro.

Logo, avista-se uma construção em ruínas da EFCJ e o mini túnel. Seguindo pela ferrovia desmantelada, atravessamos umas duas pequenas pontes ferroviárias, passamos atrás do clube de campo e cruzamos a estrada de terra até finalizar na Estação Piracuama.

Uma caminhada em variados tipos de terreno, num sábado nublado, com ar gelado e chuvoso. Percorremos 16,5 km em 5,5 horas, num desnível total de 1.100 m.

Uma Nova Experiência – Ilhabela

Deslizamos montanha abaixo, rumo a uma jornada pelo litoral norte de São Paulo. Entre uma trilha e outra, surgiu uma oportunidade única: remar nas águas que banham esse trecho do litoral. Após planejamento, treinamento e avaliação das condições atmosféricas e marítimas, aceitei o convite de um amigo experiente em canoagem oceânica. Para mim, um novato nesse universo, esta seria uma experiência inaugural.

A manhã despertou bela, banhada por um sol radiante, vento brando e mar com ondas suaves. A partir do canal e da balsa de Ilhabela, saímos pela encosta direita da ilha de São Sebastião, seguindo próximo à margem rochosa, em direção à praia das Pedras Miúdas, próxima à Ilha das Cabras. Após contornar essa ilhota, remamos em direção à praia da Feiticeira, onde nossa aventura encontrou seu desfecho. Neste trajeto, margeamos a encosta de cinco pequenas praias encantadoras: Ilhote, Oscar, Tartaruga, Portinho e Sérgio.

A preparação prévia de treinamento na praia do Perequê revelou-se crucial. Até parecia que a remada espelhava o profissionalismo de canoístas experientes, pelo contrário, não era o meu caso. No final, o meu cansaço era aparente, mas energizado e com a sensação avassaladora de estar em sintonia com a natureza.

Do Itapeva ao Diamante

Bem cedinho, com o sol a pino, descemos o Pico do Itapeva para entrar na trilha. A ventania aumentava com o passar das horas, deixando o céu parcialmente nublado. À tarde, com nuvens escuras sobre o Pico do Diamante, iniciamos o retorno. Um percurso de 16 km em 6 horas de caminhada.

A trilha da Onça percorre a crista da Serra da Mantiqueira adentrando o alto do vale do rio Piracuama. Estes picos estão em Pindamonhangaba, próximo a divisa com Campos de Jordão. O acesso por Campos do Jordão, são por estradas até o início da trilha. Em Pindamonhangaba, o acesso é pelo Ribeirão Grande, trilha das Borboletas.

Ambos os picos estão envoltos por torres de transmissão VHF e UHF. A trilha é repleta de vistas panorâmicas da serra e do vale. Dizem que, a noite avista-se luzes de 15 cidades do Vale do Paraíba, as margens do rio Paraíba do Sul, em um desnível de aproximadamente 1.500 m de altitude.    

Ao longo da trilha, as subidas e descidas são tranquilas, exigindo mais fôlego apenas no começo da subida do Pico do Diamante. Atenção as várias bifurcações, começando no Parque Itapeva, depois na trilha da Borboleta, antes do riacho, na cachoeira do Índio e na subida para o Pico do Diamante.

Na trilha atravessamos trechos de bosques, florestas e campos de altitude; e cruzamos dois riachos. Além dos inúmeros mirantes, se tem acesso também, a cachoeira Pequena, e mais escondido na mata, a do Índio.

Uma caminhada para se observar a magnitude e as belezas naturais da Serra da Mantiqueira.

Campo Encantado

Há muito tempo, numa longínqua dimensão, onde a brisa dança sobre campos de cores sonoras, a Jozefinha, uma abelha jovem e solitária, embarcou em uma jornada inesperada. Era uma criatura pequena, ainda uma novata na arte de voar, mas com o coração repleto de coragem e curiosidade.

Como sempre, enquanto voava pelo firmamento, Jozefinha se viu desviando de seu caminho habitual. Uma leve brisa a conduziu por entre os raios dourados do sol, guiando-a para um mar de Girassóis. Maravilhada com a visão, mergulhou em espiral, dançando entre as altas hastes dos Girassóis.

O seu zumbido ecoava com destemor. Explorava cada recanto naquele campo encantado. À medida que voava, os Girassóis despertaram como que saindo de um sono profundo, virando-se suavemente em sua direção. Todos estavam encantados e curiosos com aquela bagunceira barulhenta.

A jovenzinha estava envolta numa aura mágica, sentiu-se acolhida e amada. Nunca antes se sentira especial e parte do mundo. Ela sabia, naquele momento, que sua jornada solitária não era em vão, mas sim uma viagem para descobrir a beleza que habita nos cantos mais inesperados do orbe.

E assim, Jozefinha continuou seu trajeto, levando consigo as memórias áureas daquele campo magnetizado, de Girassóis surpreendidos por uma criaturinha que inspirou admiração e encanto pela pureza e formosura.

Dança Sagrada

Em campo aberto, o sol se inclina em direção ao horizonte. Somos convidados a testemunhar a grandiosidade e a profundidade do quadro, onde o calor palpável e a quietude serena permeiam o ar. Testemunhamos um espetáculo sublime. O céu se incendeia em tons ardentes, pintando o firmamento com uma paleta de cores vibrantes.

Envolvido pela magia do momento, pela calidez do sol e tranquilidade do campo aberto, deixei me ser elevado aos últimos raios de luz. Abraçado em comunhão com aquele espetáculo da natureza, por um instante, presente, sem repressão das emoções, no entendimento copioso da combinação dos sentimentos de gratidão e paz.

