Enseada da Cajaíba

” Em 2021 exploramos todas as trilhas no Saco do Mamanguá. Já no início de 2022 começamos pela Enseada da Cajaíba e Ponta da Juatinga.”

De Parati Mirim, numa pequena embarcação e manhã ensolarada, seguimos em direção à Praia Grande da Cajaíba.

O mar estava bem agitado depois do Saco do Mamanguá, que se acalmou ao chegar na praia grande. Confesso que contei os minutos até pisar novamente em terra firme.

Tocamos a praia grande ao meio dia. Paramos para almoço e seguimos na travessia da Praia Grande da Cajaíba até o Pouso da Cajaíba.

Sem pressa, apreciando a paisagem, atravessamos passo a passo, sentindo o calor da areia daquela praia selvagem, batizada de Itaoca.

Na sequência, chegamos em Calhaus, praia e pequeno vilarejo protegido por pedras da encosta ao mar. Logo, gastamos um dedo de proza com caiçara que restaurava sua rede.

Ao chegar em Itanema, antes da praia, parada em um poço para banho e descanso debaixo de um grande chapéu de sol.

Acenamos aos moradores das poucas casinhas na praia. Subimos a última encosta até nosso destino final, a praia Pouso da Cajaíba.  

Caminhamos a tarde toda, mas ainda havia tempo de sobra para apreciar o entardecer no Pouso da Cajaíba. Depois seguimos a procurar o Mar do Caribe.

Pedra das Araras

” Após ter feito a travessia Saco do Mamanguá-Vila do Oratório duas vezes, sendo, uma vez em cada sentido. Agora, explorando a Enseada da Cajaíba e suas Pedras.”

No segundo dia, logo cedo subimos uma hora de caminhada em direção ao interior da vila. Do alto do Pouso da Cajaíba, avistamos uma panorâmica do mar.

Chamaria esse local de “Trilha Ossada da Baleia”, dado que encontramos uma vertebra de baleia próximo a uma gigantesca pedra em formato de baleia.

De volta a praia, um cafezinho na padaria e seguimos até o mirante da Pedra Frutada. Não tem nenhuma indicação, então perguntando aqui e ali, chegamos lá. Linda vista!

Depois fomos prosear com o Sr. Zaqueu sobre a Pedra das Araras. Uma trilha que pode ser confusa, com algumas bifurcações e matagal arranha-gato.

No topo da Pedra das Araras descobrimos uma visão de uma imensidão de mar a perder de vista.

Nos deparamos também com toda a extensão da Enseada da Cajaíba, da praia Grande até o Pouso, e a escondida praia Toca do Carro.

Como a ventania estava forte, carregou bastante nebulosidade até a encosta, deixando tudo esbranquiçado.

Após horas na Pedra das Araras, a descida foi rápida até o Pouso. Já era meio da tarde quando paramos no Mar do Caribe.

Para fechar o dia, no final da tarde, fomos agraciados com aquela água doce escorrendo da rocha até a areia amarela, ao encontro da pequena praia, de mar azul-esverdeado, a belíssima Toca do Carro.

Ponta da Juatinga

“No verão caminhamos no litoral, escolhemos a dedo dias sem tempestades, apesar que não tem como escapar do calorão e alta umidade. Desta vez na Ponta da Juatinga.”

No penúltimo dia, ao alvorecer, café da manhã reforçado para um longo dia de caminhada. Partimos em direção à praia da Sumaca, subindo a trilha para Martim de Sá. Uma trilha em mata atlântica.

Bem no alto da serra desviamos na trilha a esquerda. Além da beleza da mata primária com enormes árvores e alguns regatos, avistamos animais silvestres como um bando de Quatis.

Cuidado! Na praia da Sumaca tem correnteza nos cantos da praia e grandes ondas. Na areia encontramos uma Caravela. Apesar da aparência bela, é um animal marinho perigoso, que provoca queimaduras se tocar em seus tentáculos.

