Bela Vista

Os mirantes na Serra da Mantiqueira se espalham nas trilhas e travessias em montanha. Algumas vezes escondidos e outras escancarados para quem quiser ver.

Um mirante e um abismo, parceiros inseparáveis. Um enxerga as entranhas da terra, e o outro, vislumbra na linha do horizonte o perfil da serrania.

Nos mirantes acima das nuvens ficamos com a impressão de estarmos no olimpo dos deuses. Às vezes, parecem estar tão próximas que podemos tocá-las.

Em todo mirante podemos vivenciar este espetáculo singular da natureza, o nascer e/ou o pôr do sol.

No entanto, ao cair da noite é que percebemos a extensão de um pequeno povoado ou um grande centro urbano. As luzes artificiais irão ofuscar sua vista.

Pedra Selada – Visconde de Mauá

Logo ao amanhecer, aos primeiros raios de sol, nos preparamos para subir a Pedra Selada. Naquele momento, ela estava ofuscada nas sombras da encosta.

A origem do nome é peculiar ao formato de uma sela de montaria. A Pedra Selada é também conhecida como Pedra da Galinha Choca. Faz parte do Parque Estadual da Pedra Selada, municípios de Resende e Itatiaia, cujo acesso é por Visconde de Mauá.

O parque estadual foi criado em 2012 para preservar a fauna, flora e recursos hídricos desta porção de mata atlântica, com formação rochosa de notável beleza cênica e ótima vista panorâmica da região.

A trilha começa numa subida constante, a 1.070 m de altitude, atravessando pastagens, até adentrar uma floresta. Logo a 1.255 m, avistamos a Cachoeira do Chuveiro, que pode ser vista neste trecho da trilha que sobe até a pedra.

Entre uma clareira e outra na mata, se observa o quanto já subimos e quanto ainda falta para chegar na pedra. Em cerca de duas horas chegamos ao cume da Pedra Selada, a 1.755 m. Onde se encontra a caixa do livro de cume a visão é 360º.

A Oeste, avistamos o Pico Maromba, Agulhas Negras, Asa do Hermes, Pedra do Sino e Serra Negra. Ao Norte, o Vale do Rio Preto que faz divisa entre RJ-MG. Ao Sul, as cidades de Resende e Itatiaia, o Vale do Rio Paraíba do Sul e Serra do Mar.

De volta as proximidades do Rio Preto e Mirante Pedra Selada, o céu de brigadeiro colocou em destaque a beleza e imponência daquele afloramento rochoso.

Travessia Marins Itaguaré – Serra da Mantiqueira

A Travessia Marins Itaguaré é uma das clássicas caminhadas do montanhismo brasileiro. Este trekking percorre uma parte da Serra da Mantiqueira, entre São Paulo e Minas Gerais, tendo como pontos culminantes o Pico dos Marins (2.420 m), Pico Marinzinho (2.432 m), Pedra Redonda (2.304 m) e Pico do Itaguaré (2.308 m). Uma travessia de 20 km em 3 dias, considerando ataque aos picos do Marins e Itaguaré.

É uma travessia técnica, em terreno rochoso, muita subidas e descidas, com mochila cargueira, água extra devido à restrição de pontos de captação de água, acampamento selvagem, possibilidade de neblina dificultando a navegação. Trekking com trecho de trilhas pouco visíveis, escalaminhada, passagem de buraco e uso de corda. Estar fisicamente bem preparado e contratar guia ou agência especializada são essenciais.

Na linha de cume desta travessia, é fantástico a vista dos vales e picos.

Da estrada já avistamos o contorno da serra, com o Marins a esquerda e o Itaguaré do outro lado. Subindo pelo bairro dos Marins, vemos os detalhes das montanhas escarpadas.

No alto dos Marins, temos um cenário amplo da travessia, com visão do Marinzinho, Pedra Redonda, Itaguaré e Serra Fina / Pedra da Mina.

No Pico Marinzinho, olhando para trás, a esquerda vemos o Marins, e olhando a frente, a continuação da travessia, com a Pedra Redonda começando aparecer em destaque.

Na lomba da Pedra Redonda, antes de descer para o acampamento, o Itaguaré foi iluminado pelo entardecer enquanto que o Vale do Paraíba ficou as margens da sombra da Mantiqueira.

No Pico do Itaguaré, entre nuvens passageiras, aguardando o pôr do sol, vimos o que ficou para trás, o Marins a esquerda, no centro a Pedra Redonda e a direita o Marinzinho.

Depois aguardamos a chegada de mais um espetacular pôr do sol.

Uma aventura em perfeito respeito a montanha. Este desafio exige bom planejamento e logística. Sugiro estar com bom preparo físico, formar um grupo pequeno, com espírito de equipe e focado no objetivo de cada dia. Não recomendo esta travessia se for o primeiro trekking ou o primeiro contato com a montanha.