Entre o Céu e a Terra – Sul de Minas Gerais

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Sem a correta dimensão para expressar aquela imensidão de pastos verdes e céu azulado, entre casinhas simples e antigas fazendas abastadas, plantações de cafés premiados pelo mundo afora, o costumeiro queijo e doce mineiro, um povo hospitaleiro e de abraço apertado, minha paixão por estas paragens só tem aumentado.

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Da prosa sem pressa, entre um café e outro pão de queijo, e mais uma estória de pescador. Os clicks para fotos ficaram nas paisagens do céu nuvioso, entre bocados de matas perdidas entre pastos e plantações de café, banana e milho. E o gado para se refrescar, sumiu nas sombras das arvores.

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Entre o céu e a terra, o calor escaldante anuncia chuvarada na tarde que chega. Enquanto que na estiagem revela umas das regiões mais frias de sul de minas. Então o povo começa a festança, com fogueira, música e comidas que acalentam o corpo e o espírito.

Local: Christina e Maria da Fé / MG

Guardião do Tempo – Maria da Fé

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Nas andanças por aí me deixei estar à toa numa pracinha de minas. O calor tinha estacionado naquela tarde tranquila. Meu pensamento estava lento. O click para foto parou naquele ancião de chapéu branco. Os minutos pareciam horas. Tentando matar o tempo procurei por formas estranhas nas nuvens que passavam no céu. Logo percebi que o longevo sentou no banco da praça. De olhar vazio, tudo aparentava tons de cinza. O amálgama do arrastado e acelerado. Com ar pesado minha inspiração era pausada. O velho homem ali ficou com seu guarda-chuva preto. Um fiel guardião do tempo. Então, num piscar de olhos, ele se foi e tudo voltou ao corriqueiro e pacato de uma cidadezinha do interior de minas.

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Árvores Solitárias – Parque Nacional da Serra da Canastra

Ao caminhar na Serra da Canastra os olhos atentos vasculharam aqueles campos de cerrado numa vastidão sem fim. Além da ventania que trouxe frescor ao caminhar, debaixo daquele sol escaldante, anunciou algumas árvores solitárias.

Com alegria no espirito e leveza no corpo, o caminhar passou despercebido naquele primeiro dia de travessia. Entre amigos as conversas foram jogadas ao vento com as árvores a perscrutar nossos passos.

Árvores solitárias. Sua imponência não estava no tamanho, e sim na sua pureza. Castigada pelo sol e vento, trazia um silencio interior de absoluta paz. Dava esperança carregada em flores.

Naquela longa jornada, após muito caminhar, a perseverança das árvores solitárias se fizera solidárias durante o trajeto.

No Meio do Nada – Meio Ambiente

ONDE NASCI

Cresci e vivo até hoje. Uma casinha modesta, entocada no mato ou isolada no campo, afastada da vida urbana. Sinceramente não saberia viver em outro lugar.

O vizinho mais próximo está a léguas de distância. Gente amiga que vive a vida de modo simples. Nada fácil onde tudo se consegue com muito trabalho, do nascer ao pôr do sol. Gente de sorriso fácil ou mais reservado, natural, verdadeiro!

Da terra eu compartilho tudo. Dela eu tiro meu sustento, escambo as sobras. Tudo comedido e nada falta.

SONHO MEU

Fugir do caos e do estresse da cidade grande. Voltar a viver próximo a natureza, igual aos meus ancestrais. Autoengano, de fato não saberia por onde começar. Fugir apenas nos finais de semana seria uma alternativa.

Buscar uma nova vida, em comunidades afastadas onde a coletividade e criatividade seriam itens básicos de sobrevivência.

ESTILO DE VIDA

No resgate do valor das coisas simples, em meio a natureza, com maior qualidade de vida. Diferente de viver a qualquer custo ou no limite da mendicância.

Com alegria e coragem, segue o coração para se libertar dos excessos. Reconectar-se ao essencial e buscar a verdadeira qualidade de vida.

Não importa se é um sonho meu ou se nasci no meio do nada.

Ser Água – Parque Nacional da Serra da Bocaina

Um arroio brota na mata e desce em correntes que se avolumam. No percurso, encontra outros regatos que se unem pela natureza. Quando se vê, já são conhecidos como riachos e rios.

Estes nascedouros se multiplicam graças a mata densa e maciços rochosos que se elevam do interior em direção ao mar. Por conta disso, suas águas despencam em quedas abruptas formando cachoeiras.

Um banho nas águas destas serras é como um elixir. O corpo todo vai ser ativado, da circulação a respiração. Vai expulsar aqueles “roedores” que povoam a mente e dar aquela sacudida no espírito.

Entre um caminhar e outro, estive absorto ao passar horas espreitando estas águas da Bocaina.

Nas águas turbulentas, as corredeiras passam tão rápidas que nem percebemos o tempo; E aos desatentos, vão se enroscando pelo caminho.

Nas águas mansas, os remansos parecem água paradas que escondem o tempo e guardam a pureza das águas claras que limpam mentes nubladas.

Enfim, ser água é ser ilimitado, não temer as quedas, estar atento aos obstáculos, fluir para não estagnar e buscar a calmaria nos momentos turbulentos.

E pensar que estas águas são apenas a infinitésima parte de um todo que chamamos oceano.

Mar de Nuvens – Serra da Bocaina

Subi a serra para mais uma travessia, e me perdi no tempo ao apreciar aquele mar de nuvens.

Como toda caminhada, por mais que seja pela enésima vez, tudo é novo e diferente.

A estrada quase pavimentada deixou apenas lembranças daquele tempo de muita lama, barro e solavancos para chegar ao início da trilha.

Os amigos, como sempre, presentes e companheiros para mais uma jornada nas terras altas da Bocaina.

No caminho encontramos vários grupos e andarilhos, hora compartilhando informações, hora trocando ideias ou apenas desejando um ótimo “ bom dia! ”.

E a natureza? Bela, completa e preservada. Mostrando que a cada estação do ano tem algo novo a revelar, seja nas cores, nas flores, nas águas ou nas nuvens.

Diferente mesmo, era eu! Naquele segundo que ficou atrás, já não era mais o mesmo. A cada passo, a cada escolha, a cada pensamento, sem perceber já havia me tornado uma outra pessoa.

Um lugar onde a simplicidade e o estado natural das coisas, de uma riqueza imensa, me faz tão próximo de eu mesmo que as vezes me assusta.

Acredito que a experiência nos dá a chance de poder inovar, mas é a vivência que nos molda a cada instante.

As melhores coisas da vida são sentidas pelo coração, não adianta apenas olhar ou tocar.

Com alegria segui caminhando nas nuvens, para tentar ver além do horizonte.

Mar do Sertão

” Lá no velho Chico, existe a simplicidade diante de anos e anos de existência, fazendo parte de uma natureza aconchegante, onde almas saudosas se lavam nessas águas claras…

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É lá onde o silencio perpetua harmonizando canções ocultas que só os anjos daquele lugar se beneficiam ao escutar…

É o mar dos sertanejos, onde algumas palavras de sabedoria já foram ditas e ouvidas por anjos sem maldades e malícias. “

Maria José de Araújo