Ainda na praia, após as grandes pedras, encontramos uma fonte de água doce. Não é uma ducha fácil de entrar, devido ao pouco espaço. No caminho d’água forma duas pequenas banheiras naturais, e depois flui agilmente até o mar.

Depois seguimos na trilha até a Ponta da Juatinga, com algum panorama das encostas. 

Na vila caiçara Ponta da Juatinga, ficamos observando as crianças brincando no mar, até a chegada da Vitória, uma jovem barqueira nata, para nos levar de volta ao Pouso da Cajaíba.

No dia seguinte, uma grande nebulosidade revestiu o céu desde a Ilha Grande até a enseada. Do barco nos despedimos daquele pequeno paraíso.

Em mar plano e calmo alcançamos Parati Mirim, e demos início ao retorno para casa.

Vida de Pescador

Não tem como não ser sonhador nessa vida de pescador. Como também, todo pescador sonhador não vive sem amor. Quando as margens do um rio sereno, pacientemente, espera em silencio fisgar um peixe grande.

Na alegria e na dor essa é a vida de pescador. Nem sempre se faz poesia navegando em água revolta. Por vezes, isca no anzol não significa comida no prato. Há dias de ilusões traiçoeiras onde as sereias sussurram ao vento das ondas.

Agraciado com a luz brilhante do sol nascente, entrega seu destino a Iemanjá e seu pensamento voa livre no oceano. Quem não tem medo de sonhar grande, pesca alegrias e dores. Se diante da uma pesca minguada, busca esperança no céu repleto de estrelas.

Após navegar em mar bravio, como em um barco de papel, soube deslizar suave sobre as ondas. Deu graças a nossa senhora dos navegantes pelo retorno ao lar. Chegou devagarinho em seu porto seguro. À noite, descansa ao som das ondas eternas de seus sonhos e desejos.

Todo pescador é um capitão sem fronteiras para ver o sol beijar o mar. Aprende a pescar para seu bem estar. Nem toda história de pescador é um exagero. Basta ver com outros olhos, e aprender a pesca-las.

Pareidolia – Parque Nacional de Itatiaia

Pareidolia é quando o cérebro enxerga algo familiar devido a um estímulo visual ou sonoro, aleatório e impreciso, e busca um significado, interpretando como rostos, animais ou objetos. É um efeito psicológico. O que se vê depende exclusivamente do observador. Vários observadores podem ter a mesma interpretação ou simplesmente divergirem completamente, dado que cada observador tem uma condição psicológica única.

Começamos esta jornada com a visão de um ser alado. Semelhante a uma asa, pronta para voar. A enorme pedra Asa de Hermes está ao lado do pico Agulhas Negras, e pode ser facilmente visto no caminho para a Pedra do Altar.

Nas próximas duas fotos, vemos a cabeça de um lagarto saindo da terra e a cabeça de um animal, com olho e boca bem aparente. Cada pedra foi vista em ocasiões diferentes, durante a travessia entre Morro do Couto e Prateleiras.

Nesta pareidolia, o legal foi poder descansar sobre ela. Uma pedra com aparência de mão com quatro dedos semiaberta, ou simplesmente uma grande poltrona. Visto em um dia sob forte neblina.

Agora vemos um rosto humano. A face vista de lado, devido as sombras, realça o olho e nariz, e a boca parece estar fechada. Esta forma pode ser observada na Pedra do Altar, ao contornar a mesma caminhando no sentido Vale do Aiuruoca.

Vamos finalizar com a Pedra da Tartaruga, o qual dispensa qualquer descrição. Logo atrás dela, podemos ver uma pequena parte da Pedra da Maçã, e neste caso vamos deixar você imaginar como ela é. Estas pedras estão escondidas ao lado das Prateleiras.

Aranha Pescadora

Aranha encontrada com certa facilidade nas pedras de riachos e cachoeiras. Algumas impressionam pelo tamanho. De cor amarronzada, ficam bem camufladas nas rochas. Como curiosidade elas correm sobre água parada e possuem oito olhos. 

