Cachoeira do Índio – Pindamonhangaba

Era segunda-feira, véspera do último dia do ano. A cada passo na trilha úmida e escorregadia, a Mata Atlântica parecia sussurrar segredos antigos. O cheiro terroso da vegetação densa misturava-se com o som da mata viva, com o encanto dos pássaros ecoando cantos de paz. Raízes, lama, descidas e subidas íngremes testavam o nosso fôlego. E então, lá estava ela. A imponente Cachoeira do Índio surgia como uma força da natureza, escondida no coração da mata virgem. Seus cem metros de águas turbulentas despencavam com uma fúria indomável, criando uma névoa refrescante que se misturava ao vento. O rugido da água ecoava pela floresta, um lembrete do poder bruto e da beleza selvagem do mundo natural. Era mais do que uma paisagem, era um momento gravado na alma.

Feliz e Próspero 2025!

Do Itapeva ao Diamante

Bem cedinho, com o sol a pino, descemos o Pico do Itapeva para entrar na trilha. A ventania aumentava com o passar das horas, deixando o céu parcialmente nublado. À tarde, com nuvens escuras sobre o Pico do Diamante, iniciamos o retorno. Um percurso de 16 km em 6 horas de caminhada.

A trilha da Onça percorre a crista da Serra da Mantiqueira adentrando o alto do vale do rio Piracuama. Estes picos estão em Pindamonhangaba, próximo a divisa com Campos de Jordão. O acesso por Campos do Jordão, são por estradas até o início da trilha. Em Pindamonhangaba, o acesso é pelo Ribeirão Grande, trilha das Borboletas.

Ambos os picos estão envoltos por torres de transmissão VHF e UHF. A trilha é repleta de vistas panorâmicas da serra e do vale. Dizem que, a noite avista-se luzes de 15 cidades do Vale do Paraíba, as margens do rio Paraíba do Sul, em um desnível de aproximadamente 1.500 m de altitude.    

Ao longo da trilha, as subidas e descidas são tranquilas, exigindo mais fôlego apenas no começo da subida do Pico do Diamante. Atenção as várias bifurcações, começando no Parque Itapeva, depois na trilha da Borboleta, antes do riacho, na cachoeira do Índio e na subida para o Pico do Diamante.

Na trilha atravessamos trechos de bosques, florestas e campos de altitude; e cruzamos dois riachos. Além dos inúmeros mirantes, se tem acesso também, a cachoeira Pequena, e mais escondido na mata, a do Índio.

Uma caminhada para se observar a magnitude e as belezas naturais da Serra da Mantiqueira.

Cachoeira do Índio – Vale Europeu

Nas andanças pelo Vale Europeu, região dos Lagos de Santa Catarina, o calor da primavera estava arrebatador, então seguimos até a cachoeira do Índio, na fazenda da família Kohlbeck, Estância Itaperuna, distante, morro acima, 50 km do rio dos Cedros.

Fomos bem recebidos pelos proprietários que nos orientou para chegar na cachoeira do Índio. Seguimos fazenda adentro, passando pelos cavalos, carneiros, perus e galinhas, soltos em um campo gramado, e logo abaixo avistamos as corredeiras do rio dos Cedros.

A mata ciliar abraçava o rio e a gruta estava meio escondida sob as águas. O espaço alagado debaixo da pedra não é exatamente uma gruta mas vale a pena conferir. Deste ponto, logo à frente com a queda livre formada, o rio parece um sumidouro.

Passo a passo, procurando chão seco, vou de encontro onde a base da cachoeira pode ser fotografada. Com cuidado voltamos alguns metros, e descemos a trilha até chegar na parte baixa da cachoeira. Uma cortina d’água se abriu detrás das árvores.

O encanto é imediato, tanto pelo vento molhado, do paredão disposto em camadas de pedras, com destaque aos tons escuros e coloridos das rochas e vegetação, como o caminho molhado que passa atrás da enorme queda d’água.

Então segui no caminho molhado. Não tem como não ficar empolgado neste momento. Aquele enorme volume caindo em forma de cortina d’água, com um som bárbaro e tudo ficando molhado. Saí do outro lado, de corpo e alma lavada.