Caburé

” A corujinha chamou atenção pelos grandes olhos amarelos e brilhantes.”

Nome científico Athene cunicularia, em alusão a Atena, deusa grega da sabedoria, e do latim cunicularius, que significa túnel. Popularmente conhecida como corujinha-buraqueira, entre tantos outros nomes.

” Uma ave de rapina, perfeitamente adaptada para a caça.”

Equipada com um voo suave e silencioso. Tem olhos grandes para enxergar em condições de baixa luminosidade e cem vezes mais que o ser humano. A visão é binocular, ou seja, enxerga com os dois olhos em profundidade. Consegue girar o pescoço em 270º para aumentar o campo visual. E tem uma ótima audição para localizar a presa apenas com este sentido.

É uma corujinha um tanto tolerante a presença humana. Em sinal de perigo, emite um som alto, forte e estridente. É a única coruja que tem o habito de ficar sobre uma perna.

” Toda coruja é símbolo de sabedoria, espiritualidade e consciência. É ícone da filosofia, ciências ocultas e conhecimento universal.”

Viver é Perturbador

“Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria.”

Paulo de Tarso

“Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu acaso, sua adoração ou seu desprezo. O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.”

Martha Medeiros

“Muitos anjos, sim, mas para manter o equilíbrio, também muitos demônios.”

Caio Fernando Abreu

Pareidolia – Do Mar a Terra

” Em águas turbulentas, margeei a costa em busca de proteção. Com a mente tumultuada, ao navegar naquela orla os pensamentos ruins se foram. Com aquele frescor do vento no rosto, fechei os olhos, o sol ecoava quente na pele, comecei a ver coisas… “

E bem ali, ao lado da encosta rochosa, emergiu um grande animal marinho, com olhos proeminentes e uma biqueira que lembrava a de uma ave. Daquele ponto abriu mar oceânico, e logo se foi aquela visão.

Em seguida, ao desembarcar em terra firme, subimos a selva atlântica. Na vertente antes de chegar ao passo da montanha, uma janela se abriu na mata. Lá estava ela, a grande baleia subindo a encosta vizinha.

Como num piscar de olhos, ela se foi. No dia seguinte, ao subir a crista rochosa do pico, logo atrás, emerge um novo monstro da mata, como que saindo para respirar, deixa exposto a meia face, com a boca aberta.  

De volta a costa, seguimos até a foz do riacho, escondido no canto da praia, do outro lado da mata. Avistamos um pequeno boqueirão de pedras. E das ondas emergiu uma baleia, de supetão, do lado esquerdo das pedras.

P.S.: Pareidolia é quando o observador recebe um estímulo visual ou sonoro, aleatório e impreciso, e o cérebro busca um significado como algo conhecido. É claro que o significado é exclusivo de cada observador.

Além do Horizonte – Farol da Juatinga

Numa tarde nublada de mar virado, chegamos na comunidade e farol Ponta da Juatinga. Montamos acampamento. Preparamos café da tarde, e depois o rancho, antes da chuva noturna.

Passamos uma noite sem ventania. Amanheceu ensolarado e praticamente sem nuvens.

Examinamos a costa escarpada na tentativa de observar algum trecho da travessia sentido Cairuçu – Laranjeiras. De volta ao farol, constatamos um oceano imenso, com o sol nascendo bem ali no horizonte.

Com acampamento desmontado, descemos na comunidade para esperar o resgate, o Rei Davi. Tivemos tempo para prosear com os meninos no cais e pescadores que estavam preparando a rede de pesca.

Uma bela manhã de domingo. Diferente do dia anterior, o mar estava novamente uma calmaria, parecia uma grande lagoa durante o trajeto até Parati Mirim.

P.S.: ver post 1 e post 2.

Além do Horizonte – Pico do Miranda

Vejo na mata fechada uma terra elevada. Assim, pela manhã seguimos a trilha em subida constante. Na vertente ascendente as árvores se agigantaram.

Após muita subida, alcançamos uma grande pedra. Na trilha a esquerda subimos uma rampa mais íngreme, chegando numa crista rochosa, o Pico do Miranda.

Observe que a praia Pouso da Cajaíba está escondida na reentrância. Subindo o rochoso mais a frente, a direita descortinamos a belíssima Enseada da Cajaíba.

Ao olhar para trás, aparentemente distante, bem ao fundo, quase não notado, a península da Ponta da Juatinga, nosso próximo destino.

Completando este giro panorâmico, do lado esquerdo avistamos a praia Martim de Sá, de onde partimos pela manhã.  

Após uma hora no pico, descemos sem parada até a praia, desmontamos acampamento e partimos para a comunidade e farol Ponta da Juatinga

P.S.: ver post 1 e continua no post 3.

Além do Horizonte – Martim de Sá

Vejo terras além do horizonte, mas é preciso se aventurar em mar aberto. Então, embarcamos no Rei Davi para chegar em terras distantes.

Entre nuvens e céu azul, o Saco do Mamanguá ficou para trás, e fomos além. Logo chegamos em águas tranquilas. Estava uma calmaria naquele canto da enseada.

