Após pedalar por toda a orla, fomos em direção ao mercado. Acabei parando na praça para descansar e avistei uma ponte com seus transeuntes freneticamente indo de um lado para o outro. O engraçado que todo mundo passava com sua bicicleta. Ninguém a pé. Estranho mundo de uma ponte e seus bikers. No meu ouvido o rock & roll rolava solto. Na minha visão os ciclistas pareciam partituras. Eles lembravam notas de um riff que se repetia naquela agitada ponte. Entre idas e vindas, os ciclistas surgiam como acordes musicais. Algumas vezes pareciam improvisados. Em outros ecoavam com vigor até o clímax da música. Naquele instante pareciam iguais as notas musicais.
Kalanga – Veículo de Duas Rodas
Kalanga nada mais é que sinônimo de veículo de duas rodas impulsionado com pedais, a popular bicicleta, bike.
Desde de tempos pueris, aprendi a me equilibrar e tentar bater meu recorde em velocidade. Sem noção do perigo, sobrevivi nas descidas dos morros fazendo de freio os pés. Já ralei inúmeras vezes no chão do asfalto e na terra. Como fazia graça para os amigos, com acrobacias, tomava aqueles tombos, saia ileso do susto e fugia de vergonha logo em seguida.
Depois, com equipamento melhor e juízo na cabeça, distancias maiores foram superadas, caminhos na natureza foram desbravados. Nada demais, mas o suficiente para treinar e se divertir, pois outras atividades esportivas sempre foram e são prioridades. Nesse ínterim, ela ficou pelos cantos. Algumas vezes saíamos para um pedal urbano.
Agora de volta aos pedais. Nesta nova categoria vamos abordar o mundo da bike e ciclo turismo, com textos e fotos autorais. No momento apenas pedal urbano e novas aventuras em breve.
Na imagem acima fizemos uma paradinha em frente a uma construção histórica no passeio de bike em Cananéia, litoral sul de São Paulo.
Nuvens Brincante – Serra Marins-Itaguaré
Quem nunca brincou de esconde-esconde…
Na montanha, quando chegam as nuvens, como crianças, brincam com os montanhistas. Logo, escondem as serras por um instante e os picos por dias sem fim.
Em determinadas estações do ano ou locais mostram que são tormentas chegando. Por hora, causam preocupação e não é hora de brincadeiras.
Mas o bom mesmo, é vê-las passando, se misturando e dissipando num movimento frenético. Como criança, as nuvens brincam, correm pelos ares e revelam a beleza das montanhas.
Cadê o Caminho? – Pico do Marinzinho
Sabe quando você já caminhou muito, muito mesmo. Está cansado. Faz uma paradinha para um gole d’água. Assim você olha para cima e vê aquela enorme montanha. Parece que não tem como subir até lá, no topo.
Cadê o caminho? Está logo ali, atrás daquele arbusto, entre as pedras. Não se engane, depois de muitas escalaminhadas e uso de cordas nas partes íngremes, a provocação vai até o último passo rumo ao cume.
Que alívio, o desafio foi superado. Ao lado vejo aquela alegria momentânea. Com a mente serena, humildade sempre e paciência mais frequente que o desejado. Logo, vem a disposição para uma parada obrigatória. Momento de contemplação e gratidão.
Às vezes me desvio do caminho, mas logo volto. As vezes perdido e indeciso, penso que está logo ali, a trilha, o caminho, a resposta, a verdade, o momento presente. Respiro, sorrio, é lá vem ela, silenciosa resposta. Logo, de volta no caminho, sigo em frente, na vida.
Flamenguinho – Parque Nacional de Itatiaia
O sapo flamenguinho tem sua coloração dorsal escura e rugosa, fácil ser confundido com as pedras.
O Flamenguinho é símbolo do Parque Nacional de Itatiaia pela biodiversidade e importância do 1º parque nacional brasileiro.
Seu nome popular é muito fácil quando associado a um famoso time de futebol do Rio de Janeiro, o Flamengo, dado que por baixo tem um colorido vermelho e preto.
Agora nas primeiras chuvas de outubro o Flamenguinho sai para se reproduzir. Durante o acasalamento o macho e a fêmea podem ficar abraçados por 24 horas. Ele vive em poças e durante o dia é bastante ativo.
Em pesquisas feitas em julho de 2013, foi registrado estado de dormência durante o inverno. Encontrado hibernáculos com até 15 cm de profundidade no solo e barranco. Eles estavam imóveis e levaram 15 minutos para se locomoverem. Por outro lado, não descartam a adaptação em baixa temperatura ou condições secas da estação.
Então cuidado ao caminhar nas trilhas do parque porque o Flamenguinho estará perambulando pelo parque até março, quando após as chuvas de verão, o sapinho volta a se enterrar para entrar em estado de hibernação durante o inverno.
