Lua de Sangue

Desci na terra para capturar a Lua de Sangue.

Com o tripé a postos, engatilhei a máquina em direção ao firmamento. Vi nuvens brincando ao vento. Olhava com espanto como se fosse a primeira vez.

Noite de lobos que não uivam. Ela chegara preguiçosa. Pintada de laranja.

Espreito a imensidão do cosmos. Silêncio. Minha alma se acalma, se dispersa na vastidão da noite sem fim. Admiro aquilo tudo.

A Terra a esconde por completo em sua sombra. Fica tímida.

Resta um facho de luz, muito reluzente, que se esvai aos poucos.

Vida a Lua de Sangue! Enorme, escarlate e perfeita. Sem pudor, nua na penumbra. Uma viajante apressada. 

Novamente toda cheia de graça e radiante no céu noturno. 

Sem devaneio, cedo ao frio da madrugada. Meus olhos navegam à deriva. Minha hora chegou. Ascendo para adormecer.