Temporada de Montanha 2024

Começamos a temporada em maio, no Parque Nacional de Itatiaia, com Morro do Couto, Circuito Cinco Lagos e Pedra do Altar. O desafio mesmo foi a Travessia Rancho Caído passando pelos Vales do Aiuruoca e dos Dinossauros, acesso a Pedra Ovos da Galinha, ascensão a Pedra do Sino, Picos Marombinha e Maromba, e visita as Cachoeiras Rancho Caído, dos Macacos e do Escorrega.

No final de maio e início de junho trilhamos a meia Travessia Marins-Itaguaré, sentido ida-volta Itaguaré-Pedra Redonda, com registro de mínima de 8ºC negativo no acampamento base Itaguaré. Ainda em junho visitamos os cinco mirantes na Trilha dos Mirantes com acampamento selvagem a 2.000 m de altitude, Serra da Mantiqueira.

Em julho, com amigos de São Paulo, fizemos um bate-volta até a Pedra do Abismo, Serra dos Poncianos, e visitação a Pedra da Onça, do Livro, Bosque dos Duendes e Pedrão Cheiro da Mata. Retornamos ao Parque Nacional de Itatiaia nas trilhas Pedra da Maça/Tartaruga, Base Prateleiras, Toca do Índio, Chapada da Lua, Mirante Cabeça do Leão e Pedra do Registro/Paredão dos Enamorados.

Em agosto retornamos na Trilha dos Mirantes em um bate-volta. Finalizamos a temporada em setembro, nas trilhas do Parque Estadual Pico do Marumbi na serra paranaense, nas trilhas do Caminho do Itupava – Cadeado e IAP Prainhas, visitação a Pedra Lascada, Cemitério dos Cadeados, Rochedinho, Rio Nhundiaquara, Cachoeira dos Marumbinistas e Trilha Frontal até o Pico Olimpo.

Contabilizamos 18 dias de trilhas e travessias em montanhas, atravessando serras e vales, bosques e matas, picos e cachoeiras, em 148 km e 84 horas.

Raízes Ancestrais

Nas entranhas da montanha, as raízes brotam com força e resiliência das profundezas da terra. Em campos rochosos gritam na superfície e deixam cicatrizes únicas como testemunhas do tempo. Uma conexão profunda entre passado e presente.

As raízes, entrelaçadas com a terra, buscam sustento nas camadas abreviadas de solo. É como um ímã, uma ligação ancestral que ecoa nos caminhos daqueles que vieram antes ou passaram, mesmo que por um curto tempo, em nossa vida.  

Tanto que as árvores crescem e se manifestam ao longo do tempo, em ramificações que moldam o curso de uma jornada. Como nossos ancestrais, ao longo das gerações, o curso de uma vida se projeta nas consciências individuais e coletivas.

Coração Andarilho

Após parada obrigatória, o coração andarilho volta a bater forte. No túnel do tempo das lembranças, de muita andança…

Por tantos caminhos, trilhas e rotas. Muitas missões possíveis, algumas intrincadas, outras tolas, e tantas peripécias. Brilho no rosto, sorriso estampado. Espinhos pelos caminhos. Desvios, enganos, erros, mudanças de rumo. A dor é inevitável durante o percurso. Sempre com gente boa, amigos, vizinhos e camaradas de longa jornada. Algumas vezes solo, em outras solitário nos pensamentos oportunos. Gratidão pela trajetória itinerante. Como um passante, repetida vezes ou na primeira chance, a magia está sempre presente naquilo que o andarilho vê. Nas cores da alegria, na esperança da liberdade verdadeira. Buscando coragem frente ao desconhecido. Um viajante fugitivo que logo se encontra consigo mesmo. Apaixonado pela trajetória. De espírito aventureiro, um caminhante autêntico. Também conhecido como mochileiro, andarilho.

Pegadas na Areia – Ilha Grande

Com pegadas na areia deixamos nossos pensamentos ao vento.