É uma dança sagrada entre o céu e a terra, entre o afrontamento do sol e a brandura da lua iminente. Cada pôr do sol é uma lição gentil de que, assim como o dia acomoda-se para dar lugar à noite, os ciclos se renovam em constante evolução, muitas vezes não percebido, na lembrança da efemeridade da vida e da eternidade do espírito.

Uma Tarde de Domingo

Numa tarde de domingo, enquanto observava um vasto campo de girassóis, os raios do sol lutavam para romper as nuvens escuras que pairavam no horizonte. O contraste entre a vibrante amarelo dos girassóis e o céu tempestuoso pintava um cenário de beleza e mistério.

À medida que a tarde avançava, uma sensação de serenidade envolvia a paisagem. O vento suave acariciava as pétalas douradas dos girassóis, e os campos ondulantes pareciam sussurrar segredos antigos. Era como se a própria natureza estivesse sussurrando verdades profundas à alma inquieta.

Enquanto o sol começava a descer lentamente, banhando o campo em tons alaranjado, um sentimento de conexão com algo maior preenchia o coração dos observadores. Era como se a beleza efêmera daquele momento contivesse um vislumbre da eternidade, uma lembrança suave da presença de algo divino e intocado.

Os girassóis pareciam estar numa busca espiritual, uma aspiração constante em direção à luz e à verdade. E diante das nuvens que se esvaeciam, a esperança resplandecia, lembrando-nos de que mesmo nos momentos mais sombrios, a luz sempre encontra uma maneira de se infiltrar e iluminar nosso caminho.

Neste cenário de contemplação e beleza, a tarde se despediu lentamente, deixando para trás um sentimento de gratidão e reverência pela vida e pelo universo que nos rodeia. Era como se, por um breve instante, tivéssemos tocado a essência da existência, lembrando-nos de nossa conexão intrínseca com a Inteligência Suprema.

João-velho

É tido como um dos mais belos pica-paus do Brasil. Destaca-se pelo vistoso topete amarelo que dá origem à maior parte dos nomes populares, como cabeça-de-velho, joão-velho, pica-pau-velho, pica-pau-de-cabeça-amarela, pica-pau-cabeça-de-fogo, pica-pau-loiro e ipecuati (tupi).

Nome científico: Celeus flavescens.

Suas asas são pretas e barradas de branco com as partes inferiores pretas. O macho apresenta uma faixa vermelha nas laterais da cabeça, próximo a base do bico. Possui língua longa, preenchida de pontas em forma de escova, apropriada para extrair suco das frutas e o néctar das flores.

Alimenta-se de frutas, insetos, larvas, formigas e cupins. Na região sudeste, em Mata Atlântica, foi confirmado aves tomando o néctar das flores de duas espécies de plantas (Bombacaceae e Marcgraviaceae) do dossel da floresta.

Os pica-paus são polinizadores, pois ao visitarem várias flores das plantas, encostam a cabeça e o pescoço nas anteras e estigmas das flores. São aves benéficas na conservação da natureza, visto que se alimentam de cupins, formigas e outros insetos nocivos à madeira.

Estas aves estão sob ameaça por causa da alteração do seu habitat natural, desmatamentos e queimadas. A espécie depende de arvores altas e ocas para abrigo e construção de seus ninhos. Estão na lista de animais ameaçados de extinção do Ministério do Meio Ambiente.

Que Sua Jornada Seja Virtuosa

A vida transcende a simples jornada de sobreviver ou atravessar os dias; é um intricado tear, onde cada fio entrelaça-se com propósito. Em alguns momentos, assemelha-se a uma obra de arte, convidando-nos a idealizar conscientemente suas nuances e colorir ousadamente uma tela em branco.

Avance destemidamente até onde sua vista alcançar, e ao atingir esse ápice, desvende horizontes que se estendem para além do alcance do olhar, revelando panoramas inexplorados e possibilidades que aguardam descobertas audaciosas.

Feliz e Próspero 2024!

Presente, Passado e Futuro

“No início era apenas sonho, desejo e visão. Hoje uma realidade, que se renova de forma diferente, a cada nova missão. Esta foto representa o contínuo caminhar…. Em um trecho da Serra da Mantiqueira, do cume do Pico dos Marins, temos o Pico Marinzinho escondido a esquerda, com vista panorâmica da Pedra Redonda, Pico do Itaguaré, e ao fundo a majestosa Pedra da Mina.”

Quando chega dezembro, costumamos fazer um balanço no final do ano presente, que já é passado, e seguimos nos sonhos, desejos e projetos para um ano novo futuro.

“Como todo ano, este foi mais um piscar de olhos e já estamos a horas da virada.”

Gratidão por tudo que realizamos (passado) e também por aquilo que está pendente ou não fizemos, com a devida reflexão para seguir adiante (futuro).

Esperança, fé e amor, como um exercício contínuo, principalmente nos momentos difíceis, no propósito para uma vida de bem-aventurança (presente).

Mãos à Obra é arregaçar as mangas e pegar o touro pelos cornos, assim diz um amigo meu. De nada adianta sonhar se não realizar (presente).

A cada momento viva o presente. Acorde!

Olhe ao lado. Quem está ao seu lado? Sorria!

Você é um ser humano. Respire!

Nada ocorre por acaso. Confie!

Caminhar é preciso. Siga!

Feliz 2024!