Sob o brilho prateado da lua, uma velha coruja pousa em um tronco retorcido, suas penas parecem tecer a própria noite. Aos seus pés, repousa um par de botas desgastadas, com a vegetação da mata habitando o couro surrado.
“Já fui como você,” disse a coruja, com olhos como espelho das estrelas. “Essas botas carregaram sonhos e dúvidas, passos errados e caminhos iluminados. Aprendi que não é a voo percorrido que importa, mas o que você aprende enquanto voa.”
A coruja bateu as asas suavemente, como um abraço no vento. “Mudanças chegam como o amanhecer: inevitáveis e sempre novas. Cabe a você acolhê-las com a sabedoria de quem observa, ou resistir, como uma árvore lutando contra a tempestade.”
Então o vento soprou, levantando folhas secas e histórias adormecidas. A coruja inclinou a cabeça e, com um último olhar, alçou voo, deixando as velhas botas como um lembrete: a jornada nunca termina, apenas muda de plano.