Conhecida como aranha-pescadora ou aranha d’água, estava num canto sobre o chão de pedra de um riacho na região de Delfinópolis, Serra da Canastra. Apesar da minha aproximação a aranha não se mexeu. 

Da família Trechaleidae, são 117 espécies distribuídas em 16 gêneros, sendo esta do gênero Trechaleoides biocellata.

Coração Andarilho

Após parada obrigatória, o coração andarilho volta a bater forte. No túnel do tempo das lembranças, de muita andança…

Por tantos caminhos, trilhas e rotas. Muitas missões possíveis, algumas intrincadas, outras tolas, e tantas peripécias. Brilho no rosto, sorriso estampado. Espinhos pelos caminhos. Desvios, enganos, erros, mudanças de rumo. A dor é inevitável durante o percurso. Sempre com gente boa, amigos, vizinhos e camaradas de longa jornada. Algumas vezes solo, em outras solitário nos pensamentos oportunos. Gratidão pela trajetória itinerante. Como um passante, repetida vezes ou na primeira chance, a magia está sempre presente naquilo que o andarilho vê. Nas cores da alegria, na esperança da liberdade verdadeira. Buscando coragem frente ao desconhecido. Um viajante fugitivo que logo se encontra consigo mesmo. Apaixonado pela trajetória. De espírito aventureiro, um caminhante autêntico. Também conhecido como mochileiro, andarilho.

Nascente da Água Quente – Serra da Canastra

Após travessia no Parque Nacional da Serra da Canastra, era hora de relaxar e trilhar por caminhos em busca de novas cachoeiras. De volta a Delfinópolis, descobrimos riachos de água cristalina e uma nascente de água quente, na Fazenda da Dona Maria Concebida. Distante cerca de 22 km de Delfinópolis a sinalização era precária na estrada de terra.

ROTA DE ACESSO

A primeira rota, no entroncamento a direita, segue a indicação das placas, entra a esquerda, e estaciona no final da estrada. Atravessa a pinguela e caminha por uns 2 km até a entrada da fazenda. A segunda rota, no entroncamento a esquerda, é para quem tem 4×4 atravessar o rio Santo Antonio, se o nível da água não estiver alto. Após o rio, a direita na estrada por 3 km até a entrada da fazenda.

Dentro da fazenda, a trilha é curta até as piscinas naturais. A cachoeira da Maria Concebida fica na parte mais elevada do percurso e abaixo ficam os Poços do Açude e a Nascente da Água Quente. A grande revelação foi a nascente. Por uma trilha molhada, caminhamos as margens de um riacho até um poço. Um recanto de água clara esverdeada.

NASCENTE DA ÁGUA QUENTE

Além da beleza natural, quase desapercebido, na margem esquerda sob a sombra da mata ciliar, um cano encaixado nas pedras deixa escorrer uma ducha de água abundante. Embaixo, abrigado por pedras, um pequeno tanque se enche d’água, perfeito para ficar sentado debaixo da ducha. Um contraste de temperatura bem evidente entre a água da nascente e aquela do poço. Muito agradável ficar se banhando entre a água fria e quente.

Templo Selvagem

Imagem

A selva é um santuário da mãe natureza.

Dentro dela ocorrem verdadeiros renascimentos dos seres que buscam alguma vivência em harmonia com a mata selvagem.

O jângal cobra de cada caminhante, coragem, humildade e perseverança para encarar as adversidades do percurso e seguir em frente.

Em certos momentos, os caminhos adentram genuínas abadias. Como numa redoma, amparada naturalmente por troncos e raízes aéreas.

A floresta revela um templo em equilíbrio. Cada movimento tem um significado. Sempre pedimos por proteção e entendimento para compreende-la.

No íntimo de uma selva, como num templo, somos carentes de compreensão de tudo, mas sempre agraciado com um regato cristalino ou uma brisa refrescante.