Na travessia de barco até o Aventureiro a mente ainda surfou nas ondas de pensamentos daninhos, mas na caminhada do dia seguinte as preocupações ficaram ausentes. A ansiedade, comum no dia a dia da cidade, sumiram a beira-mar. Agora sim, realmente conectado ao meio.

Após almoço em Dois Rios, subimos a trilha-estrada em direção a vila de Abraão.  Debaixo de chuva torrencial, aceleramos os passos sem fraquejar sob a enxurrada escorrendo pela estrada. Chegamos encharcados, cansados e felizes no vilarejo de Abraão.

Uma travessia que lavou a alma.

Em cada acampamento, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo produzido foi trazido conosco e descartado em local apropriado.

Vida Caiçara – Travessia Mamanguá, Cajaíba e Juatinga

A vida caiçara é dura, mas…

Observando os barquinhos de pesca chegando na praia, me ocorreu a lembrança dos pescadores e seus causos.

” Das longas jornadas em alto mar quando até os mais experientes são assolados pelo enjoo. O perigo das grandes ondas que lavam a alma. Onde se manter a bordo é uma luta pela sobrevivência. Vida de pescador é difícil.

A pesca artesanal se acabando devido a competição com os pescadores predatórios. Hoje em dia, sem tanto peixe, alguns vão longe para dentro do grande mar. Outros vão embora para a cidade, na esperança de um trabalho melhor, que não existe. Alguns se organizam em associações para se fortalecerem.

Existe esperança no ecoturismo sustentável de base comunitária, para complementar a renda que não vem mais da pesca abundante. Eles resistem em suas terras e parecem felizes. “

A TRAVESSIA

Esta travessia do Saco do Mamanguá, Enseada da Cajaíba, Ponta da Juatinga, Cairuçu das Pedras, Ponta Negra, entre Parati Mirim e Vila do Oratório / praia das Laranjeiras, litoral sul do Rio de Janeiro, é um trekking singular no desafio da travessia e das belas paisagens costeiras. A travessia pode ser realizada em ambos os sentidos. Para facilitar o deslocamento, o trekking foi realizado fora da alta temporada e do clima  de verão.

As trilhas bordejam encostas, em subidas e descidas pela mata atlântica, até o encontro com enseadas e praias paradisíacas. No período da tarde devido ao sol e alta umidade, as paradas eram frequentes. Com isso mergulhávamos na observação respeitosa do modo de vida simples das comunidades que habitam essa região costeira. O entardecer era louvável na expectativa de cumprir o percurso, achar um acampamento para pernoite e poder contemplar mais um pôr do sol.

Em cada acampamento, deixamos o local onde acampamos igual como o encontramos. O lixo produzido foi trazido conosco e descartado em local apropriado.

A vida caiçara é feliz!

Pôr do Sol – Parque Nacional do Caparaó

A travessia dentro do Parque Nacional do Caparaó foi um desafio singular por diversos motivos.

A gente acha que nunca mais vai assistir um pôr do sol tão belo e magnifico devido a tantos outros que já vimos.

Puro engano, pois a cada novo pôr do sol, seja ele em qualquer lugar que seja, a emoção carrega o coração de alegria e ficamos meio que perdidos naqueles últimos instantes de luz.

Aquele entardecer no Caparaó estava carregado de nuvens densas que se movimentavam freneticamente, desenhando coisas no céu além da nossa imaginação.

Que belíssimo final de tarde após mais uma longa jornada de trekking.

Cachoeira do Veado – Parque Nacional da Serra da Bocaina

Naquele ultimo dia nos despedimos da Bocaina e descemos a serra do mar em direção a Mambucaba.

Ao raiar do sol tomamos café com o Tião e saímos ligeiro para atravessar os últimos barreiros que estavam bem encharcados devido à chuvarada que caiu a noite toda.

Antes de começar a descida da serra, para nossa alegria, um quadro emoldurado pela mãe natureza se desenhou passo a passo, como um fotograma, naquele pequeno trecho da Trilha do Ouro.

Uma admirável cachoeira se encaixou perfeitamente na moldura de raízes e cipós trazendo à tona toda sua imponência.

Demos graças uma vez mais!