Pareidolia – Do Mar a Terra

” Em águas turbulentas, margeei a costa em busca de proteção. Com a mente tumultuada, ao navegar naquela orla os pensamentos ruins se foram. Com aquele frescor do vento no rosto, fechei os olhos, o sol ecoava quente na pele, comecei a ver coisas… “

E bem ali, ao lado da encosta rochosa, emergiu um grande animal marinho, com olhos proeminentes e uma biqueira que lembrava a de uma ave. Daquele ponto abriu mar oceânico, e logo se foi aquela visão.

Em seguida, ao desembarcar em terra firme, subimos a selva atlântica. Na vertente antes de chegar ao passo da montanha, uma janela se abriu na mata. Lá estava ela, a grande baleia subindo a encosta vizinha.

Como num piscar de olhos, ela se foi. No dia seguinte, ao subir a crista rochosa do pico, logo atrás, emerge um novo monstro da mata, como que saindo para respirar, deixa exposto a meia face, com a boca aberta.  

De volta a costa, seguimos até a foz do riacho, escondido no canto da praia, do outro lado da mata. Avistamos um pequeno boqueirão de pedras. E das ondas emergiu uma baleia, de supetão, do lado esquerdo das pedras.

P.S.: Pareidolia é quando o observador recebe um estímulo visual ou sonoro, aleatório e impreciso, e o cérebro busca um significado como algo conhecido. É claro que o significado é exclusivo de cada observador.

Uma Profusão de Cores

Hoje é o início da primavera no hemisfério sul. No Brasil é um período de transição entre as estações seca e chuvosa, com aumento do regime de chuvas e temperatura.

Este fenômeno é chamado de equinócio, de setembro, período do ano em que os hemisférios sul e norte, tem a mesma duração para os dias e as noites.

Nesta estação a natureza se conserva mais colorida. As árvores, os campos, os jardins e os parques municipais se apresentam mais alegres e acolhedores.

É um ciclo de mudanças nas condições climáticas, favorecendo o crescimento das plantas. Praticamente vemos a vida brotando em todos os cantos.

A primavera é uma profusão de cores que não tem como não admirar. As cores das flores estão logo ali, numa infinidade de lugares.

Terra Escondida

Me aventurei numa terra escondida, desconhecida, ainda sem nome. A primeira vez que a vi, examinei com atenção. Além de um rochoso, as pedras na encosta da montanha confirmaram os mirantes naturais.

A mesma terra escondida que quando criança imaginava uma grande parede, contínua, sombreada e distante. Logo depois fui aprender que era uma grande cadeia montanhosa, chamada de Mantiqueira.

Significa “serra que chora”, nome dado pelos indígenas, graças as nascentes que descem pelas encostas da serra organizando riachos e afluente rios, até formar o rio Paraíba do Sul no Vale do Paraíba.

Nesta parte de terra escondida da serra, não a vi chorar. Seus minadouros estão bem abaixo na vastidão da sua extensão. Pousei ao lado de um rochoso, enviesado para o sul de minas, abrigado da ventania que vem do vale.

Em terra escondida não se engane, mesmo os mais experientes desbravadores, são fustigados pelo jângal, que arrebata sua energia e pensamentos. Limpa sua mente de tal forma que até fica desorientado.

Pareidolia – Itamonte

Em Itamonte, não tem como não enxergar nas pedras, colinas e montanhas o efeito neuropsicológico da pareidolia.

De tanto caminhar a gente vê barbatana de tubarão no alto da montanha, e ao se aproximar da Pedra do Picu, o que se vê é uma enorme cabeça de monstro, tipo Jurassic Park ou Godzilla.

Ou ainda, descansando após trilha, no Camping Sítio Guimarães, nas colinas iluminadas ao entardecer se vê um elefante gigante ou mamute pré-histórico se alimentando de um arbusto.

Por fim, durante o trekking circuito Pico da Boa Vista, encontramos cupinzeiros e na boca de um deles, se vê o formato de um olho, com a esclerótica preta e íris verde, de um ser de outro planeta.

P.S.: Pareidolia é quando o observador recebe um estímulo visual ou sonoro, aleatório e impreciso, e o cérebro busca um significado como algo conhecido. É claro que o significado é exclusivo de cada observador.

Mistérios no Alto da Serra

Existem mistérios no alto da serra onde o céu azul distrai o caminhante. Onde se descortina raios de luz que aquece os seres da floresta. Alguns se escondem à meia-luz e outros ficam na escuridão.

Que alegria vê-la radiante. A Lua, a plena luz do dia.

” Que bom seria poder brincar, como se fossem bolinhas de gude, com as luas e planetas desse sistema solar, tentando acertá-las no centro da Via Láctea. “

Mas de nada adianta brincar de deus interplanetário sabendo dos inúmeros mistérios do universo que ainda não sabemos explicar.

