“É muito melhor cair das nuvens que de um terceiro andar!”
Machado de Assis
Adaptação de trecho do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”
Dizem que grandes mudanças começam com pequenos passos. No meu caso, começou com uma pequena janela de madeira, que decidiu aterrissar no meu pé. Sim, isso aconteceu de verdade. E não, ainda não entendi a mensagem do universo. Mas ganhei um dedo do pé esquerdo quebrado, alguns hematomas e uma interrupção sutil, porém implacável, da rotina.
É curioso como um único dedo, geralmente ignorado pela minha anatomia, pode redefinir a forma como se experimenta o tempo. Ele não dói tanto assim, não exige drama nem atenção constante. Mas está lá. Presente. Sempre lembrando que as coisas agora andam, ou melhor, andavam, em outro ritmo.
E foi nesse compasso mais lento que esta frase do livro “A Gênese” ressurgiu na minha memória: “O tempo não é senão uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias… e para a eternidade, tudo é presente.”
Pois bem. A eternidade chegou sem avisar, ocupando os espaços entre o “não posso ir ali agora” e “melhor esperar mais um pouco”. O tempo, esse velho apressado, de repente resolveu andar de lado, feito eu tentando desviar de móveis. E tudo, absolutamente tudo, ganhou uma nova duração.
As tarefas continuam, claro. Mas agora são atravessadas com mais cautela, mais presença e, por que não, um pouco de riso. Um leve incômodo vira uma pausa inesperada. A pausa vira reflexão. E a reflexão, inevitavelmente, lembra que a viagem é mesmo muito curta.
No meio disso tudo, há até certa beleza. Ser forçado a desacelerar não é punição, é convite. A vida, que antes parecia exigir urgência para acontecer, revela-se também no quase-nada, no pequeno desconforto que ensina a olhar em volta.
Porque, no fim das contas, talvez seja isso – às vezes, o universo quebra um dedo só para nos lembrar que tudo passa. Devagar, sim. Mas passa. E que a eternidade pode, sim, caber num intervalo bobo entre uma ferida no pé e o passo seguinte. E quando os pés afundarem no barro, é só a vida lembrando que caminhar é preciso.
Entre os altos picos e o silêncio profundo das montanhas, existe uma linguagem secreta – uma sabedoria transmitida pelo vento, pela luz do amanhecer e pelas nuvens que deslizam suavemente. Neste espaço de serenidade e beleza, cada pedra e cada céu se tornam um convite ao recomeço, à reflexão e ao despertar da alma. Venha se perder na vastidão do horizonte, onde o impossível se torna possível e a natureza fala ao coração.

Era o mês de maio. A manhã fria anunciava o início de algo especial. A dois mil metros de altitude, o ar era leve, mas carregado de possibilidades. Naquele silêncio imenso das montanhas, tudo parecia se alinhar – o tempo, o espaço e o coração.

Ali na Pedra Alta, a natureza ensaiava um espetáculo raro. O nascer do sol tingia o céu de um alaranjado quente, cortando o frio com sua luz suave. A Serra da Mantiqueira despertava aos poucos, e junto com ela, um sentimento profundo – o de recomeçar.

Mais adiante, na Pedra Bela Vista, o cenário se transformava em pura poesia. Um mar de nuvens dançava sob o céu azulado, enquanto o Vale do Paraíba se escondia ao longe. Diante de tanta grandeza, me senti pequeno, e ao mesmo tempo, iluminado.

E então, só restava entregar-se – à pura contemplação, à atmosfera livre e ao infinito céu. Porque há momentos que não pedem pressa, apenas presença. São nesses instantes que a alma respira e o coração se alinha com o que realmente importa.

No alto das montanhas, entre o frio da manhã e o calor da luz nascente, mora a inspiração. E a certeza de que, enquanto houver noite e dia, sempre haverá um novo começo.

