“A excessiva atenção que se presta ao perigo faz que muitas vezes nele se caia.“
Jean de La Fontaine


A Cachoeira do Juju é uma das principais atrações da Travessia Baependi-Aiuruoca, localizada no Parque Estadual da Serra do Papagaio, em Minas Gerais. Durante a travessia, ela é visitada na manhã do segundo dia, em um trecho que desce a Serra da Chapada por uma trilha de fácil acesso, a apenas 2 km do acampamento Cabana PESP.


Há também um acesso alternativo – partindo do centro de Baependi, são 33 km por estrada de terra até um estacionamento, seguidos de 1 km a pé por trilha até o topo da cachoeira, a 1.580 metros de altitude. Seu principal atrativo é a piscina de borda infinita, formada pela queda de aproximadamente 130 metros – detalhe que passa despercebido para quem realiza a travessia.

Sem dúvida, a Cachoeira do Juju é uma parada obrigatória na travessia, oferecendo paisagens impressionantes e um banho revigorante na piscina de borda infinita.



No final de setembro, partimos rumo ao Parque Nacional da Serra do Cipó. As trilhas, embora longas, apresentam poucos desníveis, tornando a caminhada leve. Nesta época, o nível dos rios e ribeirões está baixo, permitindo acesso seguro a diversas cachoeiras – um dos grandes atrativos da região – que, durante a temporada de chuvas e trombas d’água, se tornam de difícil alcance, inclusive ao atravessar os cursos d’água.


Entramos pela portaria do Retiro e seguimos pela trilha principal até o primeiro desvio à direita, atravessando o rio Bocaina para adentrar um pequeno cânion. Seguimos pela margem oposta – o lado direito do rio que forma a cachoeira – e, a partir daí, o caminho acompanha o leito rochoso até a Cachoeira das Andorinhas, que despenca em duas quedas sobre um poço profundo e de águas tranquilas.


Retornando à trilha principal, caminhamos ao lado do rio Bocaina e, em poucos minutos, observamos a esquerda um alto paredão rochoso com uma vertente inclinada e profunda, anunciando uma nova queda d’água. Tímida nesta época, ela forma um belo poço de água translúcida, de temperatura agradável e fundo arenoso, facilitando o acesso à Cachoeira do Gavião. Ambas as vertentes desaguam no rio Bocaina.


Continuando pela trilha principal, pela margem esquerda, atravessamos um pequeno curso d’água e, em seguida alcançamos a margem direita, percorrendo cerca de quatro quilômetros até a Cachoeira do Tombador. Apesar do volume reduzido de água, formava um poço largo com uma pequena prainha de água doce, que facilitava o acesso à parte mais profunda e ao segundo poço, logo acima, entre as pedras.


No retorno, fizemos uma última parada no rio Bocaina, no ponto conhecido como Bambuzal. Com o leito baixo e sem correnteza, era possível caminhar rio acima por dezenas de metros até alcançar as partes mais profundas, observando pequenos cardumes de peixes através da água amarelada clara.

Entre caminhadas e banhos nos poços do rio e das cachoeiras, concluímos um dia intenso de 27 km percorridos a pé em 9 horas.