Aportamos no Pouso da Cajaíba. Ao som de um blues mental, tomei café sem pressa. Ajustamos os equipamentos para então iniciar a subida do morro.

No meio do morro, um mirante. Paramos para contemplar aquela imensidão azul, envolto numa densa mata verde. 

Ao som de “The Thrill is Gone”, toquei na areia do outro lado. Admirei o mesmo mar, mas estava diferente. A emoção não se foi, haha, apenas sorri.

Novamente me senti em casa ao retornar no camping do Maneco.

Montamos abrigo e fomos explorar o riacho da Boca da Cachoeira que desagua no canto escondido da praia Martim de Sá.

P.S.: continua no post 2.

As Correntes

” Todo o vosso corpo, desde a ponta de uma asa até á ponta de outra asa, não é mais do que o vosso próprio pensamento, uma forma que podem ver. Quebrem as correntes do pensamento e conseguirão quebrar as correntes do corpo.”

Fernão Capelo Gaivota

” No Brasil é preciso explicar, desenhar, depois explicar o desenho e desenhar a explicação.”

Olavo de Carvalho

Uma Profusão de Cores

Hoje é o início da primavera no hemisfério sul. No Brasil é um período de transição entre as estações seca e chuvosa, com aumento do regime de chuvas e temperatura.

Este fenômeno é chamado de equinócio, de setembro, período do ano em que os hemisférios sul e norte, tem a mesma duração para os dias e as noites.

Nesta estação a natureza se conserva mais colorida. As árvores, os campos, os jardins e os parques municipais se apresentam mais alegres e acolhedores.

É um ciclo de mudanças nas condições climáticas, favorecendo o crescimento das plantas. Praticamente vemos a vida brotando em todos os cantos.

A primavera é uma profusão de cores que não tem como não admirar. As cores das flores estão logo ali, numa infinidade de lugares.

Trilha Praia Brava de Boiçucanga

Após percorrer pequenas trilhas entre Barequeçaba e Boiçucanga, terminamos o dia na Trilha Praia Brava de Boiçucanga. Era meio da tarde quando saímos da “Pousada Trilha da Brava Boiçucanga“, que está próximo ao início da trilha. Esta última caminhada totalizou 7 km em 2,5 horas. 

A vista no Mirante da Praia Brava de Boiçucanga reforça a ideia de paraíso perdido neste trecho da serra do mar. A recompensa está na beleza da mata atlântica até esta praia selvagem. Uma praia para surfistas, em razão das grandes e fortes ondas. Não é atoa que se chama praia brava.

A chegada na praia é ao lado de um riacho cristalino, que forma um pequeno e estreito espelho d’água, antes de seguir em direção ao mar. Naquele dia havia somente um cão e casal curtindo o final da tarde na praia.

Caminhando pela areia fofa da praia até o canto direito, seguimos a trilha na mata até a cachoeirinha. São apenas uma dezena de metros até lá. Nada demais, mas o curioso é que o regato d’água não desemboca até o mar, simplesmente desaparece na areia da praia. 

De volta a trilha, após subida até a bifurcação para a praia de Boiçucanga, observamos a encosta esverdeada e o caminho da tubulação da Petrobrás. Notamos também, ao fundo a “Montanhosa Ilhabela” com destaque para o “Pico de São Sebastião“, e abaixo, a sombra da encosta oposta, o caminho da tubulação da Petrobrás que desce a serra até Boiçucanga.

Em mais alguns passos se avista o “Mirante da Praia de Boiçucanga“. Naquele horário a praia refletia uma belíssima cor prateada, e para fechar o dia, em trecho plano após o ponto alto da trilha, o sol caprichosamente abrilhantou a mata numa coloração verde peculiar.

Esta trilha em mata atlântica é dentro do Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo São Sebastião, localizada entre as praias de Boiçucanga e Maresias, com nível de dificuldade médio devido a mata e praia selvagem com desníveis saindo a 125 m de altitude, atingindo 245 m e descendo até o nível do mar.

Terra Escondida

Me aventurei numa terra escondida, desconhecida, ainda sem nome. A primeira vez que a vi, examinei com atenção. Além de um rochoso, as pedras na encosta da montanha confirmaram os mirantes naturais.

A mesma terra escondida que quando criança imaginava uma grande parede, contínua, sombreada e distante. Logo depois fui aprender que era uma grande cadeia montanhosa, chamada de Mantiqueira.

Significa “serra que chora”, nome dado pelos indígenas, graças as nascentes que descem pelas encostas da serra organizando riachos e afluente rios, até formar o rio Paraíba do Sul no Vale do Paraíba.

Nesta parte de terra escondida da serra, não a vi chorar. Seus minadouros estão bem abaixo na vastidão da sua extensão. Pousei ao lado de um rochoso, enviesado para o sul de minas, abrigado da ventania que vem do vale.

Em terra escondida não se engane, mesmo os mais experientes desbravadores, são fustigados pelo jângal, que arrebata sua energia e pensamentos. Limpa sua mente de tal forma que até fica desorientado.