A tempestade está chegando, desafiando a realidade aparente e sacudindo tudo o que já conhecemos. Mas essa não é uma tempestade de destruição, é um chamado para a transição da consciência planetária.
No meio do caos, a paciência nos ensina a confiar, a persistência nos mantém no caminho, a perseverança nos dá força. Com resistência enfrentamos os ventos, e com resiliência nos transformamos.
A calmaria virá, não como um retorno ao passado, mas como um despertar para um novo mundo. O tempo é agora! Para ampliar, evoluir, ver com o coração e ser a mudança que a Terra tanto espera.
O mundo que habitamos atravessa tempos desafiadores, marcados por turbulências, transformações profundas e uma sensação de incerteza. A transição planetária em que nos encontramos exige de nós resiliência e solidariedade.
Com o Natal se aproximando, somos convidados a refletir sobre o verdadeiro significado dessa data: o nascimento da luz, da paz e da renovação interior. É o momento de aquietar o coração e permitir que a esperança floresça, mesmo diante das dificuldades.
Que no limiar do Novo Ano, cada um de nós possamos trazer no dia a dia, mais o amor, a compreensão e a união, prevalecendo sobre a discórdia. Que possamos, juntos, agir em paz em nossos lares, comunidades e no mundo.
A transição planetária já começou, é preciso coragem para construir um amanhã de luz e esperança.
Sob o brilho prateado da lua, uma velha coruja pousa em um tronco retorcido, suas penas parecem tecer a própria noite. Aos seus pés, repousa um par de botas desgastadas, com a vegetação da mata habitando o couro surrado.
“Já fui como você,” disse a coruja, com olhos como espelho das estrelas. “Essas botas carregaram sonhos e dúvidas, passos errados e caminhos iluminados. Aprendi que não é a voo percorrido que importa, mas o que você aprende enquanto voa.”
A coruja bateu as asas suavemente, como um abraço no vento. “Mudanças chegam como o amanhecer: inevitáveis e sempre novas. Cabe a você acolhê-las com a sabedoria de quem observa, ou resistir, como uma árvore lutando contra a tempestade.”
Então o vento soprou, levantando folhas secas e histórias adormecidas. A coruja inclinou a cabeça e, com um último olhar, alçou voo, deixando as velhas botas como um lembrete: a jornada nunca termina, apenas muda de plano.
Em campo aberto, o sol se inclina em direção ao horizonte. Somos convidados a testemunhar a grandiosidade e a profundidade do quadro, onde o calor palpável e a quietude serena permeiam o ar. Testemunhamos um espetáculo sublime. O céu se incendeia em tons ardentes, pintando o firmamento com uma paleta de cores vibrantes.
Envolvido pela magia do momento, pela calidez do sol e tranquilidade do campo aberto, deixei me ser elevado aos últimos raios de luz. Abraçado em comunhão com aquele espetáculo da natureza, por um instante, presente, sem repressão das emoções, no entendimento copioso da combinação dos sentimentos de gratidão e paz.
É uma dança sagrada entre o céu e a terra, entre o afrontamento do sol e a brandura da lua iminente. Cada pôr do sol é uma lição gentil de que, assim como o dia acomoda-se para dar lugar à noite, os ciclos se renovam em constante evolução, muitas vezes não percebido, na lembrança da efemeridade da vida e da eternidade do espírito.
Numa tarde de domingo, enquanto observava um vasto campo de girassóis, os raios do sol lutavam para romper as nuvens escuras que pairavam no horizonte. O contraste entre a vibrante amarelo dos girassóis e o céu tempestuoso pintava um cenário de beleza e mistério.
À medida que a tarde avançava, uma sensação de serenidade envolvia a paisagem. O vento suave acariciava as pétalas douradas dos girassóis, e os campos ondulantes pareciam sussurrar segredos antigos. Era como se a própria natureza estivesse sussurrando verdades profundas à alma inquieta.
Enquanto o sol começava a descer lentamente, banhando o campo em tons alaranjado, um sentimento de conexão com algo maior preenchia o coração dos observadores. Era como se a beleza efêmera daquele momento contivesse um vislumbre da eternidade, uma lembrança suave da presença de algo divino e intocado.
Os girassóis pareciam estar numa busca espiritual, uma aspiração constante em direção à luz e à verdade. E diante das nuvens que se esvaeciam, a esperança resplandecia, lembrando-nos de que mesmo nos momentos mais sombrios, a luz sempre encontra uma maneira de se infiltrar e iluminar nosso caminho.
Neste cenário de contemplação e beleza, a tarde se despediu lentamente, deixando para trás um sentimento de gratidão e reverência pela vida e pelo universo que nos rodeia. Era como se, por um breve instante, tivéssemos tocado a essência da existência, lembrando-nos de nossa conexão intrínseca com a Inteligência Suprema.