Vejo adiante. Dentro da mata escura requer justeza na visão. A mata sombria esconde mistérios. Perigos iminentes e reais. Tudo é energia, densa e sutil. Forças opostas se duelam. Tudo está em conexão.

É preciso volitar em direção a luz. Avistar onde os raios do sol se vertem na mata. Bem no alto da folhagem. Parece descomplicado. Algo diferente está no ar. A floresta escura e densa fica distante.

Parece vasto o horizonte de possibilidades. Alguns desenlaces estão a vista. Ainda distante ano luz de todo merecimento. Muitos enigmas a trilhar. Então sigamos caminhando!

Espelho D’água

“ Paro à beira do caminho para me ver no espelho d’água. ” 

Não me encontro nesse dia de domingo. Com pensamento mergulhado em água turva, minha alma se perde no caminho. Respiro fundo. Fecho os olhos por um instante. Dia lindo, azul entre nuvens. Apesar da mente enevoada tenho esperança de ver sob a água escondida. 

A vista ainda confusa. Surge um mar de plantas. São como um filtro d’água. Liberam oxigênio, nutrientes e sombra para os cansados. As virtudes navegam lá no fundo. Decisões são tomadas na flor d’água. Aqueles répteis inertes, da mente, mergulham em direção ao abissal. 

Sei que ainda habita monstros nas profundezas da minha alma. Busco a reflexão em águas claras. A mente em movimento trouxe energia e clareza. Como é difícil permanecer limpo nesse oceano dos humanos. Há pouco ao adentrar em água cristalina a lama escorre. Inunda transparência.  

Estou sozinho a falar com meu reflexo na água. Água limpa, vejo o fundo. Vejo também, muitas vezes, uma vida ilusória. É bonita, fico confuso pois encanta a visão. Até consigo ver o passar do vento. Aos olhos, parece bambo e sem foco. Na espreita, cuidado com a quimera da vida real. 

No reflexo o espelho d’água ecoa os pensamentos. A vida é assim, quando eu mudo, muda. A vida é simplicidade. Fuja da distração dessa urbe. Logo ali superei as águas turbulentas. Nesse remanso, navego feliz, na certeza que tudo é breve. Vejo o melhor em tudo. E tudo será melhor. 

O melhor espelho d´água é aquele que vejo o melhor de cada fase da vida, das coisas e das pessoas. A verdadeira imagem não é exatamente aquela que consigo ver. O reflexo de tudo de bom ou mal refleti no espelho da vida. Ao olhar para um espelho d’água não se iluda.

Montanha de Flores – Parque Nacional de Itatiaia

Literalmente encontramos uma montanha de flores.

Esta unidade de conservação de proteção integral representa muito bem os ecossistemas de mata atlântica e campos de altitude.

O planalto de Itatiaia se destaca por uma relevância ecológica e beleza cênica única, acima dos 1.600 metros de altitude, com uma flora exuberante.

As flores são um sucesso evolutivo com grande diversidade genética e adaptativa para conseguir a polinização. Na região de Itatiaia fica evidente esse efeito evolutivo.

A polinização ocorre através do vento, água, insetos, aves e morcegos. Para atrair os agentes voadores, a recompensa é o pólen, néctar, óleos ou odores.

As abelhas são os principais polinizadoras. Estudos indicam grande contribuição na preservação das espécies vegetais e manutenção da variabilidade genética.

A riqueza biológica em Itatiaia é tão generosa que as margaridas catalogadas são 183 e as orquídeas são 216 espécies, sendo 45 endêmicas.

Segundo o Centro Nacional de Conservação da Flora, foram identificadas 92 espécies ameaçadas de extinção no Parque Nacional de Itatiaia.

A Sempre-viva é também conhecida como sempre-viva-de-mil-flores, chuveirinho ou sombreiro. Ou ainda capipoatinga, do tupi-guarani, capim da ponta branca.

O Lírio da mantiqueira é uma flor nativa do Brasil. Também conhecida como amarílis, lírio-do-mato ou açucena. Planta adaptada na Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.

A Utricularia é uma espécie de planta carnívora (insetívora). Com flores grandes e coloridas, esconde sua armadilha no solo encharcado, em folhas modificadas para sugar a presa.

O Brinco-de-princesa é uma flor pendente e lembra um brinco. Na foto é uma Fucshia regia que é comestível. Adorada por beija-flores. Adaptada ao inverno e às geadas.

Ovos da Galinha – Parque Nacional de Itatiaia

O maciço de Itatiaia revela grandes afloramentos rochosos em um processo erosivo de milhões de anos.

Pela manhã partimos na caminhada, a partir do camping Rebouças, contemplando as belas paisagens no planalto de Itatiaia.