Coisas Simples
Monumento Natural Mantiqueira Paulista – Pico dos Marins e do Itaguaré
Caminhantes nas montanhas da Mantiqueira, com frequência, falam sobre a importância da criação de uma unidade de conservação na localidade entre o Pico dos Marins e Pico do Itaguaré.
Então, em junho de 2020, foi publicado no diário oficial a resolução SIMA-33 sobre os procedimentos para criação do Monumento Natural Mantiqueira Paulista, nos municípios de Cruzeiro e Piquete, São Paulo.
A estória é mais ou menos assim…
Tudo começou em 2015 quando a Secretaria do Meio Ambiente criou o Grupo de Trabalho Mantiqueira para desenvolver estudos e propostas de proteção, conservação, desenvolvimento sustentável, e dos aspectos ambientais e socioeconômicos, a partir da cota 800 m da Serra da Mantiqueira entre Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Piquete, Cruzeiro, Lavrinhas e Queluz.
No âmbito do Grupo de Trabalho Mantiqueira, as prefeituras de Cruzeiro e Piquete, solicitaram a criação respectivamente do Monumento Natural Pico do Itaguaré e Pico dos Marins. Em 2019, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente solicitou que a Fundação Florestal coordenasse um estudo para avaliar o pedido das prefeituras.
A proposta considerada mais adequada foi a criação da Unidade de Conservação de Proteção Integral, na categoria Monumento Natural – MONA, abrangendo a área de vegetação da Serra da Mantiqueira em Cruzeiro e Piquete.
Como o MONA tem objetivo preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica, o Monumento Natural Mantiqueira Paulista teve proposta final discutida em Audiência Pública com área final protegida de 10.371 hectares.
As principais justificativas para criação da MONA Mantiqueira Paulista são:
- A Mata Atlântica é um “hotspot” mundial de biodiversidade dado as ameaças para conservação ambiental;
- A Serra da Mantiqueira é um patrimônio natural de biodiversidade com centenas de espécies da fauna, flora e aspectos geológicos especiais;
- O bem-estar humano é favorecido pelo fornecimento dos mananciais, regulação climática, proteção do solo e produção de alimentos no Vale do Paraíba;
- O aspecto cultural é singular com o turismo, a paisagem e valores religiosos da região.
Portanto, com a deliberação das diretrizes de gestão da unidade, vamos aguardar a criação final da unidade e do plano de manejo para definir as regras de gestão do Monumento Natural Mantiqueira Paulista.
Fonte: Proposta de Criação do MONA Mantiqueira Paulista e Resolução SIMA-33
Os Irmãos Cortez – Monumento Natural Pedra do Baú
Uma verdadeira obra esculpida pela natureza. A bela formação rochosa encravada no alto da serra da Mantiqueira ressalta um granito imponente. Merece destaque a estória de seus desbravadores.

Já passados 80 anos do grande feito de Antônio e João Teixeira de Souza, conhecidos como os irmãos Cortez, ao atingir o topo da pedra em 12 de agosto de 1940.
Pela face Sul os irmãos desbravaram o paredão de 340 metros de altura, subindo pelas fissuras, entre vegetação e rocha nua. Alcançaram o topo com ajuda de troncos de árvores e muita coragem. Um feito inédito para o montanhismo brasileiro.
Logo que o empresário Luiz Drumond Villares foi levado ao topo pelos irmãos Cortez, ele ficou tão encantado com a beleza que financiou a construção das vias ferrata e um refúgio de montanha.
Então, em 1943 os primeiros grampos de ferro e escada de pedra foram instalados na face Sul (lado de Campos do Jordão), facilitando o acesso de outras pessoas.
Depois um refúgio de montanha foi construído e entregue em 1947. Foram quase dois anos de obra devido à dificuldade ao transportar os materiais até o topo.
Infelizmente o refúgio sofreu vandalismo ao longo dos anos e na década de 80 havia apenas a chaminé da lareira. Atualmente sobraram apenas os alicerces.
Na foto acima, a Pedra do Bauzinho (aparece uma pontinha a esquerda), a Pedra do Baú (ao centro) e a Pedra Ana Chata (a direita). Em 2010, o Complexo da Pedra do Baú foi constituído em Monumento Natural Pedra do Baú.
Local: Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí / SP
Coisas no Céu e na Terra
Lótus Sagrado – Campos do Jordão
” Suas raízes estão bem no fundo, na lama. A noite fecha suas pétalas e submerge. Aos primeiros raios de sol, ressurge. Floresce radiante e puro. “
Nasci em água estagnada. Da profundeza escura, esgotado, com mais algumas braçadas, emergi. Com a visão turva, desorientado, nadei em direção a luz.
Nasci na lama e ressurgi na luz do sol. Não me ligo ao redor, mas vivo no mundo. Na espiritualidade eminente, da escuridão a luz.
Nascimento e renascimento. A cada momento, a cada ciclo, como o dia e a noite. A origem se faz no presente da luz.
” No Budismo a flor de lótus rosa representa o próprio Buda. “


