As montanhas e pedras de Itatiaia, com formas no mínimo curiosas, receberam nomes como Agulhas Negras, Altar, Asa de Hermes, Assentada, Camelo, Couto, Maçã, Prateleiras, Sino e Tartaruga.  

Uma formação rochosa em especial é chamada de Ovos da Galinha. Localizada entre a cachoeira do Aiuruoca e Pedra do Sino.

No cume da Pedra do Altar se avista os ovos como cinco pedras sobre uma pequena elevação rochosa.

A princípio parecem pequenas, no entanto quando nos aproximamos, os Ovos da Galinha impressionam pelo tamanho. Quanto ao formato, toda imaginação é valida para vê-las como ovos de uma galinha.

Entretanto, uma delas parece uma “mão gorducha” e outra uma “galinha da angola”. Outra curiosidade foi encontrar no chão de pedra uma depressão em formato perfeito de um “coração”.

Dia de muita nebulosidade, ventania e calor. Aparentemente as chuvas mantiveram-se na região de Visconde de Mauá e Itatiaia.

É trilha para espiar as montanhas com calma.

Nesse caminho avistamos as Prateleiras, Agulhas Negras, Asa do Hermes, Pedra do Altar, Morro do Couto e Pedra do Sino.

No meio da tarde, de volta ao camping, nada melhor que um banho revigorante na represinha do Rebouças. Depois um café para esperar o jantar em noite de lua cheia.

 

Campo de Girassol

“A mente sobrevoa o campo de girassol. O coração pulsa feliz. Uma planta com flores. Acumula energia do sol. Mostra vitalidade no amarelo-alaranjado de suas folhas pétalas. Mostra altivez e imponência na florescência.”

Originária da América do Norte e Central. O Helianthus annuus, do grego helios, sol; anthus, flor; e do latim annuus, anual.

Flor do sol que gira seguindo o movimento do sol, conhecido como Heliotropismo. Floresce no verão, primavera e outono.

No Feng Shui, boas vibrações. Concilia luz e sombra. Estimula o aconchego do corpo e mente. Conquista amizade e bons sentimentos.

É vida ancestral. Empregado em rituais Astecas e Maias ao Deus Sol. Até inspirou Van Gogh como nos Doze Girassóis numa Jarra.

Quando ainda jovens, são imaturos. Se movimentam em direção ao sol. Quando amadurecidos, ficam fixos. Olham apenas para o oriente.

Estão na jornada em busca da iluminação. Esperança e coragem em dias sombrios. Os girassóis sempre seguem a luz. 

Pode chegar a três metros de altura e trinta centímetros de diâmetro. Apresenta folhas periféricas femininas, de pétalas amarelas, para atrair a polinização.

No centro contem milhares de flores hermafroditas, de coloração alaranjado escuro. O caule e folhas são verde escuro, longo e robusto.

Da família das Asteráceas, plantas com flores, o girassol possui uma enorme importância econômica.

Do caule, folhas e sementes, se produz óleo comestível, ração, adubo, biodiesel e até mel quando associado a apicultura.

Pareidolia – Parque Nacional de Itatiaia

Pareidolia é quando o cérebro enxerga algo familiar devido a um estímulo visual ou sonoro, aleatório e impreciso, e busca um significado, interpretando como rostos, animais ou objetos. É um efeito psicológico. O que se vê depende exclusivamente do observador. Vários observadores podem ter a mesma interpretação ou simplesmente divergirem completamente, dado que cada observador tem uma condição psicológica única.

Começamos esta jornada com a visão de um ser alado. Semelhante a uma asa, pronta para voar. A enorme pedra Asa de Hermes está ao lado do pico Agulhas Negras, e pode ser facilmente visto no caminho para a Pedra do Altar.

Nas próximas duas fotos, vemos a cabeça de um lagarto saindo da terra e a cabeça de um animal, com olho e boca bem aparente. Cada pedra foi vista em ocasiões diferentes, durante a travessia entre Morro do Couto e Prateleiras.

Nesta pareidolia, o legal foi poder descansar sobre ela. Uma pedra com aparência de mão com quatro dedos semiaberta, ou simplesmente uma grande poltrona. Visto em um dia sob forte neblina.

Agora vemos um rosto humano. A face vista de lado, devido as sombras, realça o olho e nariz, e a boca parece estar fechada. Esta forma pode ser observada na Pedra do Altar, ao contornar a mesma caminhando no sentido Vale do Aiuruoca.

Vamos finalizar com a Pedra da Tartaruga, o qual dispensa qualquer descrição. Logo atrás dela, podemos ver uma pequena parte da Pedra da Maçã, e neste caso vamos deixar você imaginar como ela é. Estas pedras estão escondidas ao lado das Prateleiras.